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Inflação deve esfriar atuação do BC no câmbio

Segundo pesquisa, o dólar deve cair gradativamente, indo a 1,85 real em julho, segundo a pesquisa

O dólar fechou a 1,9247 real em 2 de maio, maior nível desde julho de 2009 (AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 3 de maio de 2012 às 12h22.

São Paulo - O dólar deve voltar a cair ainda neste ano, com a expectativa de alta na inflação diminuindo o espaço do Banco Central para pressionar por uma taxa de câmbio desvalorizada e mais favorável às exportações, mostrou uma pesquisa da Reuters com analistas.

Após o BC comprar mais de 18 bilhões de dólares neste ano para limitar a valorização do real, o governo provavelmente terá que permitir uma flutuação mais livre da moeda norte-americana já que os preços, alimentados pela recuperação da economia e pelos juros baixos, afastarão-se do centro da meta oficial de inflação de 4,5 por cento pelo IPCA. O Brasil, em uma tentativa de proteger sua indústria, tem sido um dos maiores defensores de intervenções no mercado para se proteger do que chama de "guerra cambial" -combatendo os efeitos colaterais da injeção trilionária de recursos na Europa e nos Estados Unidos contra a crise econômica. "A gente está tendo uma inflação abaixo do esperado, mas a expectativa é que isso não dure muito tempo. A inflação não deve convergir para a meta nesse ano", disse o economista da Tendências Consultoria Bruno Lavieri. "Alimentar uma desvalorização a 2 reais por dólar seria muito prejudicial para a inflação." O dólar deve chegar ao final do mês a 1,88 real, de acordo com a mediana das previsões de 24 analistas consultados.

A partir de então, a moeda deve cair gradativamente, indo a 1,85 real em julho, segundo a pesquisa. Após desabar nos primeiros dois meses do ano, o dólar reverteu o rumo com a intervenção agressiva do BC e fechou a 1,9247 real em 2 de maio, maior nível desde julho de 2009. Em fevereiro, quando o dólar era cotado pouco acima de 1,70, uma pesquisa semelhante mostrou que a taxa de câmbio era prevista a 1,75 real ao fim de 12 meses. Embora os preços ao consumidor no Brasil tenham desacelerado das máximas em seis anos atingidas no segundo semestre do ano passado, a inflação deve ganhar força ao longo de 2012 para fechar o ano a 5,3 por cento, acima do centro da meta, de acordo com outra pesquisa da Reuters publicada em meados de abril.

Entretanto, essa não é uma opinião unânime. Alguns analistas afirmam que o BC pode tolerar uma inflação mais alta para estimular o crescimento. "O Banco Central não parece se preocupar (com a inflação).

Se você olhar para as expectativas, a curva tem subido, e eles continuam a cortar os juros", disse o estrategista-sênior de câmbio do Scotiabank Eduardo Suarez. "Está muito difícil de entrar e vender dólares. É como se os investidores estivessem tentando segurar uma faca caindo." Além de reduzir a Selic a 9 por cento ao ano, perto das mínimas históricas, o governo brasileiro tem visto as intervenções cambiais como peça-chave na estratégia para estimular a indústria local. As fábricas brasileiras têm reclamado que a taxa de câmbio valorizada torna os produtos brasileiros menos competitivos e abre a porta para uma enxurrada de importações baratas. As importações atingiram um novo recorde de alta em abril, enquanto as exportações desabaram do mês anterior, de acordo com dados do governo.

Nesta quinta, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou ainda que a produção industrial brasileira caiu 0,5 por cento em março frente a fevereiro, pior que o esperado.

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São Paulo - O dólar deve voltar a cair ainda neste ano, com a expectativa de alta na inflação diminuindo o espaço do Banco Central para pressionar por uma taxa de câmbio desvalorizada e mais favorável às exportações, mostrou uma pesquisa da Reuters com analistas.

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A partir de então, a moeda deve cair gradativamente, indo a 1,85 real em julho, segundo a pesquisa. Após desabar nos primeiros dois meses do ano, o dólar reverteu o rumo com a intervenção agressiva do BC e fechou a 1,9247 real em 2 de maio, maior nível desde julho de 2009. Em fevereiro, quando o dólar era cotado pouco acima de 1,70, uma pesquisa semelhante mostrou que a taxa de câmbio era prevista a 1,75 real ao fim de 12 meses. Embora os preços ao consumidor no Brasil tenham desacelerado das máximas em seis anos atingidas no segundo semestre do ano passado, a inflação deve ganhar força ao longo de 2012 para fechar o ano a 5,3 por cento, acima do centro da meta, de acordo com outra pesquisa da Reuters publicada em meados de abril.

Entretanto, essa não é uma opinião unânime. Alguns analistas afirmam que o BC pode tolerar uma inflação mais alta para estimular o crescimento. "O Banco Central não parece se preocupar (com a inflação).

Se você olhar para as expectativas, a curva tem subido, e eles continuam a cortar os juros", disse o estrategista-sênior de câmbio do Scotiabank Eduardo Suarez. "Está muito difícil de entrar e vender dólares. É como se os investidores estivessem tentando segurar uma faca caindo." Além de reduzir a Selic a 9 por cento ao ano, perto das mínimas históricas, o governo brasileiro tem visto as intervenções cambiais como peça-chave na estratégia para estimular a indústria local. As fábricas brasileiras têm reclamado que a taxa de câmbio valorizada torna os produtos brasileiros menos competitivos e abre a porta para uma enxurrada de importações baratas. As importações atingiram um novo recorde de alta em abril, enquanto as exportações desabaram do mês anterior, de acordo com dados do governo.

Nesta quinta, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou ainda que a produção industrial brasileira caiu 0,5 por cento em março frente a fevereiro, pior que o esperado.

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