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Índice de ADRs brasileiros cai 1,7% e Eletrobras afunda 12% em NY

ADRs da estatal caíram após pedido de renúncia do CEO da empresa, Wilson Ferreira Junior; para o mercado, saída está vinculada a resistências no governo para privatização da elétrica

Traders work on the floor of the New York Stock Exchange (NYSE) in New York, U.S., on Wednesday, April 25, 2018. Amazon.com Inc. and Google parent Alphabet Inc. won't trade for the rest of the day at the New York Stock Exchange, which is not a scary prospect because they're listed by Nasdaq Inc. and seem to be trading just fine there and on other markets. Photographer: Michael Nagle/Bloomberg via Getty Images (Michael Nagle/Bloomberg via/Getty Images)

Traders work on the floor of the New York Stock Exchange (NYSE) in New York, U.S., on Wednesday, April 25, 2018. Amazon.com Inc. and Google parent Alphabet Inc. won't trade for the rest of the day at the New York Stock Exchange, which is not a scary prospect because they're listed by Nasdaq Inc. and seem to be trading just fine there and on other markets. Photographer: Michael Nagle/Bloomberg via Getty Images (Michael Nagle/Bloomberg via/Getty Images)

PB

Paula Barra

Publicado em 25 de janeiro de 2021 às 13h20.

Última atualização em 25 de janeiro de 2021 às 18h19.

Em dia de feriado em São Paulo, que mantém a B3 fechada, o índice que acompanha as 20 ações de empresas brasileiras mais negociadas em Nova York, o Dow Jones Brazil Titans 20 Index (BR20), recuou 1,73% nesta segunda-feira, 25, para 17.684 pontos, enquanto os principais índices acionários americanos encerraram em direções opostas.

No Brasil, o destaque ficou com os American Depositary Receipts (ADRs) da Eletrobras (ELET3; ELET6), que afundaram após renúncia do CEO da companhia, Wilson Ferreira Junior, conforme fato relevante divulgado ontem pela empresa.

Os ADRs EBR, que corresponde aos papéis ordinários da estatal, caíram 8,10%, enquanto o EBR.B, representativos dos papéis preferenciais, registraram baixa de 11,76%.

A saída de Ferreira acentua os temores de investidores com o abandono, na prática — embora ainda não no discurso oficial –, da agenda liberal e de privatização do governo de Jair Bolsonaro.

O executivo, que alegou razões pessoais para a saída, fica no comando da empresa até o dia 5 de março. Na sequência, parte para uma nova empreitada à frente da BR Distribuidora, que anunciou nesta tarde sua contratação como CEO, em substituição a Rafael Grisolia.  Não há por ora um sucessor anunciado para Ferreira Junior na Eletrobras. 

Na semana passada, as ações da companhia caíram cerca de 11%, liderando as perdas do Ibovespa no período, em meio a dúvidas sobre a permanência do executivo no cargo após declaração do candidato à presidência do Senado, Rodrigo Pacheco, de que a privatização da elétrica não era prioridade. Wilson Ferreira Junior, que assumiu o comando da Eletrobras em 2016, tinha como missão reestruturar a companhia, sanear as finanças e prepará-la para a privatização.

Adicionando ainda mais pressão aos papéis da estatal, no fim de semana, a coluna de Lauro Jardim, no jornal O Globo, informou que a companhia terá que pagar uma dívida de 1,3 bilhão de reais à Gerdau (GGBR4) após perder uma disputa no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, iniciada há 31 anos. A elétrica foi condenada por uma dívida do empréstimo compulsório, que tem que ser devolvido.

Em fato relevante divulgado na sequência da notícia, a companhia informou que prosseguirá na discussão judicial, por meio da interposição dos recursos cabíveis, e que ainda não foi intimada para efetuar o pagamento do valor em discussão. "A companhia adotará providências necessárias a buscar o pleno acolhimento de suas pretensões e a correção, por meio de sua redução, dos valores ora executados", diz o documento.

Outras estatais recuam 

No mesmo sentido, outros ADRs relevantes de estatais brasileiras também registraram queda nesta sessão. No setor elétrico, os ADRs da Cemig (CMIG4) caíram 6,58%.

Já os ativos PBR da Petrobras (PETR3; PETR4), que representam as ações ordinárias, recuaram 0,93%, enquanto os PBR.A, que equivalem aos papéis preferenciais, se desvalorizaram 0,66%. O movimento ocorreu na contramão dos preços do petróleo no exterior.

Os contratos do petróleo Brent, usado como referência pela petroleira, subiram 0,74%, para 55,82 dólares o barril, com investidores avaliando os impactos de restrições na oferta após o Iraque prometer cortar produção da commodity em janeiro e fevereiro e a Líbia suspender algumas exportações depois de uma disputa salarial, embora preocupações com a demanda provocadas por restrições mais severas em países europeus para tentar contar a pandemia tenham limitado os ganhos.

Por sua vez, no setor financeiro, os ativos de Banco do Brasil (BBAS3), que vinham de uma forte sequência de perdas na Bolsa, registraram queda mais amena de 0,30%. No mesmo setor, os ADRs de Itaú, Bradesco e Santander apresentaram baixas de 2,79%, 2,18% e 1,89%, respectivamente.

Wall Street no vermelho

Nos Estados Unidos, os principais índices fecharam em direções opostas, com investidores à espera da divulgação de resultados de importantes empresas por lá nesta semana, incluindo as grandes de tecnologia.

O S&P 500 e Nasdaq registraram ganhos de 0,36% e 0,69%, respectivamente, enquanto o Dow Jones mostrou baixa de 0,12%.

Nesta semana, 13 empresas do Dow Jones e 111 do S&P 500 reportam seus balanços. Entre elas, Apple, Microsoft, Tesla, McDonald's, Caterpillar e Boeing.

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