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Ibovespa volta para os 112 mil e fecha em menor pontuação do ano

Incertezas sobre impacto do coronavírus deixa investidor defensivo e prejudica negócios na Bolsa

Bolsa: Ibovespa cai 1,05%, volta aos 112 mil pontos e fecha no vermelho pelo terceiro dia consecutivo (Patricia Monteiro/Bloomberg)

Bolsa: Ibovespa cai 1,05%, volta aos 112 mil pontos e fecha no vermelho pelo terceiro dia consecutivo (Patricia Monteiro/Bloomberg)

GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 10 de fevereiro de 2020 às 18h33.

Última atualização em 10 de fevereiro de 2020 às 19h24.

São Paulo - Nem mesmo as projeções mais pessimistas previam um início de ano tão desafiador para o mercado de ações. Em mais um dia de perdas, o Ibovespa recuou 1,05% nesta segunda-feira (10) e fechou em 112.570,30 pontos – o menor patamar desde 13 de dezembro de 2019.

A queda foi pressionada pela preocupação sobre a disseminação do coronavírus, tendo no radar notícias que indicam que o período de incubação poderia ser maior do que 14 dias – como se acreditava. Com isso, prorroga-se a data para saber se o risco de epidemia foi controlado, já que o número de infectados tende a continuar subindo.

Até este domingo (9), foram registrados 40.171 casos de infecção e 910 mortes. Nesta segunda, alguns trabalhadores chineses retornaram aos trabalhos após a paralisação que se prolongava desde o feriado de Ano Novo Lunar. No entanto, algumas empresas, como a gigante Alibaba, estenderam a folga por mais uma semana.

“Fica agora a incerteza e a apreensão sobre o que vai acontecer com a atividade chinesa e qual vai ser o impacto disso na economia brasileira”, disse Pablo Spyer, diretor de operações da Mirae Asset.

Segundo Pablo, essa incerteza tem deixado os investidores mais defensivos. “Há um movimento global de aversão ao risco onde todos compram os títulos americanos de 10 anos”. Com o rendimento inversamente proporcional à demanda, o ativo acumula desvalorização de 14,36% desde o último dia 20.

Apesar da preocupação afligir investidores do mundo todo, as principais bolsas tiveram dia misto, com mercado chinês e algumas praças europeias fechando no positivo. Nos Estados Unidos, o S&P 500 e o Nasdaq Composite fecharam em níveis recordes.

“Na quinta-feira (6), houve a impressão de que o impacto [do coronavírus] seria bem maior para países emergentes, hoje a preocupação segue no radar”, comentou Spyer.

Por aqui, a maior queda do Ibovespa ficou com os papéis da IRB Brasil, que caíram 16,49%, após Squadra Investimentos reiterar em nova carta a posição vendida no ativo. A gestora carioca afirma que, nos balanços da resseguradora, há “indícios que apontam lucros normalizados (recorrentes) significativamente inferiores aos lucros contábeis”, resultando em uma “grande disparidade entre o preço e o valor nas ações”.

Com o risco de o coronavírus ter impacto no setor de viagens, os papéis da CVC recuaram 6,03%. A agência de turismo, que oferece pacotes para a China - epicentro da doença – acumula queda de 24,91% no ano.

Com maior dependência do país asiático, as siderúrgicas também tiveram um pregão negativo nesta segunda. Com maior peso no Ibovespa, as ações da Vale caíram 3,67%. Gerdau, CSN e Usiminas recuaram 1,58%, 4,4% e 3,43%, respectivamente.

Entre os ativos com maior participação no índice, os papeis dos grandes bancos impediram uma queda ainda mais acentuada. Com divulgação do resultado do último trimestre de 2019 prevista para esta noite (10), os papéis do Itaú subiram 1,69%. Já as ações do Bradesco subiram 0,54% e as do Banco do Brasil caíram 0,99%.

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