Ibovespa volta aos 105 mil pontos e tem melhor semana em seis meses
Índice resiste a tom negativo de Wall Street e fecha no azul; Méliuz dispara 31%
Beatriz Quesada
Publicado em 3 de dezembro de 2021 às 18h25.
Última atualização em 3 de dezembro de 2021 às 18h52.
O Ibovespa perdeu força na última hora de pregão, mas ainda encerrou esta sexta-feira, 3, em alta de 0,58%, aos 105.069 pontos. O índice continuou refletindo a aprovação da PEC dos Precatórios no Senado, estendendo os ganhos do último pregão quando registrou sua maior alta do ano, subindo 3,66%.
Na máxima de hoje, o Ibovespa chegou perto de recuperar a marca dos 107.000 pontos, subindo em torno de 2%. Porém, o movimento arrefeceu com a virada para o negativo das bolsas americanas.
Por lá, os índices recuaram após a divulgação de dados mistos na economia. O payroll revelou a criação de 210.000 empregos não agrícolas em novembro, menos da metade dos 550.000 projetados pelo mercado. Por outro lado, houve queda na taxa de desemprego, para 4,2%, ante consenso de 4,5%.
No saldo geral, o diagnóstico foi positivo para o mercado de trabalho, o que deve manter o Federal Reserve (Fed, banco central americano) na trajetória de acelerar a retirada de estímulos ainda este ano. “Entendemos que este resultado negativo do payroll não deve reverter a discussão de aceleração do tapering na reunião de dezembro”, comentam os analistas do BTG Pactual digital.
A maior queda do dia ficou com o índice de tecnologia Nasdaq, que caiu 1,92%. Já o S&P 500 e o Dow Jones registraram quedas de 0,84% e 0,17%, respectivamente. O movimento no exterior também impactou o câmbio, com o dólar subindo a 5,68 reais.
Destaques da bolsa
O dia foi marcado pelo alívio — ainda que temporário — sobre as ações ligadas à tecnologia e ao varejo, que foram as mais penalizadas nos últimos meses. Foi o caso da Locaweb (LWSA3) e do Grupo Soma (SOMA3), que subiram 8,6% e 6,48%, respectivamente.
Mas, quem liderou as altas do Ibovespa foram as ações da Méliuz (CASH3), que disparam 31,03%. Além do contexto favorável, a fintech ainda apresentou na última noite um dado de volume bruto de mercado, um GMV, recorde de 923 milhões de reais durante o período da Black Friday. O crescimento foi de 87% em relação ao ano passado.
Também estiveram no radar os dados da produção industrial brasileira, que saíram abaixo do consenso, mostrando contração de 0,6% ante expectativa de alta de 0,5%. Na comparação anual, a produção industrial despencou 7,8% em relação ao mesmo período do ano passado. Apesar dos dados negativos, os efeitos na bolsa são limitados.
Em dia marcado pelo apetite ao risco, os frigoríficos Marfrig (MRFG3) e JBS (JBSS3) lideraram as perdas do índice, caindo 5,74% e 4,84%, respectivamente. As duas ações foram rebaixadas de compra para neutra na avaliação do Bradesco BBI com a queda das margens dessas empresas no mercado americano.
Já as ações ligadas ao minério de ferro passaram por um dia de correção após recentes altas. A Vale (VALE3) caiu 2,2% depois de subir mais de 4% na véspera. Já a siderúrgica CSN (CSNA3) recuou 1,23% depois de ter disparado 9,17% ontem.