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Ibovespa tem 3º dia seguido de queda após BC elevar juros; Ambev dispara

Resultados corporativos dão o tom positivo no mercado internacional, enquanto investidores brasileiros avaliam possíveis efeito da alta da Selic na atividade econômica

Painel de cotações na B3 | Foto: Germano Lüders/EXAME (Germano Lüders/Exame)
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Guilherme Guilherme

Publicado em 28 de outubro de 2021 às 17h28.

Última atualização em 28 de outubro de 2021 às 17h42.

O Ibovespa fechou o volátil pregão desta quinta-feira, 28, em queda, recuando 0,62%, aos 105.705 pontos. O índice chegou a ter algum alívio ao longo do dia com o cenário internacional positivo e a temporada de balanços no Brasil, mas o tom negativo da nova alta de juros no país foi o que se sobrepôs.

Na última noite, o Comitê de Política Monetária ( Copom ) do Banco Central elevou a taxa básica de juro em 150 pontos-base (bps), com a Selic passando de 6,25% para 7,75% ao ano. A alta do juro representou uma aceleração no ritmo do ciclo de ajustes, que vinha sendo de 100 em 100 bps.

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Para a próxima reunião foi sinalizado um novo ajuste de “mesma magnitude”, ou seja, de novos 150 bps, levando a Selic para 9,25% ao ano. Após a decisão, o Ibovespa recuou, com investidores reajustando suas projeções para um aperto monetário mais duro.

"O comunicado apontou que a Selic vai 'para território ainda mais contracionista', a dúvida é qual será esse território. Para 2022, ainda estamos digerindo a decisão, mas parece que 11,5% é uma taxa razoável para o ano que vem", diz Leonardo Paiva, economista do BTG Pactual Digital em Abertura de Mercado desta quinta-feira.

Embora visto como necessário por parte do mercado, a alta de juros tende a arrefecer o nível da atividade econômica local, pressionando, principalmente, empresas de consumo cíclico.

E apesar do BC mais contracionista, que costuma favorecer a entrada de dólares no país, o dólar comercial voltou a subir forte ante o real. A moeda avançou 1,26%, a 5,625 reais, com a alta na Selic sendo vista por parte do mercado como insuficiente diante dos persistentes riscos fiscais e inflacionários do Brasil.

Nos Estados Unidos, os principais índices de ações subiram embalados pela agenda de resultados, mesmo após o PIB americano do terceiro trimestre, divulgado nesta manhã, ter saído abaixo das expectativas. No período, a economia americana cresceu 2% ante as estimativas de expansão de 2,7%. Por outro lado, os pedidos de seguro desemprego renovaram a mínima desde o início da pandemia, ficando em 282.000, abaixo dos 290.000 previstos.

Destaques de ações

Na bolsa, a agenda de resultados impulsionou as ações da Ambev (ABEV3), que subiram 9,72%, após a empresa surpreender no balanço do terceiro trimestre. Enquanto analistas esperavam por uma queda do volume de vendas no Brasil, a empresa aumentou em 7,5%. No início do pregão, a alta dos papéis chegou a superar 10%.

Em relatório sobre o resultado, analistas do BTG classificaram o crescimento como "impressionante" e o resultado como "excepcional", embora tenham mantido cautela sobre o nível de margem, que caiu em relação ao mesmo trimestre de 2020.

Além da Ambev, as ações da Multiplan (MULT3) e Telefônica (VIVT3) avançaram 1,77% e 0,92%, respectivamente, na esteira de seus resultados.

Em balanço divulgado na última noite, a administradora de shoppings apresentou números melhores acima das expectativas, com lucro líquido de 99,4 milhões de reais, cerca de 6 milhões superior do trimestre anterior, mas bem abaixo dos 810 milhões de reais do terceiro trimestre de 2020, quando o resultado sofreu impactos dos efeitos extraordinários de venda de imóveis. Já a Telefônica, que também anunciou uma parceria com a Ânima Educação (ANIM3), aumentou seu lucro líquido em 8,5% na comparação anual para 1,315 bilhão de reais.

Entre as maiores altas ainda estiveram os papéis da BRF (BRFS3), que subiram 6,56%, descolada de outras ações do setor de frigoríficos.

Na ponta negativa, estão ações de empresas ligadas ao consumo, como Americanas (AMER3) e Lojas Americanas (LAME4) que caíram 8,6% e 7,41%, respectivamente.

"Alguns setores tendem a sofrer um pouco mais com a alta de juros, como o varejo e o imobiliário. Ao mesmo tempo, os bancos podem se beneficiar desse movimento", diz Paiva. Entre as construtoras, a Cyrela (CYRE3) liderou as perdas, recuando 5,26%.

Também entre as maiores quedas, a PetroRio (PRIO3) recuou 7,26%, corrigindo parte dos ganhos dos últimos pregões e acompanhando a leve queda nos preços do petróleo.

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