Ibovespa sobe 2% e retoma os 120 mil pontos puxado por Vale
Alta do minério de ferro e fala de Arthur Lira sobre precatórios impulsionam ganhos na bolsa; dólar cai 2%
Guilherme Guilherme
Publicado em 24 de agosto de 2021 às 10h32.
Última atualização em 24 de agosto de 2021 às 16h24.
O Ibovespa tem forte alta nesta terça-feira, 24, puxado por alta do setor de commodities e alívio fiscal, após o presidente da Câmara, Arthur Lira, se mostrar contrário a deixar as despesas com precatórios fora do teto de gastos. Às 16h15, o principal índice da B3 subia 2,47% para 120.376 pontos.
A maior contribuição para o Ibovespa vem das ações da Vale (VALE3). Com a maior participação no índice, os papéis da mineradora têm valorização de 4,13%, impulsionados pela alta de 6% do minério de ferro na bolsa de Dalian, na China. A apreciação do metal, que ocorreu em meio à diminuição das preocupações sobre o novo surto de covid-19 na Ásia, também favorece ações de siderúrgicas, que chegam a subir mais de 5%.
Com a expectativa de maior vacinação nos Estados Unidos, após a agência reguladora FDA aprovar por completo a vacina da Pfizer, investidores também aumentam posição em ações de empresas ligadas ao turismo, estendendo altas pelo segundo pregão seguido. A GOL (GOLL4), que havia ficado para trás no último pregão, figura entre os maiores ganhos do Ibovespa, subindo 9,99%. Embraer (EMBR3), Azul (AZUL4) e CVC (CVCB3) sobem 8,32%, 7,51% e 6,09%, respectivamente.
Nos Estados Unidos, a aprovação concedida pela FDA segue motivando novas altas, com os principais índices do país a caminho de novos recordes. Na última sessão, o S&P 500 e o Nasdaq bateram máximas históricas, sem que o Ibovespa acompanhasse o movimento, pressionado por riscos políticos e fiscais.
As preocupações internas seguem no radar, em especial o andamento da PEC dos Precatórios e as tensões entre Planalto e Supremo Tribunal Federal. Mas investidores dão um dia de trégua, após o Ibovespa ter batido 4,5% de queda em 11 pregões, sem acompanhar o momento positivo no exterior. Com o maior apetite por risco, o dólar é negociado em queda de 2,32%, a 5,257 reais. Entre as moedas mais negociadas, o real se destaca com o melhor desempenho do dia.
Investidores também aproveitam a melhora do cenário local para buscarem ações que estiveram entre as maiores quedas dos últimos dias. Quem se beneficia desse movimento são as ações da Lojas Americanas (LAME4), que disparam 12%, após tocarem 50% de queda neste ano. Fora do Ibovespa, os papéis da Enjoei (ENJU3) sobem 14,63%, mas ainda acumulam perdas de 47% desde sua oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês), realizada em novembro do ano passado.
Construtoras, que vinham sofrendo com a abertura da curva de juros, hoje são destaque de alta, com a Cyrela (CYRE3) subindo 11,67%. Even (EVEN3) sobe 9,44%, EzTec (EZTC3), 10,17% e Trisul (TRIS3), 4,93%.
Já a Cosan (CSAN3) sobe 1,72%, com investidores reagindo ao anúncio de entrada no setor de mineração por meio de uma joint venture com a Aura Mineral (AURA33). A operação envolve a compra de um terminal portuário no Maranhão para escoar o minério de ferro que deve ser extraído da região de Carajás, onde também atua a Vale.
No mercado a operação ensejou dúvidas, embora tenham considerado pontos positivos no projeto. Analistas do Itaú BBA alegaram falta de detalhes sobre o projeto, mas consideraram positiva a aquisição do terminal de São Luis, que "tem alto valor estratégico devido ao seu acesso direto à Estrada de Ferro Carajás (EFC)."
Das mais de 80 ações do Ibovespa, menos de 10 são negociadas em queda. O destaque da ponta negativa é JBS (JBSS3), que recua 2,96%. A exportadora é impactada pela queda do dólar.
A redução da percepção de risco fiscal também gera impactos positivos na curva de juros, com os juros futuros de 5 anos caindo mais de 2% saindo e da marca de dois dígitos, a 9,81% para 2026.