Ibovespa fecha em queda puxado por exportadoras; varejistas de moda sobem
Desentendimento sobre valor do auxílio emergencial em "Big Bang" de Guedes aumenta temor dos investidores sobre descontrole fiscal no país
Guilherme Guilherme
Publicado em 25 de agosto de 2020 às 17h00.
Última atualização em 25 de agosto de 2020 às 17h42.
A bolsa brasileira se descolou do cenário externo positivo e fechou em queda nesta terça-feira, 25. No radar dos investidores esteve o temor sobre a condução fiscal do país. O Ibovespa, principal índice da B3, caiu 0,18% e encerrou em 102.117,64 pontos.
A preocupação tem relação com o adiamento da apresentação do pacote do ministro da Economia, Paulo Guedes, o “Big Bang” por desentendimento sore o valor do auxílio emergencial De acordo com a Folha de S. Paulo, o presidente Jair Bolsonaro queria que o valor do auxílio fosse de 300 reais, e Guedes, de 247 reais. “Existe a chance de vir um valor maior do que cabe no orçamento de 2021”, comenta Régis Chinchila, analista da Terra Investimentos.
Apesar da maior cautela, pela manhã, o índice abriu em alta, acompanhando o exterior, após a reafirmação do compromisso sobre a fase 1 do acordo comercial entre China e Estados Unidos. Segundo com a secretaria de Comércio dos EUA, os dois países estão “comprometidos em adotar medidas necessárias para garantir o sucesso do acordo”.
A nova sinalização de que o acordo será cumprido esfria a tensão comercial, que vinha ganhando força com ameaças do presidente Donald Trump sobre empresas de tecnologia da China, como a ByteDance, do aplicativo TikTok, e gigante Tencent. Para analistas da Exame Research, a o alívio das tensões foi o principal fator para o tom positivo das bolsas internacionais. O índice americano S&P 500 subiu 0,39% e o Nasdaq, 0,76%.
Destaques
Na bolsa, as ações das principais exportadoras do país - e com grande peso no Ibovespa - caíram, tendo como pano de fundo a desvalorização do dólar, e puxaram o índice para baixo. Entre as maiores quedas da sessão, as ações da JBS recuaram 3,03%, as da Minerva, 2%, e da BRF, 1,85%. Também voltado para o mercado internacional, os papéis da Suzano se desvalorizaram 2%. Já a Vale, que também se beneficia do câmbio valorizado, também sentiu os impactos da queda do minério de ferro e fechou com perda de 2,13%.
No campo positivo, as ações das varejistas de moda tiveram desempenhos fortes, na esteira do resultado da Marisa, encarado como positivo por parte dos analistas. Os papéis da companhia subiram 8,4% e lideraram as altas do Índice Small Caps. No Ibovespa, a liderança ficou com as ações das Lojas Renner, que subiram 4,3%. Hering, C&A e Centauro subiram 3,17%, 4,04% e 6,25%, respectivamente.
Bruno Madruga, sócio da Monte Bravo, também ressalta a valorização de companhias com lojas em shoppings centers, "em virtude das reaberturas". Nessa linha, além das varejistas de moda, Vivara e Burger King tiveram respectivas altas de 4,5% e 6,8%.