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Ibovespa cai com expectativa de Selic mais alta após surpresa com inflação

Prévia do IPCA de outubro supera expectativas e reforça expectativa de postura mais dura na política de juros do Banco Central

Painel de cotações na B3 | Foto: Germano Lüders/EXAME (Germano Lüders/Exame)

Painel de cotações na B3 | Foto: Germano Lüders/EXAME (Germano Lüders/Exame)

GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 26 de outubro de 2021 às 10h26.

Última atualização em 26 de outubro de 2021 às 16h24.

O Ibovespa recua 1,66% para 106.810 pontos, às 16h15 desta terça-feira, 26, com temores sobre a inflação local, após a prévia do Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA-15) de outubro sair acima do esperado

O movimento ocorre na contramão das principais bolsas internacionais, que operam em alta, embaladas por resultados corporativos do terceiro trimestre. O dólar também reage negativamente à piora do cenário econômico local, subindo 0,19%, a 5,566 reais.

Divulgado nesta manhã, o IPCA-15 de outubro bateu 1,20%, acima da alta esperada de 0,97%, elevando o IPCA de 12 meses de 10,05% para 10,34%. Com a inflação mais forte do que a projetada por economistas, investidores reforçam suas apostas para uma Selic mais forte até o fim do ano. Na bolsa, os juros futuros com vencimento em janeiro de 2022 avançam mais de 2%.

O dado foi o último de inflação ao consumidor antes da decisão do Comitê de Política Monetária, que inicia sua reunião nesta terça. A expectativa é de que o Banco Central eleve o ritmo da alta de juros de 1 ponto percentual (p.p.) por ajuste, como sinalizado em sua última ata, para 1,25 p.p. até 1,5 p.p..

"O IPCA -15 apresentou alta mais forte que o esperado. A conjunção de inflação persistente com alteração do regime fiscal (fim do teto dos gastos) irá forçar o Copom a subir a Selic mais fortemente", afirma André Perfeito, economista-chefe da Necton em nota. "Nossa projeção é que a taxa básica suba 1,25 p.p. na reunião desta semana, contudo não acharíamos estranho alta mais forte na Selic, em 1,5 p.p.".

As expectativas de juros e inflação mais fortes têm penalizado, principalmente, as ações de aviação e varejo e ligadas à economia local. Na ponta negativa, os papéis da Azul (AZUL4) caem 7,24%, enquanto CVC (CVCB3) recua 6,87%. Já as Americanas (AMER3) despencam 6,3%, enquanto os papéis da Via (VIIA3) recuam 4,37%, e os da Soma (SOMA3), 6,21%. Também na lista das maiores quedas, as empresas de maquininhas Cielo (CIEL3) e Getnet (GETT11) recuam cerca de 6,07% e 6,9%, respectivamente.

Também entre os mais prejudicados pela alta de juros, o setor de construção civil apresenta duras perdas nesta sessão, com EzTec (EZTC3) caindo 7,19% e Cyrela (CYRE3), 6,04%. A MRV (MRVE3), que tem aumentado sua diversificação regional, ampliando sua frente de vendas nos Estados Unidos, cai 4,5%.

Entre as ações com maior participação no índice, as dos grandes bancos pressionam o movimento de queda, recuando mais de 2%. No setor de commodities, a Vale (VALE3) recua 0,78%, e os papéis da Petrobras (PETR3/PETR4), operam em queda de 0,5%, após liderarem as altas da última sessão, com valorização de 7%. Na véspera, o ministro Paulo Guedes chegou a defender a desestatização da companhia. A Petrobras indagou o governo sobre os estudos que dizem respeito à privatização.

Investidores também reagem aos balanços corporativos. Na ponta do Ibovespa, as ações da EDP (ENBR3) sobem 2,39%, após a empresa ter apresentado lucro de 511 milhões no terceiro trimestre, 20,7% acima do registrado no mesmo período do ano passado.

Já as ações da Ecorodovias (ECOR3) operam em queda de 1,6%, após a divulgação do balanço trimestral. Na última sessão, os papéis da concessionária subiram mais de 5%, com investidores se antecipando à divulgação do resultado, que saiu na noite de ontem.

A Klabin (KLBN11), que reportou lucro de 1,2 bilhão de reais nesta manhã, recua 0,41%, enquanto as ações da Tim (TIMS3) caem 3,01%, após seus números do último trimestre terem frustrado as estimativas de mercado.

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