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Ibovespa recua arrastado por temor de inflação nos EUA; Vale cai 2%

Mercado teme que inflação nos EUA leve entidade monetária a cortar estímulos e subir taxa de juros

| Foto: Germano Lüders/ EXAME (Germano Lüders/Exame)
BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 19 de maio de 2021 às 17h33.

Última atualização em 19 de maio de 2021 às 17h41.

O Ibovespa caiu nesta quarta-feira, 19, à medida que investidores do mundo todo fugiram de ativos de risco com temores de inflação nos Estados Unidos rondando o mercado. O principal índice da B3 caiu 0,28% e fechou o pregão aos 122.636 pontos.

Nos últimos dias, o índice vinha conseguindo driblar o pessimismo externo com a força das commodities, mas ativos como petróleo e minério de ferro também recuaram na sessão de hoje. Como resultado, as duas maiores empresas do Ibovespa, Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3; PETR4), recuaram 2,05%, 0,31% e 0,76%, respectivamente, ajudando a aprofundar as perdas.

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Maiores altas

Maiores quedas

CemigCMIG4

5,07%

CyrelaCYRE3

-4,03%

BRFBRFS3

4,56%

CSNCSNA3

-3,98%

EletrobrasELET3

4,17%

EmbraerEMBR3

-3,23%

No exterior, investidores acompanharam nesta tarde a divulgação da ata do FOMC (comitê de política monetária dos Estados Unidos). O documento indicou que os níveis de atividade e de emprego ainda estão "muito longe" do objetivo traçado pelo Federal Reserve ( Fed, banco central americano).

“A ata veio com um tom bem previsível e o mercado não gostou. O Fed ficou em linha com o que já vinha sendo dito: que há tempo hábil para fazer mudanças na hora correta. O mercado discordou dizendo que o banco central americano está sendo muito complacente com a inflação”, explica Paulo Duarte, economista da Valor Investimentos.

Investidores temem que a aceleração da inflação obrigue o Fed a cortar os estímulos antes do esperado, prejudicando investimentos mais arriscados como ativos de renda variável e bolsas de países emergentes.

Referência para todas as bolsas do mundo, os principais índices americanos recuaram no pregão desta quarta. O Dow Jones caiu 0,48%, o S&P 500 registrou queda de 0,29% e o Nasdaq apresentou leve variação negativa de 0,09%. Já o rendimento de 10 anos dos títulos americanos -- usados como parâmetro para o avanço da inflação no país -- subiu e encerrou o dia em 1,676%.

O outro lado da ata

A ata do Fed também indicou, no entanto, que algumas autoridades da instituição -- pelo menos durante a última reunião entre 27 e 28 de abril -- consideraram reduzir o apoio à política monetária adotada durante a pandemia. Com o primeiro sinal mais claro de discussões a respeito dos estímulos, o dólar se fortaleceu mundialmente e encerrou o dia em valorização de 1,17%, aos 5,316 reais .

Porém, dados de geração de emprego divulgados após a reunião se mostraram fracos, o que deixaria a ata “substancialmente obsoleta", na visão dos economistas do Citi Andrew Hollenhorst e Veronica Clark.Eles ainda esperam que o Fed comece a cortar seu programa de compras de ativos em dezembro, mas ressalvam que isso depende de um "forte relatório de empregos em maio" que mostre pelo menos 750 mil novas vagas abertas.

Inflação no Brasil

No Brasil, a inflação também preocupou. Divulgada nesta manhã, a segunda prévia do IGP-M de maio acelerou de 0,26% na primeira prévia para 3,83%. O número ficou 36% acima das projeções de mercado de 2,81%. O IGP-M acumulado em 12 meses já supera 30%.

André Perfeito, economista-chefe da Necton, chama atenção para a diferença do Índice de Preço ao Consumidor (que tem mais peso no IPCA) e o Índice de Preço ao Produtor (com maior participação no IGP-M). "Este deslocamento sugere que não estão conseguindo repassar a alta dos custos, apontando para a redução das margens de lucro de maneira generalizada. Se isso se confirmar, investimentos podem ser comprometidos", afirma em nota.

Além da inflação, investidores brasileiros seguiram atentos aos desdobramentos da CPI da Covid, que hoje contou com a presença do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello. Em meio às complicações do cenário externo, a CPI, contudo, voltou a ser apenas um tema secundário nas mesas de negociação.

Tombo das criptos

No radar dos investidores, também esteve a forte queda do mercado de criptomoedas, com o Bitcoin recuando 9,07% e a Ethereum (a segunda mais negociada) com desvalorização de 22%. O ETF de criptomoedas HASH11 caiu 12,90%. O motivo de tamanha depreciação se encontra na Ásia. Segundo a AFP, nesta quarta, diversas instituições financeiras da China alertaram que criptomoedas "não são moedas verdadeiras" e falaram sobre os perigos de "especulação".

Com Reuters

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