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Rede D’Or faz follow-on: ação vale a pena?

Empresa tem apresentado forte desempenho operacional, chegando a mais do que triplicar o lucro em um ano; com menos de seis meses de bolsa, seu valor de mercado já supera 140 bilhões de reais

Hospital Vila Nova Star da Rede D'Or | Foto: Germano Lüders/EXAME (Germano Lüders/Exame)

Hospital Vila Nova Star da Rede D'Or | Foto: Germano Lüders/EXAME (Germano Lüders/Exame)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 20 de maio de 2021 às 06h15.

Depois de movimentar 11,4 bilhões de reais em uma das maiores ofertas públicas iniciais (IPOs, na sigla em inglês) história da B3, a Rede D’Or (RDOR3) quer mais. Com uma oferta subsequente (follow-on, em inglês) no radar, a empresa espera levantar mais 1,8 bilhão de reais. Considerando o montante que será destinado aos acionistas que estão vendendo suas ações na oferta, o follow-on poderá movimentar 4,5 bilhões de reais (com base no último preço de fechamento. O dinheiro arrecadado, segundo fato relevante, será usado para turbinar seu projeto de aquisições, para a construção de novos hospitais e expansão dos já existentes. 

Com menos de seis meses na bolsa, a gigante do ramo hospitalar atingiu 142 bilhões de reais de valor de mercado, acumulando de 24,3% de alta. De acordo com os dados mais recentes, sua base de investidores conta com pessoas físicas. Por outro lado, somente os investidores qualificados (com mais de 1 milhão de reais investido ou com comprovante de conhecimento técnico) poderão participar do follow-on. Àqueles que não atendem aos requisitos só restará uma escolha: comprar ou não as ações no mercado à vista. 

Afinal, vale a pena?

Pelos resultados que a empresa vem apresentando, os analistas não teriam dúvida em recomendar a compra de suas ações. Em balanço do primeiro trimestre divulgado nesta semana, a Rede D’Or apresentou forte geração de caixa, com seu Ebitda crescendo 95,3% na comparação anual para 1,330 bilhão de reais. O lucro líquido ficou em 402,4 milhões de reais, 254,6% a mais do que o registrado no primeiro trimestre de 2020

Parte desse crescimento se deve à contínua expansão da cobertura de atendimento. Com planos de aquisição a todo vapor, a companhia aumentou o número de leitos de 7.917 para 9.034 no período de um ano. Somente em 2021, quatro novos hospitais foram adicionados à rede, que já conta com mais de 50. Dois deles, no entanto, não entraram no balanço, já que as operações são recentes e ainda dependem da autorização do CADE. 

Mesmo com o aumento de custos para cobrir o preço das aquisições, a companhia conseguiu ampliar sua margem Ebitda em 6,5 pontos percentuais para 24% no primeiro trimestre. Isso foi possível graças ao aumento de 16,5% do ticket médio e maior taxa de ocupação de leitos, que atingiu 79,5% no trimestre - a maior desde o segundo trimestre de 2019. 

Marcel Zambello, analista da Exame Invest Pro, destacou o resultado como “simplesmente espetacular”, enquanto analistas do Credit Suisse e da Ativa ressaltaram o crescimento “surpreendentemente”. Nenhum deles, no entanto, vê grande espaço de alta para as ações da Rede D’Or. O preço-alvo das ações da Rede D'Or, segundo a Exame Invest Pro, Credit Suisse e Ativa, são de 74, 78 e 76,3 reais, respectivamente - somente pouco acima do valor de fechamento do último pregão, de 71,99 reais.  

Essa não é uma análise isolada. De acordo com levantamento da Refinitv, 10 de 10 especialistas (entre casas de análise, corretoras e gestoras) recomendam ter os papéis da companhia. Contudo, pela mediana das expectativas, as ações devem andar somente até 82 reais, o que representa um potencial de alta (upside) de apenas 13,9% em 12 meses. Pela percepção mais otimista, que crava preço-alvo de 86,6 reais, o upside seria de 20,29%.

O que deve impedir a valorização apesar da parte operacional ir bem, segundo analistas, é o atual nível de preço. De acordo a plataforma de informações financeiras Fundamentus, o múltiplo preço-lucro (P/L) da Rede D’Or está em 206x, enquanto o da NotreDame (GNDI3), também do setor de saúde, está em 98x. O P/L da Rede D’Or supera até o mesmo o da Magazine Luiza (MGLU3), conhecida pelos múltiplos elevados, que está em 198x. 

Dado o bom desempenho operacional e o atual preço das ações da Rede D’Or, Zambello tem recomendação neutra para os papéis. “Seu crescimento já está precificado, o que implica em taxas de retorno menores para o investidor e baixa margem de segurança. Aguardamos correções de mercado e pontos mais atrativos para a compra da ação”, afirma em relatório. 

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