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Ibovespa cai pela quinta semana seguida e iguala marca de março

Confirmação de que presidente americano está com coronavírus provoca fortes perdas em bolsas globais e derruba preço do petróleo

Donald Trump: presidente americano afirma que está com coronavírus e pressiona mercados globais (Alex Brandon-Pool/Getty Images)

Donald Trump: presidente americano afirma que está com coronavírus e pressiona mercados globais (Alex Brandon-Pool/Getty Images)

GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 2 de outubro de 2020 às 10h27.

Última atualização em 2 de outubro de 2020 às 17h21.

O Ibovespa, principal índice de ações da B3, caiu de 1,53% nesta sexta-feira, 2, e encerrou em 94.015,68 pontos estendendo as perdas semanais para a quinta consecutiva. A última vez que isso ocorreu foi no mês de março, quando a bolsa despencou 40% em cinco semanas, antes de começar o movimento de recuperação. Neste pregão, a queda foi influenciada pelo cenário externo negativo, com confirmação de que presidente Donald Trump está com coronavírus.

Trump com covid

No mercado, os impactos da doença de Trump foram sentidos desde a publicação da informação no Twitter do presidente, ainda de madrugada. Com isso, os mercados asiáticos fecharam em queda, enquanto os índices americanos S&P 500 e Nasdaq caíram 0,95% e 2,22%. Para analistas da Exame Research, a falta de clareza sobre o impactos da doença nas eleições americanas elevam a percepção de risco d desencadeia uma onda de cautela no mercado.

Henrique Esteter, analista da Guide Investimentos, avalia que a doença deve ter efeito negativo sobre a campanha de Trump. Ele aparece atrás do candidato democrata Joe Biden em praticamente todas as pesquisas de intenção de voto, sendo que faltam apenas 32 dias para as eleições. Com ele doente, só restarão 15 dias para ele tentar reverter. O mercado encara isso como negativo, porque quer a vitória de Trump por ele ser mais pró-mercado que o Biden."

Petrobras

Na bolsa, as perdas das ações Petrobras foram as principais responsáveis pelas perdas do Ibovespa. Pressionadas pela desvalorização do barril de petróleo, que chegou a cair mais de 5% em meio as incertezas globais, as ações preferenciais da Petrobras encerraram em queda de 4,18% e as ordinárias, de 3,86%. Nem mesmo a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) favorável à venda de refinarias sem o aval do Congresso foi capaz de reverter o movimento. Do mesmo setor, os papéis da PetroRio caíram 3,55%.

Bancos

Apesar do cenário internacional negativo, as ações dos grandes bancos impediram que o Ibovespa sofresse perdas ainda maiores, com todos eles encerrando no campo positivo - com exceção do Bando do Brasil. "O mercado entendeu que o setor chegou a um patamar muito barato e começou a comprar. Essa recuperação pode estar sendo essa busca por oportunidades", afirma Daniel Herrera, analista da Toro Investimentos.

 Payroll

Foi nesse clima de tensão que foram divulgados os dados oficiais do mercado de trabalho americano, tido como os mais importantes para o mercado financeiro. Apresentado nesta manhã, õ relatório de empregos não-agrícolas (payroll) ficou abaixo do esperado, apontando para a criação de 661.000 empregos nos Estados Unidos ante expectativa de 850.000 novos postos. Por outro lado, o relatório de empregos privados superou as estimativas, ficando em 877.000, o que contribuiu para a redução da taxa de desemprego de americana 8,4% para 7,9%.

Atividade industrial

No Brasil, foram divulgados dados da produção industrial, que vieram abaixo do esperado, apontando para crescimento mensal de 3,2% em agosto ante a expectativa de 3,4% de alta no mês.

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