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Ibovespa fecha em queda, de olho em importante reunião do BC dos EUA

Temor de aperto monetário nos Estados Unidos voltou ao radar e derrubou bolsas globais

Painel de cotações da B3 (Germano Lüders/Exame)

Painel de cotações da B3 (Germano Lüders/Exame)

BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 22 de agosto de 2022 às 10h13.

Última atualização em 22 de agosto de 2022 às 17h57.

O Ibovespa começou a semana em queda, seguindo o sentimento de aversão ao risco que também derrubou as bolsas nos Estados Unidos. O principal índice de ações brasileiro recuou 0,89% nesta segunda-feira, 22, aos 110.500 pontos.

O desempenho do índice acompanhou o clima negativo no exterior, que vem penalizando os índices de Wall Street desde a última semana. Por lá, investidores estão receosos a respeito dos próximos passos do Federal Reserve (Fed, o banco central americano).

A expectativa para esta semana é com a realização do simpósio econômico anual do Fed em Jackson Hole, que começa na quinta-feira, 25, nos Estados Unidos. Jerome Powell, presidente do Fed, discursa na sexta-feira, 26, e sua fala pode fornecer mais pistas sobre o caminho da autoridade monetária na condução dos juros.

Para os analistas do Bank of America (BofA), a expectativa é de sinalização de redução no ritmo das altas para 0,50 ponto percentual – as duas últimas foram de 0,75 ponto percentual (p.p.). 

“[Ainda assim] Powell provavelmente comunicará que uma configuração de política restritiva continua apropriada. Em outras palavras, um ritmo mais lento de altas não significa que o Fed mudou sua visão sobre a taxa terminal apropriada do atual ciclo de alta”, informam os analistas do banco em relatório. A expectativa é que o taxa encerre o ano no intervalo entre 3,5% e 3,75%.

Vale lembrar que, na última semana, as bolsas internacionais engataram tendência de queda após a divulgação da ata da última reunião do Fed, que reacendeu os temores de juros mais altos – a preocupação havia ficado adormecida com o rali de recuperação da temporada de balanços. 

Embora a ata do Federal Reserve tenha deixado os próximos passos em aberto, o mercado entendeu a postura "em cima do muro" como um sinal ruim, especialmente porque a autoridade monetária disse que tudo dependerá do rumo dos dados de inflação.

A pá de cal veio na sexta-feira passada, 18, quando James Bullard, membro do votante do Comitê de Política Monetária do Fed (Fomc) e presidente do Fed de St. Louis, disse, em entrevista, que a inflação americana pode não ter atingido o pico, como sinalizaram dados mais recentes. Bullard foi o mesmo que defendeu um ajuste mais duro no início do ciclo de alta do Fomc, enquanto os outros membros optaram por uma elevação de 0,25 ponto percentual.

Em sequência a uma queda na sexta-feira, os principais índices globais mantiveram a tendência negativa nesta segunda-feira.

  • Dow Jones (Nova York): - 1,91%
  • S&P 500 (Nova York): - 2,14%
  • Nasdaq (Nova York): - 2,55%

O dólar oscilou entre ganhos e perdas ao longo do dia e terminou a sessão estável.

  • Dólar comercial: - 0,03%, a R$ 5,167

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Destaques de ações

Na contramão do dia negativo na bolsa ficaram as ações da Americanas (AMER3), que dispararam mais de 20% e lideraram as altas do dia. A valorização ocorreu após uma importante mudança no comando da varejista.

A companhia comunicou na última sexta-feira, 19, após o fechamento do mercado, que o conselho de administração escolheu Sergio Rial como sucessor do atual presidente, Miguel Gutierrez, a partir de 1º de janeiro de 2023. Esta será a primeira troca no comando da varejista em duas décadas.

Rial, que liderou a operação do Santander Brasil (SANB11) de 2016 a 2021, é atualmente membro do conselho do banco e presidente do conselho de administração da Vibra (VBBR3). Rial não tem experiência no varejo, mas analistas estão vendo com bons olhos sua chegada ao comando da Americanas após uma carreira de sucesso nas companhias anteriores.

Veja também

As ações da Vale, que têm o maior peso na composição do Ibovespa, ajudaram a dar o tom do dia. A mineradora continua a sofrer os efeitos do racionamento de energia na China. O país asiático enfrenta uma intensa onda de calor e seca, e o nível das hidrelétricas chegou a um nível crítico. Com isso, parte da indústria de siderurgia está parada, o que reduziu a demanda pelo minério no mercado global. Nas últimas sessões, a Vale acumula perdas de 3%.

  • Vale (VALE3): - 1,46%.

Com o clima de aversão a risco no exterior e diante das expectativas de juros mais altos nos Estados Unidos, as ações brasileiras ligadas ao consumo doméstico ficaram com os piores desempenhos do dia. Embora os analistas enxerguem o ciclo de juros no Brasil como já finalizado, o aperto monetário no mercado americano afeta o preço dos ativos, especialmente os de maior risco.

  • Petz (PETZ3): - 7,07%;
  • Méliuz (CASH3): - 4,84%;
  • Grupo Soma (SOMA3): - 4,15%.
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