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Ibovespa fecha em leve queda, mas registra 2ª semana de alta

Nasdaq desaba quase 3% e tem pior semana do ano após Netflix desabar mais de 20%

Painel de cotações da B3 | Foto: Germano Lüders/Exame (Germano Lüders/Exame)

Painel de cotações da B3 | Foto: Germano Lüders/Exame (Germano Lüders/Exame)

GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 21 de janeiro de 2022 às 10h35.

Última atualização em 21 de janeiro de 2022 às 23h51.

O Ibovespa operou entre perdas e ganhos durante quase todo o pregão desta sexta-feira, 21, tentando resistir ao cenário externo negativo. Ao final do dia, o principal índice da B3 registrou leve queda de 0,15%, ficando abaixo do patamar dos 109.000 pontos conquistado na véspera.

A queda de hoje, no entanto, não foi suficiente para apagar os ganhos do Ibovespa na semana. O índice avançou 1,8% no acumulado semanal e registrou sua segunda semana consecutiva de ganhos.

No fechamento:

  • Ibovespa: - 0,15%, aos 108.941 pontos;
  • Dólar: + 0,72%, a 5,455 reais.

As bolsas dos Estados Unidos, pelo contrário, enfrentam uma tendência de baixa após dispararem em 2021. Entre os principais índices, o Dow Jones recuou pelo quinto dia seguido, e o S&P 500 e o Nasdaq registraram o quarto dia de perdas. As quedas refletem o temor dos investidores com a elevação na taxa básica de juros americana, estacionada entre zero e 0,25% desde o início da pandemia.

“A queda expressiva nas bolsas dos EUA está muito associada à readaptação da expectativa de queda de juros por lá. O Ibovespa passou pelo movimento só que anteriormente, em torno de setembro e outubro do último ano. O mercado financeiro antecipa o movimento, e isso explica porque a bolsa brasileira sofre menos agora”, afirma Gustavo Cruz, economista e estrategista da RB Investimentos.

O assunto será debatido na próxima semana, na primeira reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed, banco central americano), marcada para os dias 25 e 26 de janeiro. A expectativa, no entanto, é que os juros sejam elevados na reunião de março, que ocorre nos dias 15 e 16.

  • Dow Jones (EUA): - 0,61%
  • S&P 500 (EUA): - 1,89%;
  • Nasdaq (EUA): - 2,72%.

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Os balanços também pesaram negativamente sobre as bolsas americanas. O índice de tecnologia Nasdaq caiu quase 3% nesta sexta e registrou sua pior semana do ano após as ações da Netflix desabarem mais de 20%. O motivo para a derrocada dos papéis foi a divulgação dos números do quarto trimestre de 2021, apresentados na noite passada. O principal ponto negativo do resultado foi a desaceleração do número de novos assinantes.

A companhia adicionou 8,28 milhões de assinantes à sua base no último trimestre, número levemente abaixo do esperado pelo mercado, que previa 8,38 milhões de novos assinantes, segundo dados da Refinitiv.

Na bolsa brasileira, os BDRs da empresa (NFLX34) também fecharam o dia em forte queda de 22,59%.

Destaques de ações

Assim como no pregão da véspera, as maiores beneficiadas do dia são as ações mais associadas à economia doméstica. Ações de varejistas e de empresas de tecnologia, que amargaram duras perdas nos últimos meses, dão continuidade ao movimento de recuperação.

No caso da construtora JHSF (JHSF3), os papéis estendem os fortes ganhos da véspera após a empresa apresentar resultados positivos em sua prévia operacional do 4º trimestre – especialmente no setor de shoppings.

  • JHSF (JHSF3): + 5,80%;
  • Natura (NTCO3): + 4,28%;
  • Locaweb (LWSA3): + 4,17%.

Na semana, o movimento positivo foi influenciado, em parte, por uma declaração do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Em evento realizado pelo Santander na véspera, Campos Neto afirmou que a curva de juros do Brasil mostra estar chegando ao fim do ciclo de alta, o que poderia beneficiar ações locais.

O alívio veio também de declarações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a independência do BC e uma possível aliança com setores mais à direita. Em entrevista coletiva na última quarta-feira, Lula afirmou que não teria "nenhum problema" em compor uma chapa com o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (sem partido) nas eleições presidenciais deste ano. Analistas apontam que acenos mais ao centro dos presidenciáveis podem contribuir para diminuir a volatilidade nos mercados.

A maior parte do movimento de alta na semana, no entanto, foi embalado pelas ações de commodities. A Vale (VALE3), por exemplo, tem surfado na valorização do minério de ferro na China. Nesta sexta, porém, os papéis da mineradora recuam e puxam o índice para baixo após já ter subido quase 9% no ano. As siderúrgicas acompanharam a queda.

  • Usiminas (USIM5): - 4,29%;
  • Gerdau (GGBR4): - 4,09%;
  • Vale (VALE3): - 2,08%.

As petroleiras também registraram forte avanço na semana e hoje perderam força, acompanhando o preço do petróleo que passa por correção após disparar ao maior nível desde 2014 no início da semana. A Petrobras (PETR3/PETR4) foi negociada sem direção em boa parte do dia para depois encerrar em leve alta, enquanto a PetroRio (PRIO3) ficou entre os maiores destaques de queda no dia.

  • Petrobras (PETR3): + 0,35%;
  • Petrobras (PETR4): + 0,16%;
  • PetroRio (PRIO3): - 2,48%.

Ainda na ponta negativa, IRB (IRBR3) se uniu às empresas de commodities entre as maiores quedas do dia. No caso do IRB, as ações reagem à divulgação dos resultados de outubro que, segundo analistas, reforçaram tendências negativas.

“Não vemos mudança relevante na tendência dos resultados recentes, indicando que a empresa está na mesma fase da estratégia CFG [Clean, Fix, Growth – Limpar, Consertar, Crescer, na sigla em inglês] com resultados de subscrição ainda pesando na rentabilidade, mesmo com uma taxa Selic mais alta”, avaliam, em relatório, analistas do Credit Suisse.

  • IRB (IRBR3): - 5,11%.
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