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Ibovespa recua com investidores de olho no cenário fiscal

Possível mudança na PEC dos Precatórios preocupa mercado, afetando câmbio e juros

Painel de cotações na B3 | Foto: Germano Lüders/EXAME (Germano Lüders/Exame)

Painel de cotações na B3 | Foto: Germano Lüders/EXAME (Germano Lüders/Exame)

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Beatriz Quesada

Publicado em 17 de novembro de 2021 às 09h19.

Última atualização em 17 de novembro de 2021 às 15h28.

Após abrir a quarta-feira, 17, em alta de quase 1%, o Ibovespa perdeu força e virou para queda. Às 15h20, o principal índice da B3 recua  1,51%, aos 102.827 pontos, com investidores temerosos com o risco fiscal. Vale lembrar que o dia é marcado pelo vencimento de opções sobre o índice, o que aumenta a volatilidade no mercado.

Na bolsa, o foco volta a ser o cenário interno. Após o governo driblar o teto de gastos para acomodar o pagamento do Auxílio Brasil dentro da PEC dos Precatórios, o objetivo agora é incluir mais um gasto no texto da proposta: o aumento no salário dos servidores federais. 

De olho nas eleições de 2022, o presidente Jair Bolsonaro confirmou ontem que pretende realizar o reajuste com uma parte da folga fiscal gerada pela aprovação da PEC -- que será votada no Senado nesta semana. Segundo o jornal Folha de S.Paulo, o ministro da Economia, Paulo Guedes, cedeu às pressões do presidente e deve trabalhar para incluir o reajuste nas contas.

“Isso renova a preocupação com a questão fiscal porque não se sabe como o País vai pagar essa conta no futuro. A consequência é um investidor mais avesso ao risco, que acaba preferindo investir em dólar e em renda fixa do que olhar para o mundo de ações”, afirmou Jerson Zanlorenzi, responsável pela mesa de renda variável e derivativos do BTG Pactual digital, no programa Abertura de Mercado desta quarta-feira.

Reagindo à piora no cenário local, o dólar comercial caminha para mais um dia de ganhos contra o real, subindo 0,38%, a 5,521 reais.

Os efeitos da manobra também são sentidos na taxa de juros. Para Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, o aceno político aos servidores é uma péssima sinalização e aumenta as apostas de que o Banco Central realize um ajuste ainda mais duro na Selic, subindo a taxa básica de juros em 2 pontos percentuais (ou 200 basis-points) na reunião de dezembro.

“Acreditamos que o juro deverá ter duas elevações de 200 bps nas próximas duas reuniões, com mais uma de 150bps na seguinte, finalizando o ciclo de alta em 13,25%”, afirma Sanchez em nota.

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No exterior, os índices americanos operam em queda, com o temor com a inflação se sobrepondo ao otimismo com a divulgação dos últimos balanços do terceiro trimestre. Na véspera, as vendas do varejo surpreenderam para cima, reforçando o temor de que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) pode adotar uma política monetária mais rígida nos próximos meses. Em Wall Street, o Dow Jones cai 0,42%, o S&P 500 tem queda de 0,24% e o Nasdaq recua 0,37%.

Destaques de ações

Entre os principais destaques negativos da bolsa nesta quarta-feira, estão as ações da Eletrobras (ELET3/ELET6), que recuam 6,69% e 6,03%, respectivamente. 

Os investidores penalizam os papéis após a companhia apresentar seu resultado do terceiro trimestre de 2021, em que o lucro líquido foi 66% menor na comparação anual. O principal problema, no entanto, foi o aumento de quase 9 bilhões de reais em provisões para empréstimos compulsórios -- o valor total das provisões atingiu 9,4 bilhões de reais neste trimestre.

Com a deterioração do cenário fiscal, os papéis de tecnologia, que são prejudicados por taxas de juros mais altas, também sofrem. Os papéis doInter (BIDI11/BIDI4) recuam em torno de 7%, enquanto os do Banco Pan (BPAN4) recuam 5,60%.

Na contramão do setor, os papéis da Méliuz (CASH3) avançam 1,97%, liderando os ganhos do Ibovespa após a divulgação de seus resultados do 3º trimestre. A fintech registrou prejuízo de 2,95 milhões de reais, revertendo lucro de 4,73 milhões de reais apurado no mesmo período do ano passado.

Na visão de analistas, ainda é possível enxergar pontos positivos no papel. “Os números foram um pouco mais fracos do que o consenso estava esperando, mas continuamos com uma visão positiva para a companhia, mesmo sabendo que no curto prazo o aumento da taxa de juros pode acabar se refletindo em perdas para as ações”, afirmou Vitor Melo, analista do BTG Pactual digital, no programa Abertura de Mercado desta quarta-feira.

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