Bolsa fecha em queda e dólar dispara com incertezas em Brasília
Minério de ferro alcança maior preço em cinco meses após flexibilização de medidas restritivas
Beatriz Quesada
Publicado em 27 de dezembro de 2022 às 10h26.
Última atualização em 27 de dezembro de 2022 às 18h19.
O Ibovespa fechou em leve queda nesta terça-feira, 27, e teve seu segundo pregão consecutivo de perdas. O principal índice da B3 reagiu ao aumento das incertezas em Brasília, que, a propósito, também afetou o câmbio. Ao longo do pregão, no entanto, o índice saiu das mínimas apoiado na alta das ações ligadas ao minério de ferro.
Diferente da bolsa, o real não se recuperou, e o dólar comercial intensificou a trajetória de alta, subindo mais de 1% contra o real.
- Ibovespa : - 0,15%, aos 108.578 pontos
- Dólar comercial: + 1,46%, a R$ 5,284
O movimento acompanhou o cenário político. Nesta manhã, o blog de Valdo Cruz, do G1, publicou que o novo governo Lula deve entrar em acordo com o atual Ministério da Economia para prorrogar a isenção de PIS e Cofins sobre combustíveis por mais 30 dias.
A isenção terminaria no final deste ano, o que faria os preços dos combustíveis subirem já no início do mandato do petista. Em caso de reeleição, o presidente Jair Bolsonaro pretendia manter a isenção durante todo o próximo ano.
Caso Lula decida seguir os planos do atual presidente, o rombo seria grande para as contas públicas. “Só no segundo semestre de 2022 foram mais de R$ 50 bilhões pagos pelo governo para manter a isenção. Estamos falando em um gasto similar à PEC da Transição para manter a isenção ao longo de todo o próximo ano, isso joga o Ibovespa para o negativo”, avalia Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos.
Cruz ressalta, no entanto, que a medida já era, de certa forma, esperada, uma vez que nenhum governo deseja iniciar o mandato com uma decisão tão impopular.
Investidores também ficaram no aguardo de novidades na equipe ministerial. A senadora Simone Tebet confirmou para seu partido, o MDB, que irá aceitar a pasta do Planejamento. O ministério deve englobar o Programa de Parcerias e Investimentos (PPI), o que foi bem recebido pelo mercado. Ainda há dúvidas, no entanto, se os bancos públicos devem ficar com Tebet no Planejamento.
"O mercado gosta de um perfil mais técnico como a Tebet, mas houve esse receio de que as medidas da senadora no planejamento dos bancos públicos fugisse um pouco dos planos do Haddad [futuro ministro da Economia]. Essa indefinição sobre a questão dos bancos ajuda o mercado a virar para o negativo hoje”, afirma Charo Alves, especialista da Valor Investimentos.
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No radar, esteve ainda a segurança da posse do presidente eleito. O futuro ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, afirmou, em conjunto com o governador do Distrito Federal Ibaneis Rocha, que está em curso uma desmobilização dos acampamentos de bolsonaristas em frente aos quartéis na capital que deve se intensificar até o dia da posse.
O anúncio foi realizado em coletiva nesta manhã, em um movimento de resposta após uma tentativa de atentado a bomba por parte de um apoiador do presidente Jair Bolsonaro no último sábado, em Brasília.
Maiores altas e quedas do Ibovespa
Na bolsa, Gerdau e Gerdau Metalúrgica ficam entre os destaques de alta do dia acompanhando o desempenho do minério de ferro. A commodity atingiu seu nível mais alto desde o início de agosto com investidores apostando no aumento da demanda com a reversão das restrições da pandemia na China.
Na véspera, aChina disse que não irá mais exigir quarentena dos viajantes que chegam no país a partir do início do próximo ano, em sua mais recente flexibilização na política contra a Covid.
A mineradora Vale, papel com maior participação no Ibovespa, também fechou em alta e ajudou a amenizar a queda do índice.
- Vale ( VALE3 ): + 2,39%
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Na ponta oposta, a possibilidade de novos gastos pressionou a curva de juros que, por sua vez, derrubou as ações mais dependentes da economia local. A CVC liderou as baixas do pregão, com queda superior a 7%.