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Ibovespa fecha em queda pressionado por tensão entre Irã e EUA

Morte de número dois do Irã também teve reflexos em bolsas europeias e asiáticas

Ibovespa: índice não fecha no azul desde ataque que matou general iraniano (Patricia Monteiro/Bloomberg)

Ibovespa: índice não fecha no azul desde ataque que matou general iraniano (Patricia Monteiro/Bloomberg)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 6 de janeiro de 2020 às 18h24.

Última atualização em 6 de janeiro de 2020 às 19h27.

A instabilidade causada pela morte do general iraniano Qassem Soleimani por forças americanas, na última semana, voltou a pressionar o mercado financeiro nesta segunda-feira (6). Pela manhã, o Ibovespa abriu em queda e se manteve em terreno negativo na maior parte do dia e encerrou com desvalorização de 0,7%, em 116.877,92 pontos.

Os efeitos da escalada de tensões tiveram reflexo na maioria das bolsas internacionais, como as europeias e asiáticas, que fecharam em baixa. Porém, o pessimismo não se estendeu para os Estados Unidos, onde os principais índices acionários terminaram o pregão no azul.

Para o economista-chefe da Infinity Investimentos, Jason Vieira, a situação sugere mais cautela do que pânico. “Estamos em um momento de se avaliar muito bem, existe muita coisa em aberto”, disse.

Entre as indefinições estaria uma possível retaliação mais dura por parte dos iranianos. Até agora, o governo de Ali Khamenei  anunciou que não irá mais limitar o nível de enriquecimento de urânio no país - necessário para a fabricação de bombas nucleares. 

Atrás apenas do aiatolá, o general Soleimani era considerado o segundo homem mais influente do Irã e sua morte levou milhares de manifestantes às ruas de Teerã para protestar “morte aos Estados Unidos”.

Após o susto que derrubou ativos de maior risco e elevou o preço do petróleo e do ouro, a situação tem se acalmado - ao menos no mercado financeiro. Além da alta das bolsas americana, nesta segunda, o petróleo encerrou a sequência de apreciação que vinha desde a ofensiva no Irã. Já o VIX, conhecido como “índice do medo” passou de alta de mais de 12% para queda no mesmo dia. O ouro caiu 0,2%.

Segundo Vieira, os investidores ainda estão observando a situação. “É difícil mensurar até quando isso pode escalar. O mercado estaria mais defensivo se [os índices acionários] estivessem caindo mais, mas ainda não estão buscando posição, nem mesmo em hedge”. 

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Ações

Toda essa tensão no Oriente Médio pode exigir mais cuidado por parte dos investidores, mas também tem potencial para favorecer os papéis da Petrobras, de acordo com analistas da Guide Investimentos.

Isso porque uma possível piora da situação política da região pode prejudicar a oferta mundial de petróleo, o que tende a fazer com que o preço do petróleo suba. Nesta segunda, os papéis ordinários e preferenciais da Petrobras subiram 3,25% e 1,18%, respectivamente.

Mas, se a alta do petróleo pode beneficiar a estatal, o mesmo não pode ser dito das companhias aéreas, já que elas têm gastos significativos em combustível. Com isso, os papéis da Gol e da Azul figuraram entre as maiores baixas da sessão, registrando respectivas quedas de 4,6% e 3,1%. 

Porém, foram os papéis da BR Distribuidora que lideraram as baixas do Ibovespa, recuando 5,01%. A desvalorização ocorre após o colunista Lauro Jardim, de O Globo, informar que a Petrobras pretende zerar sua participação na companhia, que é de cerca de 14 bilhões de reais.

Já a maior alta do Ibovespa ficou com as ações da Braskem, que subiram 5,2%, ainda sentindo os efeitos positivos da homologação do acordo de 1,7 milhões de reais para a retirada de 17 mil moradores de áreas que sofreram fissuras em Maceió. 

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