Painel com cotações na bolsa brasileira, a B3 | Foto: Germano Lüders/EXAME (Germano Lüders/Exame)
Beatriz Quesada
Publicado em 25 de outubro de 2021 às 17h25.
Última atualização em 25 de outubro de 2021 às 17h50.
O Ibovespa subiu 2,28% para 108.715 pontos nesta segunda-feira, 25, recuperando parte das perdas da última semana, quando o índice teve o pior desempenho semanal do ano, reagindo à decisão do governo em furar o teto de gastos para custear o Auxílio Brasil. A alta deste pregão foi a maior entre as principais bolsas do mundo. Nos Estados Unidos, o S&P 500 subiu 0,51%, o Dow Jones, 0,18% e o Nasdaq, 0,90%, com investidores otimistas para os resultados das big techs. Nesta semana, Facebook, Google, Microsoft, Apple e Amazon divulgam resultados do terceiro trimestre. O dólar caiu 1,28%, a 5,55 reais.
Com a segunda maior participação do Ibovespa, a Petrobras (PETR3/PETR4) foi a principal responsável pelo movimento positivo. Neste pregão, as ações ordinárias da estatal subiram 6,13% e as preferenciais, 6,84%, com rumores de que o governo pretende privatizá-la. Segundo a CNN Brasil, o presidente Jair Bolsonaro já discute com parlamentares a possibilidade de privatizar a companhia.
Ainda de acordo com a emissora, o governo manteria participação especial em forma de "golden share", permitindo vetar possíveis operações da empresa e mantendo a indicação para o presidente da companhia.
A narrativa foi endossada por Fernando Bezerra, líder do governo no Senado, que disse à Reuters que estuda um projeto de lei que visa a privatização da Petrobras por meio de venda de ações. "Não tem decisão tomada. Existem estudos a respeito", afirmou à agência de notícias.
Segundo ele. primeiro o governo quer avançar com a privatização dos Correios. "Isso entrou no nosso radar. Mas privatizar qualquer empresa não é como alguns pensam, que é pegar a empresa botar na prateleira e amanhã quem der mais leva embora. É uma complicação enorme. Ainda mais quando se fala em combustível."
A sessão também foi marcada pelo início da temporada de balanços no mercado brasileiro. Primeira empresa a reportar resultado, a Hypera (HYPE3) avançou 2,83%, após ter apresentado lucro líquido de 201,6 milhões de reais, em balanço divulgado na última sexta-feira, 22, 42% abaixo do mesmo período do ano passado. Por outro lado, a receita líquida cresceu 50% para 1,63 bilhão de reais, superando o consenso da Bloomberg de 1,57 bilhão de reais.
Já as ações da EcoRodovias (ECOR3) dispararam 5,31%, fechando entre as maiores altas do Ibovespa, com investidores se antecipando à divulgação do balanço, prevista para esta noite. A expectativa, segundo a Bloomberg, é de que a empresa apresente lucro líquido de 78 milhões de reais e receita proforma de 1,11 bilhão de reais.
Papéis que vinham em trajetória de queda também reagiram positivamente à melhora de ambiente na bolsa. As ações da CVC (CVCB3), que amargaram perdas de 15% na última semana, subiram 6,14%, enquanto os papéis do Banco Inter (BIDI11) avançaram 5,18% após recuarem mais de 20% no acumulado da semana passada.
Na ponta negativa, as exportadoras lideraram as perdas do Ibovespa, acompanhando a desvalorização do dólar. Com a pior performance, a Suzano (SUZB3) recuou 2,52%, após ter subido mais de 7% no último pregão, quando investidores buscaram refúgio em moeda americana em meio às preocupações locais. As também exportadoras BRF (BRFS3), Marfrig (MRFG3), Minerva (BEEF3) e JBS (JBSS3), caíram 1,2%, 1,19%, 0,43% e 0,40%, respectivamente.
Apesar do alívio neste pregão, os problemas domésticos seguem como pano de fundo, com o mercado projetando altas mais fortes na taxa básica de juro da economia
A expectativa é que a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que começa amanhã e termina na quarta-feira, traga uma postura mais hawkish — que direcione os juros para patamares mais elevados.
O boletim Focus, divulgado pelo Banco Central nesta segunda-feira mostrou que economistas esperam alta de 1,25 ponto percentual da Selic tanto na semana quanto na última reunião do ano, em dezembro, considerando a mediana das estimativas.
Antes do governo driblar o teto, o consenso no mercado era de uma alta de 1 ponto percentual (p.p.), que levaria a Selic a 7,25% ao ano. Agora, no entanto, muitos já preveem uma reação mais agressiva, com elevação de 1,25 p.p. ou até mesmo de 1,5 p.p. — que poderia levar a Selic para 7,75%.
“Mercado está dividido, mas não resta dúvidas de que o Copom será mais hawkish, trazendo uma decisão mais dura em relação a essa escalada do câmbio e da inflação, seja via próprio aumento dos juros ou via comunicado”, defendeu Jerson Zanlorenzi, responsável pela mesa de renda variável e derivativos do BTG Pactual digital, na Abertura de Mercado desta segunda-feira.
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