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Ibovespa fecha em alta apesar de cautela com atos de 7 de setembro

Pregão foi marcado por baixa liquidez com feriado nos EUA; dólar recua com cenário favorável ao risco

Painel com cotações na bolsa brasileira, a B3 | Foto: Germano Lüders/EXAME (Germano Lüders/Exame)

Painel com cotações na bolsa brasileira, a B3 | Foto: Germano Lüders/EXAME (Germano Lüders/Exame)

BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 6 de setembro de 2021 às 17h18.

Última atualização em 6 de setembro de 2021 às 17h35.

O Ibovespa chegou a abrir em queda, mas virou para alta e fechou o pregão em alta nesta segunda-feira, 6, dia de volume reduzido com feriado nos Estados Unidos e véspera de feriado no Brasil. O índice acompanhou o tom positivo no exterior, onde os índices futuros americanos e as bolsas europeias registraram altas. 

O otimismo global amenizou o clima de cautela causado pelas manifestações convocadas para 7 de setembro no Brasil e o Ibovespa fechou o pregão em alta de 0,8%, aos 117.868 pontos. O dólar comercial também acompanha o clima favorável ao risco e recuou 0,17%, a 5,17 reais. Na máxima, a moeda americana chegou a superar a marca de 5,2 reais.

No exterior, os mercados repercutiram a divulgação do payroll dos EUA na sexta-feira, 3. O relatório mostrou uma criação de vagas abaixo do esperado no país em agosto — foram criados 235.000 postos de trabalho, ante projeção de consenso de 725.000. 

Os dados alimentam a expectativa de que os estímulos à economia injetados pelo Federal Reserve (Fed, banco central americano) devem continuar por mais tempo que o esperado. E essa conclusão, por sua vez, estimula a tomada de risco, impulsionando as bolsas.

Os mercados ao vivo estão fechados nos Estados Unidos por conta do feriado do Dia do Trabalho, mas os índices futuros ficaram em alta. Na Europa, o índice pan-europeu Stoxx 600 fechou o dia com ganhos de 0,69%.

Preocupações locais

O Ibovespa acompanhou o tom global positivo, mas os investidores continuam monitorando as instabilidades políticas no cenário local. Pressionado pela queda de popularidade, o presidente Jair Bolsonaro convocou um ato em defesa de seu governo para o feriado desta terça-feira, 7 de setembro, quando é comemorada a Independência do Brasil. 

A manifestação ocorre em meio ao clima de tensão institucional causado pelos embates do presidente com o Supremo Tribunal Federal (STF). Bolsonaro afirmou na sexta-feira, 3, que o 7 de setembro será ultimato para duas pessoas do Supremo. 

O presidente não citou nomes, mas, nas últimas semanas, tem focado suas críticas nos ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso. O primeiro é relator do inquérito das fake news em que o presidente é investigado e o segundo, além de presidente do TSE, é contrário à bandeira do voto impresso defendida pelo chefe do Executivo. 

Investidores também ficam atentos a movimentações em Brasília a respeito da reforma do Imposto de Renda, que segue nesta semana para aprovação no Senado. O texto, que inclui a tributação de 15% sobre dividendos e o fim do juro sobre capital próprio (JCP), foi o principal motivo para a queda de mais de 3% no Ibovespa na última semana. 

Especialistas apontam que, caso a reforma seja aprovada no Senado como está, haverá um impacto direto na redução das expectativas de crescimento potencial do Brasil. As perspectivas de crescimento, a propósito, foram revisadas para baixo no Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira.

As estimativas dos economistas ouvidos pelo Banco Central apontam um aumento do PIB de 5,15% em 2021, ante 5,22% na projeção anterior. Para o próximo ano, as expectativas são de um crescimento de 1,93%, frente a 2% na medição passada. 

As previsões para a taxa básica de juro também aumentaram. Os especialistas consultados passaram a ver a Selic a 7,63% no final de 2021 na mediana das projeções e a 7,75% em 2022, contra 7,50% antes para ambos os casos. Já a expectativa para o IPCA subiu para 7,58% neste ano e 3,98% no próximo.

Destaques da bolsa

As ações da Minerva (BEEF3) ficaram entre os maiores destaques de alta no pregão, disparando 6,68%. Neste final de semana o Ministério da Agricultura confirmou dois casos atípicos da doença da “vaca louca” e suspendeu exportações de carne para a China. A empresa, no entanto, afirmou em comunicado que seguirá atendendo a demanda chinesa por meio de sua subsidiária Athena Foods, que possui duas plantas no Uruguai e uma na Argentina.

Na ponta negativa, as ações da Dexco, ex-Duratex (DXCO3) e da Alpargatas (ALPA4) ficaram entre as principais baixas do Ibovespa, com quedas de 2,96% e 0,86%, respectivamente. Os papéis — que estrearam hoje no índice — fazem parte da nova carteira do Ibovespa, que vai vigorar entre os meses de setembro e dezembro. Nenhuma ação foi excluída, e sete novos papéis passaram a fazer parte do índice. 

“Algumas oscilações mais bruscas podem ocorrer por conta de rebalanceamento de fundos, em que são feitos ajustes de posições em certos papéis após a mudança na carteira teórica do Ibovespa”, explicou Otto Sparenberg, analista técnico do BTG Pactual Digital, durante o programa Abertura de Mercado desta segunda-feira.

Além da Dexco e da Alpargatas, a nova carteira conta com: Banco Inter PN (BIDI4), Banco Pan PN (BPAN4), Méliuz ON (CASH3), Rede D'Or ON (RDOR3), e Petz ON (PETZ3). Com isso, o Ibovespa passa a ser composto de 91 ativos, ante os 84 da última composição.

As ações da Vale (VALE3), que são os papéis com maior participação no Ibovespa, recuaram 1,57% e frearam a alta do índice. As ações reagiram à queda de 8,52% do minério de ferro no porto de Qingdao após novas restrições na China afetarem a demanda. A queda da commodity afetou também os papéis das siderúrgicas, com a CSN (CSNA3) caindo 1,9%.

Maiores altas

Maiores quedas

Pão de AçúcarPCAR3

6,75%

DexcoDXCO3

-2,82%

MinervaBEEF3

6,68%

CSNCSNA3

-1,90%

AmericanasAMER3

5,42%

ValeVALE3

-1,57%

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