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Ibovespa encosta nos 110 mil e fecha em maior patamar desde fevereiro

Investidores reduzem incertezas após agência americana dar sinal verde para Joe Biden fazer transição de governo; otimismo com vacina segue no radar

Painel de cotações da B3  |  Foto: Germano Lüders/Exame (Germano Lüders/Exame)

Painel de cotações da B3 | Foto: Germano Lüders/Exame (Germano Lüders/Exame)

GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 24 de novembro de 2020 às 09h10.

Última atualização em 25 de novembro de 2020 às 10h39.

O Ibovespa encerrou o pregão desta terça-feira, 24, muito próximo à marca dos 110.000 pontos após a agência de Administração e Serviços Gerais da Casa Branca (GSA) autorizar a transição para o governo do presidente eleito Joe Biden. Ainda que não tenha aceitado a derrota, o presidente Donald Trump afirmou que sua equipe irá iniciar o protocolo. O índice fechou o dia em alta de 2,24% aos 109.786 pontos, deixando para trás a máxima intradia do mês de março. Com o resultado de hoje, o Ibovespa atinge a maior pontuação desde 21 de fevereiro, pregão anterior ao da quarta-feira de cinzas, que marcou o início dos impactos da pandemia no mercado brasileiro. Acompanhe a cobertura abaixo.

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Para os investidores, o início da transição nos EUA é visto como uma redução das incertezas sobre as eleições americanas, tendo em vista que antes mesmo do último dia de votação, Trump havia sinalizado que poderia não fazer uma transição pacífica, caso perdesse. O mercado também segue otimista com os recentes avanços na frente de vacinas contra o coronavírus, após resultados positivos sobre seus níveis de eficácia. AstraZeneca, Pfizer, Moderna e o governo russo já afirmaram que suas vacinas podem chegar a ter eficácia de mais de 90%.

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(BTG Pactual Digital/Divulgação)

Nas bolsas internacionais, a rotação de posições para ações de empresas que sofreram com a pandemia continua. Na Europa, os papéis de companhias aéreas chegam a subir 11%, como foi o caso dos da Air France, enquanto no mercado americano o Dow Jones, com maior concentração de empresas ligadas à economia tradicional, bateu máxima histórica, superando a marca dos 30.000 pontos pela primeira vez.

Os três principais índices americanos fecharam em alta. O Dow Jones subiu 1,56%, o S&P500 avançou de 162% e o Nasdaq cresceu 1,31%. Já o índice pan-europeu Stoxx 600 subiu 0,91%.

No Brasil, investidores optam por ações da Petrobras (PETR3 e PETR4), da Vale
(VALE3) dos grandes bancos e de shopping centers, após GOL (GOLL4) e Azul (AZUL4) já terem apresentado fortes valorizações na véspera. O setor de shoppings, a propósito, ficou com o pódio de três maiores altas do dia: BR Malls (BRML3), Multiplan (MULT3) e Iguatemi (IGTA3) subiram 7,29%, 6,57% e 6,31%, respectivamente.

"O Brasil está recebendo um fluxo bem forte de capital estrangeiro, que acaba impulsionando bem a nossa bolsa, que estava bem para trás em relação às de outros países emergentes. Esse fluxo externo está sendo bem benéfico para setores como bancos e shoppings centers que ficaram atrasados na pandemia e agora estão em um movimento de recuperação bem forte", comenta João Vitor Freitas, analista da Toro Investimentos.

O alívio também é sentido no mercado de câmbio, onde investidores desmontam suas posições defensivas em dólar e aumentam a busca por moedas emergentes, que se valorizam. Por aqui, o real mostrou um dos melhores desempenhos globais na sessão perante o dólar, que caiu 1,09% e fechou o dia negociado a 5,375 reais. A moeda americana oscilou em baixa durante todo o pregão, descendo a 5,3725 reais na mínima intradiária (-1,16%).

No campo da inflação, foi divulgado nesta manhã o IPCA referente aos 15 primeiros dias de novembro. O índice teve alta mensal de 0,81% ante crescimento esperado de 0,72%. No acumulado dos 12 meses, o indicador está com alta de 4,22%, acima do centro da meta de inflação de 4% estipulado pelo Conselho Monetário Nacional para 2020. 

Mesmo com a alta da inflação, o mercado segue otimista de que o IPCA chegue ao fim do ano abaixo da meta. Caso o resultado preliminar do IPCA de novembro se confirme, a redução do acumulado de 12 meses será possível somente se o IPCA de dezembro tiver uma alta mensal inferior à de dezembro do ano passado, quando ficou em 1,15% devido à pressão inflacionária do preço da carne.

"Cabe notar que o IPCA-15 deve superar a meta de 2021 de 3,75% provavelmente entre o segundo e o terceiro trimestre devido à base da inflação da pandemia. Esse efeito estatístico deve colocar ainda mais pressão na condução da política monetária", avaliam analistas da Exame Research.

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