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Ibovespa fecha em alta de mais de 2% com trégua política

Mercado vê união entre Executivo, Legislativo e governadores e bolsa brasileira vai na contramão do pessimismo global

Bolsa: Ibovespa sobe, apesar de exeterno negativo (NurPhoto / Colaborador/Getty Images/Getty Images)
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Guilherme Guilherme

Publicado em 21 de maio de 2020 às 17h20.

Última atualização em 21 de maio de 2020 às 17h43.

A tensão comercial entre China e Estados Unidos, que fez as bolsas do mundo inteiro caírem nesta quinta-feira, 21, teve pouco - ou nenhum - efeito no mercado brasileiro. Por aqui, todas as atenções se voltaram para o clima amistoso da reunião desta manhã entre o presidente Jair Bolsonaro e governadores. O presidente da Câmara Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre, também participaram do encontro, que ocorreu por videoconferência. O Ibovespa, principal índice de ações, fechou em alta de 2,1%, em 83.027,09 – o segundo maior patamar desde as quedas de março e o maior do mês de maio.

Organizada para discutir a contrapartida ao auxílio emergencial aos estados, a reunião serviu como uma trégua entre Executivo, Legislativo e governadores. A preocupação do governo era de Câmara derrubasse vetos de trechos do projeto de auxílio, como o que possibilita aumento salarial de servidores.

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O governador de São Paulo, João Doria, com quem Bolsonaro vinha trocando farpas sobre o isolamento social, chegou a exaltar forma com a reunião foi conduzida e disse que seguiria “em paz”, pois “a guerra coloca todos em derrota”.

“Todo sinal de paz política e avanço na questão fiscal dá uma sinalização muito boa [ para o mercado ]”, disse Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset. Vieira também destacou a união entre Bolsonaro e os presidentes da Câmara e do Senado. "Todos se comportaram de maneira bem elogiosa. Isso é muito importante."

Quem também elogiou o tom da reunião foi o próprio Rodrigo Maia, com quem Bolsonaro vinha tendo desavenças. “Acho que é um bom momento para que a gente possa melhorar a articulação, o diálogo, e a partir daí, que todos possam falar a mesma língua”, afirmou em entrevista à Rádio Bandeirantes.

No radar dos investidores também esteve os 2,438 milhões de pedidos de seguro desemprego nos Estados Unidos. Os dados, que têm sido um termômetro semanal dos impactos econômicos da pandemia na maior economia do mundo, vieram próximo da quantidade esperada pelo mercado, de 2,4 milhões de pedidos. Embora tenha chegado a 36 milhões de pedidos em nove semanas, o número diminuiu pela sétima semana consecutiva.

“Os dados de desemprego vieram quase em linha. Dada a crise, vir em linha é algo positivo. A cada semana os números estão diminuindo”, disse Henrique Esteter, analista da Guide Investimentos.

Apesar dos dados mostrarem mais uma queda do número de pedidos de seguro desemprego, o clima nas bolsas internacionais foi de pessimismo com a crescente tensão comercial entre China e Estados Unidos.

Na quarta-feira, o presidente Donald Trump voltou a responsabilizar a China pela pandemia de coronavírus covid-19, dizendo que a "incompetência" do país asiático está causando mortes no mundo todo. No mesmo dia, o Senado americano deteriorou ainda mais a relação entre os dois países ao aprovar a lei que pode fazer com que companhias chinesas tenham que sair das bolsas americanas.. Nos Estados Unidos, o índice S&P 500 fechou em queda de 0,76% e o Composto de Nasdaq caiu 0,97%.

"Estamos vendo o início de uma guerra fria. São movimentos muito calmos, mas bem importantes. Não se sabe até onde vai isso", disse Esteter.

Embora veja o conflito comercial com preocupação, William Teixeira, diretor de renda variável da Messem Investimentos, acredita que a bolsa brasileira ainda tenha "um bom chão" para subir até encostar na recuperação que os mercados americanos tiveram. Até o momento o Ibovespa acumula queda de 28% no ano, enquanto o S&P 500, 8,5%. Em dólar, a queda acumulada do Ibovespa é de cerca de 50%.

Embora veja o conflito comercial com preocupação, William Teixeira, diretor de renda variável da Messem Investimentos, acredita que a bolsa brasileira ainda tenha "um bom chão" para subir até encostar na recuperação que os mercados americanos tiveram. No ano, o Ibovespa acumula queda de 28%, enquanto o S&P 500, que passou por uma recuperação mais intensa, acumula perdas de 8,5%.

Está corrigindo um pouco essa diferença. A gente passou por uma enchente e agora é hora de voltar para casa, ver o que sobrou e reconstruir aquilo que foi destruído", disse Teixeira.

Destaques

Com grande peso no Ibovespa, os grandes bancos tiveram altas acentuadas e deram sustentação ao índice. Na bolsa, Itaú, Bradesco, Banco do Brasil e Santander avançaram 5,74%, 5,55%, 7,06% e 5,93%, respectivamente.

Com a moeda americana em queda, companhias com parte significativa de suas receitas em dólar voltaram a figurar entre as maiores quedas da sessão. As ações da Suzano caíram 4,4%, da Klabin 3,93% e as da Marfrig, 4,21%. Já a pior queda ficou com os papéis do IRB Brasil, que caíram 7,36%.

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