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Ibovespa cai para mínima do ano com surpresa negativa da inflação nos EUA

Índice de Preço ao Consumidor salta para 9,1% no acumulado de 12 meses e alimenta expectativa de alta de juros mais agressiva

Painel com cotações na bolsa brasileira, a B3 (Germano Lüders/Exame)

Painel com cotações na bolsa brasileira, a B3 (Germano Lüders/Exame)

BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 13 de julho de 2022 às 17h22.

Em um pregão de volatilidade, o Ibovespa encerrou esta quarta-feira, 13, em queda, reagindo negativamente aos números de inflação nos Estados Unidos. Com o resultado, o índice atingiu o menor nível do ano.

  • Ibovespa: - 0,40%, 97.881 pontos

Na mínima do dia, o Ibovespa chegou a cair ainda mais, para 97.402 pontos. Porém, apesar da primeira reação negativa, as bolsas americanas amenizaram a baixa, o que ajudou o Ibovespa a recuperar parte das perdas. O índice também se beneficiou da alta nos papéis da Ambev (AMBE3), que disparam mais de 6% e chegaram a colocar o Ibovespa no campo positivo no meio da tarde.

Nos EUA, a divulgação do Índice de Preço ao Consumidor americano (CPI, na sigla em inglês) de junho reforçou as expectativas de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) terá que intensificar ainda mais seu aperto monetário para conter a inflação.

O CPI para o último mês ficou em 1,3%, superando o consenso de mercado de 1,1%. Já o CPI acumulado de 12 meses saltou de 8,6% para 9,1% – 0,3 ponto percentual acima das expectativas de mercado. O nível de inflação é o maior para os Estados Unidos desde 1981, segundo a Bloomberg.

"O que preocupa é o fato de a inflação estar bastante espalhada. Commodities tem um grande peso, mas mesmo excluídas as de alimentos e energia, o índice segue acelerando. A inflação de serviços segue acelerada, o que tende a gerar uma ação mais consistente e abrangente. Essa leitura exerce grande pressão sobre o Fed, que não deve tirar o pé do acelerador", disse Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos.

Mesmo com o dado da inflação vindo pior que o esperado, as bolsas americanas se afastam das mínimas e registram quedas moderadas. O mesmo fenômeno foi observado no câmbio. No momento da divulgação do CPI, a moeda americana avançou forte contra o real, para depois virar para queda acompanhando o movimento externo do dólar.

  • Dólar comercial: - 0,61%, a R$ 5,406
  • Dow Jones (Nova York): - 0,67%
  • S&P 500 (Nova York): - 0,45%
  • Nasdaq (Nova York): - 0,15%

Para Fernanda Consorte, economista-chefe do Banco Ourinvest, a explicação está na volatilidade. "Ainda que tenha vindo pior que o esperado, os investidores já estavam com uma expectativa negativa para o CPI. Como o [preço] foi colocado na conta anteriormente, o mercado acaba realizando no fato. É puramente volatilidade", avalia.

Ações em destaque na bolsa

A maior probabilidade de juros ainda mais altos nos Estados Unidos afetou o mercado de commodities, com investidores se antecipando a seus possíveis efeitos na demanda, com desaceleração da economia.

O preço do barril de petróleo, que era negociado acima de US$ 100 antes da divulgação, caiu para a mínima desde abril ao ser negociado abaixo de US$ 99. A desvalorização pressionou ações do setor, que voltaram a figurar entre as maiores quedas do Ibovespa.

Na ponta positiva, a Ambev (ABEV3) disparou 5% e amenizou a queda do índice. A alta vem após analistas do JPMorgan elevarem a recomendação dos papéis de neutra para compra, sob expectativas de que as recentes quedas das commodities alivie a pressão de custos sobre a empresa.

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