Ibovespa cai com temores fiscais e registra 3ª queda seguida
Preocupações sobre renovação de auxílio emergencial e forte queda de vendas do varejo pressionaram negócios na bolsa
Guilherme Guilherme
Publicado em 10 de fevereiro de 2021 às 09h34.
Última atualização em 10 de fevereiro de 2021 às 18h31.
O Ibovespa caiu pela terceira vez consecutiva nesta quarta-feira, 10, com temores fiscais e a forte queda das vendas do varejo pressionando negativamente. A piora do cenário internacional, com a queda dos índices americanos, tampouco contribuiu com o mercado interno. O índice recuou 0,87%, para 118.435 pontos.Na mínima intradiária, o Ibovespa chegou a cair para a marca dos 117.000 pontos, mas o bom desempenho de Petrobras (PETR3;PETR4) e Vale (VALE3) ajudaram a frear a queda do índice.
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Os índices S&P 500 e Nasdaq tiveram leve queda em relação a máximas recordes registradas na véspera. O S&P500 registrou leve variação negativa de 0,03% e o Nasdaq recuou 0,25% com o impacto da queda de papéis de tecnologia como Amazon, Apple e Microsoft. O Dow Jones, por outro lado, avançou 0,2%.
Por aqui, preocupações sobre a situação fiscal do país seguiram presentes, com discussões no Congresso sobre a renovação do auxílio emergencial. O ministro Paulo Guedes disse que, para isso, seria necessária uma nova PEC de Guerra contendo a cláusula de calamidade pública.
Além disso, as vendas do varejo, divulgadas nesta manhã pelo IBGE, despencaram 6,1% em dezembro, ficando muito abaixo das projeções. A expectativa de 38 economistas consultados pela Bloomberg variava entre alta de 0,5% e queda de 2% no mês. Na comparação anual, a alta foi de 1,2% contra a estimativa mediana de 6%.
“As vendas do varejo desapontaram muito. O choque no preço dos alimentos pesou negativamente. Além disso, o brasileiro também começou a poupar no fim do ano passado, já pensando que não teria auxílio emergencial em 2021”, afirma Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos.
Cruz também ressalta o impacto negativo da Black Friday sobre as vendas de dezembro. “Era esperado que as vendas de novembro 'roubassem' um pouco do fluxo das de dezembro.”A forte queda de vendas do varejo tem impactado empresas do setor na bolsa, com o Índice de Consumo (ICON) apresentando queda de 1,71%, tombo superior ao do Ibovespa.
Commodities ajudam Ibovespa
Na bolsa, o que ajudou a frear a queda do Ibovespa foram as ações de commodities. Os papéis da Petrobras (PETR3;PETR4) subiram, respectivamente, 1,23% e 0,94% e estiveram entre as maiores altas do índice. A petroleira se beneficiou do preço do petróleo Brent, que fechou de 0,62%.
Os preços da commodity estão em seu nono dia de alta -- maior sequência de ganhos em dois anos -- apoiados por cortes de oferta em países produtores e pelas expectativas de que o avanço da vacinação contra a Covid-19 vá desencadear uma recuperação na demanda.
Além disso, os estoques de petróleo dos Estados Unidos registraram uma queda inesperada na última semana, recuando em 6,6 milhões de barris, segundo a Administração de Informações sobre Energia (AIE). Em pesquisa realizada pela Reuters, as expectativas eram de um aumento de 985 mil barris.
As ações da Vale (VALE3) também tiveram influência positiva sobre o índice. Com o maior peso do índice (12%), os papéis da companhia subiram 0,48%, embalados pela alta do minério de ferro na China. No porto de Qingdao, a commodity fechou cotada a 166,90 dólares antes do feriado de Ano Novo Lunar, que deve interromper as negociações do mercado chinês por uma semana.
Estreia na B3
Já as ações da Bemobi (BMOB3), de clube de aplicativos por assinatura, chegaram a disparar 29% em seu primeiro dia de negociação na B3, mas viraram para queda. Os papéis da empresa encerraram o dia em queda de 2,73%.
Em oferta inicial de ações ( IPO , na sigla em inglês), a companhia levantou 1,258 bilhão de reais, sendo apenas 13% destinado a antigos acionistas. A Bemobi espera utilizar parte do dinheiro para buscar consolidação do mercado e/ou sinergias nos segmentos de aplicativos de jogos, microfinanças e comunicação.
Câmbio
Em uma sessão marcada pela volatilidade, o dólar abandonou a alta e caiu frente ao real, acompanhando o otimismo com a instalação da Comissão Mista de Orçamento (CMO) e com a votação da autonomia formal do Banco Central -- aprovada pela Câmara ao final da tarde.
Em sessão marcada por volatilidade, o dólar encerrou o dia em queda de 0,219%, a 5,371 reais. A moeda oscilou entre alta de 1,03%, para 5,4384 reais, e queda de 0,60%, para 5,3504 reais.
O real ficou mais uma vez aquém de vários pares emergentes. As moedas de Chile e Colômbia, por exemplo, subiam 1,3% e 0,5%, respectivamente.
Com Reuters