Painel de cotações da B3 (Germano Lüders/Exame)
Guilherme Guilherme
Publicado em 9 de junho de 2022 às 10h32.
Última atualização em 9 de junho de 2022 às 17h04.
Ibovespa hoje: o principal índice da bolsa brasileira recua nesta quinta-feira, 9, seguindo a maior cautela do mercado internacional, após a decisão de política monetária do Banco Central Europeu (BCE) desta manhã.
O BCE manteve as taxas de juros inalteradas, como o esperado, mas sinalizou elevação de 25 pontos base na próxima reunião, em julho, dando continuidade ao ciclo de alta de juros em setembro. Esta será a primeira vez que o BCE eleva sua taxa de juros desde 2011. Anos atrás a preocupação era a deflação – agora a inflação que supera 8% na Zona do Euro, se tornou a maior ameaça.
As projeções do BCE para inflação do bloco também foram revistas pelo banco nesta quinta, de 5,1% para 6,8% para este ano. Para 2023, a expectativa da entidade é de queda da inflação para 3,5% e para 2,1% em 2024.
O BCE também alertou para o menor crescimento da Europa. "A agressão injustificada da Rússia à Ucrânia continua a pesar na economia da Europa. Está atrapalhando o comércio, levando à escassez de materiais e contribuindo para os altos preços da energia e das commodities. Esses fatores continuarão a pesar sobre a confiança e frear o crescimento, especialmente no curto prazo", afirmou o BCE em comunicado.
O crescimento do PIB deste ano projetado pelo BCE foi reduzido de 3,7% para 2,8%. Para 2023, a redução foi de 2,8% para 2,1%.
Bolsas europeias, que operavam próximas da estabilidade no início do dia, se firmaram no campo negativo após o comunicado do BCE. O tom negativo também se espalhou para o mercado americano.
O maior pessimismo no exterior tem se sobreposto até mesmo aos dados positivos da economia brasileira. O IPCA de maio, divulgado nesta manhã, saiu abaixo do esperado, aliviando as preocupações sobre a inflação na economia local.
O principal indicador de inflação do país saiu em 0,47% contra o consenso de 0,60%. No acumulado de 12 meses, a inflação desacelerou mais que o previsto, de 12,13% para 11,73%. A expectativa era de queda para 11,88%.
No câmbio, o dólar fica dividido entre o exterior negativo e o local positivo. A moeda americana opera em leve alta contra o real.
Na bolsa, as ações da Vale voltam a pressionar negativamente o índice. A mineradora – cujos papéis tem o maior peso entre todas as ações da carteira teórica do Ibovespa –, recua mais de 3%. O motivo vem de novo da China, onde novos lockdowns em partes de Xangai voltam a causar preocupação sobre a demanda. As siderúrgicas acompanham as perdas e lideram as baixas desta quinta-feira.
Na ponta positiva, os papéis das operadoras de saúde Hapvida e SulAmerica lideram os ganhos após decisão de ontem do Superior Tribunal de Justiça. O STJ decidiu que as operadoras de plano de saúde não são obrigadas a cobrir procedimentos médicos que não estão previstos na lista da Agência Nacional de Saúde (ANS). Para analistas, em um primeiro momento a decisão pode ser positiva para o setor, à medida que tira o risco de judicialização contra as operadoras. Cabe recurso contra a decisão.
Também em alta, as ações da Eletrobras avançam no dia da precificação de sua oferta secundária de ações (follow-on). A oferta foi o caminho escolhido para a privatização da empresa. A demanda foi de R$ 55 bilhões – superando os cerca de R$ 35 bilhões que eram indicados para o follow-on. Mais cedo, os papéis avançaram cerca de 3% e chegaram a liderar os ganhos do dia.