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Ibovespa cai 2,3% após Câmara aprovar taxação de dividendos e fim do JCP

Mercado brasileiro fica na contramão de bolsas internacionais; produção industrial aumenta preocupações

Painel com cotações na bolsa brasileira, a B3 | Foto: Germano Lüders/Exame (Germano Lüders/Exame)
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Guilherme Guilherme

Publicado em 2 de setembro de 2021 às 10h30.

Última atualização em 2 de setembro de 2021 às 17h39.

O Ibovespa recuou nesta quinta-feira, 2, após a Câmara aprovar a reforma do imposto de renda, que inclui a tributação sobre dividendos e o fim do juro sobre capital próprio (JCP). Embora a medida preveja isenção do imposto para pequenas empresas,  praticamente todas as companhias listadas devem ser afetadas.

O movimento ocorreu na contramão das altas do mercado internacional e levou o principal índice da B3 para uma queda de 2,28% -- a maior baixa desde o dia 12 de maio. O Ibovespa encerrou o pregão aos 116.667 pontos.

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Na tarde desta quinta-feira, foi aprovado na Câmara o destaque que reduz a alíquota dos dividendos de 20% para 15%. A redução, no entanto, não foi suficiente para melhorar o ânimo dos investidores.

“O mercado entende que é esta uma reforma extremamente populista, que mais complica do que simplifica a vida do contribuinte. Caso seja aprovada no Senado como está, haverá um impacto direto na redução das expectativas de crescimento potencial do Brasil”, avalia Daniel Miraglia, economista-chefe da Integral Group.

Investidores também repercutiram os dados da produção industrial, que frustrou as expectativas do mercado. Divulgado nesta manhã, o indicador apontou para uma contração de 1,3% da indústria brasileira em julho. A expectativa girava em torno de um tombo de 0,5%. Na comparação anual, o crescimento caiu de 12%, no mês anterior, para 1,2%.

A decepção com os dados da indústria e a surpresa com a aprovação da reforma tributária ocorrem um dia após o PIB do segundo trimestre sair 0,1% negativo.

O turbilhão no mercado interno impactou também o mercado de câmbio. O dólar comercial chegou a recuar X% contra o real na mínima do dia, acompanhando o cenário internacional favorável ao risco. O cenário doméstico, no entanto, tirou a força da queda. A moeda americana fechou o dia com leve desvalorização de 0,03%, negociado a 5,18 reais.

No exterior, as bolsas deram continuidade ao movimento positivo, com os índices americanos S&P 500 e Nasdaq atingindo novos recordes. A causa do otimismo é a expectativa de que dados mais fracos do mercado de trabalho americano mantenham os estímulos do Federal Reserve (Fed, banco central americano) por mais tempo. Nesta quinta, os pedidos semanais de seguro desemprego ficaram em 340.000. Ainda que 5.000 pedidos abaixo do esperado, os dados da semana passada foram revisados para cima.

Agora, a grande expectativa se volta para o payroll, o relatório oficial de empregos não agrícolas, previsto para esta sexta-feira, 3. Na véspera, dados do ADP, conhecidos como "prévia do payroll" mostraram a criação de 374.000 empregos em agosto ante o consenso de 613.000 novas vagas. Para o payroll, são esperados 750.000 novos empregos.

Destaques

Na ponta negativa do Ibovespa, ações do setor financeiro puxam o índice para baixo após a aprovação da reforma tributária. Os grandes bancos -- cujas ações contam com grande representação no índice -- recuaram em bloco. O Santander (SANB11) caiu 5,23%, Banco do Brasil (BBAS3) 4,14%, o Itaú (ITUB4) 3,61% e o Bradesco (BBDC4), 3,51%.

Entre as maiores quedas em variação, estão as ações de Cielo (CIEL3), Via (VIIA3, ex-Via Varejo) e Yduqs (YDUQ3), que caíram 6,48%, 6,13% e 5,86%, respectivamente. Já as ações da Eletrobras (ELET3/ELET6) recuaram 4,99% e 4,23%, em um movimento de correção após a alta da véspera.

No campo positivo, as ações do Assaí (ASAI3) lideraram as altas do Ibovespa subindo 3%. A alta ocorre após a empresa anunciar a venda de dois imóveis dos cinco imóveis do grupo geridos pelo fundo imobiliário TRXF11. A operação movimentou 134,6 milhões de reais.

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