Invest

Ibovespa cai 1,7% e volta aos 118 mil em meio à cautela antes de Powell

PIB e pedidos de seguro-desemprego dos Estados Unidos saem piores do que o esperado; Caged surpreende positivamente

Painel com cotações na bolsa brasileira, a B3 | Foto: Germano Lüders/EXAME (Germano Lüders/Exame)

Painel com cotações na bolsa brasileira, a B3 | Foto: Germano Lüders/EXAME (Germano Lüders/Exame)

BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 26 de agosto de 2021 às 17h39.

Última atualização em 26 de agosto de 2021 às 18h25.

Após duas altas consecutivas, o Ibovespa voltou a cair nesta quinta-feira, 26, acompanhando a cautela do mercado internacional, antes do discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), Jerome Powell, previsto para amanhã, no Simpósio de Jackson Hole. Investidores esperam que Powell dê mais detalhes sobre os planos do Fed de reduzir os estímulos mensais via compra de ativos.

O principal índice da B3 recuou 1,73%, fechando o pregão aos 118.724 pontos. O Ibovespa ficou próximo da mínima do dia, de 118.719 pontos.

Enquanto aguardam pelo banqueiro americano, o mercado digere dados da economia dos Estados Unidos, que saíram levemente abaixo do esperado. A segunda prévia do PIB do segundo trimestre foi revisada para cima, de 6,5% para 6,6%, mas abaixo do consenso de 6,7% de alta. Já os pedidos de seguro-desemprego ficaram em 353.000, cerca de 3.000 pedidos acima das estimativas.

No mercado americano, o S&P 500 caiu 0,58%, enquanto o Nasdaq e o Dow Jones recuaram 0,64% e 0,54%, respectivamente. Na Europa, o Stoxx 600 fechou em queda de 0,32%. Após quatro pregões de queda, o dólar comercial acompanhou a toada global de aversão a risco e encerrou o dia em alta de 0,87%, negociado a 5,257 reais. 

Por aqui, os ativos locais registram perdas, após apresentarem forte recuperação nos últimos dois dias, com o alívio da percepção de risco fiscal, após declarações do presidente da Câmara, Arthur Lira afirmando que a PEC dos Precatórios ficará dentro do teto de gastos. 

A fala não foi suficiente para apagar os riscos fiscais do radar, que se somaram ao avanço da inflação e aos temores com a crise hídrica. O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse hoje que é preciso enfrentar a crise hídrica “de frente” e declarou que a bandeira tarifária deve subir.

Nem mesmo os dados positivos no mercado de trabalho reverteram a tendência de queda. Os dados do Caged referentes a julho, divulgados nesta manhã pelo Ministério do Trabalho, registraram 316.580 novos empregos com carteira assinada. O número superou as estimativas de 300.000.

Destaques da bolsa

Em um pregão majoritariamente negativo, onde apenas seis das 84 ações do Ibovespa fecharam no positivo, o setor de construção civil foi o maior destaque de queda. 

Cyrela (CYRE3) caiu 5,94% e liderou as perdas, seguida por Iguatemi (IGTA3), que recuou 5,28%. Do mesmo setor, EZTec (EZTC3) caiu 4,25%, enquanto JHSF (JHSF3) recuou 3,34%.

O motivo para as quedas foi a divulgação dos dados do Índice Nacional de Custos da Construção (INCC), da Fundação Getulio Vargas, que revelou alta de preços de 0,56% em julho, ficando em 17,05% no acumulado de 12 meses. Ambos os papéis também vinham de fortes altas, chegando a subir mais de 10% no acumulado das últimas duas sessões. 

Já as units da Taesa (TAEE11) caíram 3,71%, com mercado em cautela com crise hídrica e após o J.P. Morgan rebaixar a recomendação da transmissora para venda. Outras elétricas também encerraram o dia em baixa. As ações da Copel (CPLE6) caíram 3,27%, enquanto os papéis da Energisa (ENGI11) e da Engie (EGIE3) recuaram 2,28% e 1,73%, respectivamente.

Entre as ações com maior participação no Ibovespa, a Vale (VALE3) registrou queda de 1,28%. Já a Petrobras (PETR3/PETR4), que conseguiu conter as perdas durante a manhã, também virou para queda e fechou o pregão em queda de 0,81% e 0,87%, respectivamente, acompanhando a desvalorização do petróleo no exterior.

Além disso, a estatal anunciou ontem, 25, a venda da refinaria Isaac Sabbá (Reman) por 189,5 milhões de dólares para a Ream Participações, dos sócios da Atem’s Distribuidora de Petróleo. A operação foi bem-vista por Fernando Mollo, analista de ações do BTG Pactual digital. "A monetização de refinarias sob seu guarda-chuva é importante para a Petrobras. O valor da venda, inclusive, foi maior do que o esperado".

Na ponta positiva do Ibovespa, as units do Banco Inter (BIDI11) lideraram as altas, subindo 4,57%. Os papéis estiveram entre as piores performances dos últimos dois pregões, que marcaram a retomada do índice aos 120.000 pontos. Na vice-liderança, as ações da Lojas Americanas (LAME4) subiram 2,41%, acompanhadas pelos papéis da Americanas (AMER3), que avançaram 1,91%.

O Inter disparou na esteira de notícias de que o Nubank busca uma avaliação entre 75 bilhões e 100 bilhões de dólares em sua oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) na Nasdaq, que deve ocorrer até o fim deste ano. O valuation do concorrente poderia destravar valor para o Inter, na visão de analistas.

Acompanhe tudo sobre:Ibovespa

Mais de Invest

O que é private equity e como funciona?

Quanto rendem R$ 20 mil por mês na poupança?

CD americano x CDB brasileiro: quais as diferenças e qual vale mais a pena investir

Goldman Sachs vê cenário favorável para emergentes, mas deixa Brasil de fora de recomendações

Mais na Exame