Ibovespa descola do exterior com forte alta de Vale e Petrobras
Inflação volta a superar as expectativas no Brasil e nos Estados Unidos, mas preços de commodities sustentam bolsa brasileira
Guilherme Guilherme
Publicado em 11 de maio de 2022 às 10h37.
Última atualização em 11 de maio de 2022 às 14h16.
Ibovespa hoje: o principal índice da bolsa brasileira sobe mais de 1% nesta quarta-feira, 11, puxada por ações de empresas de commodities, beneficiadas pela alta de preços no exterior. O movimento contraria a maior cautela de investidores internacionais, que repercutem dados acima do esperado da inflação americana.
- Ibovespa: + 1,43%, 104.581 pontos
- Dólar: - 0,09%, R$ 5,129
O Índice de Preço ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, um dos principais indicadores de inflação no país, caiu de 8,5% para 8,3% no acumulado de 12 meses. O número, porém, superou o consenso de mercado, que era de queda para 8,1%. Os principais índices de Wall Street reagiram negativamente logo após a divulgação dos dados e operam com fraqueza neste início de tarde.
- Nasdaq (EUA): - 1,45%
- S&P 500 (EUA): - 0,39%
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Números de inflação também seguem no radar de economistas brasileiros. O IPCA de abril, divulgado nesta manhã, acelerou de 11,30% para 12,13% na comparação anual, ficando acima das projeções de mercado, que eram de 12,07% de alta.
A alta da inflação no Brasil e nos Estados Unidos pressiona as curvas de juros em ambos os países, com investidores apostando em apertos monetários mais duros.
"Os números [dos EUA] reforçam as apostas de parte do mercado que espera um aumento de 75 pontos base na próxima reunião do Federal Reserve [Fed, banco central americano]", disse Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos.
Destaques de ações
Juros mais altos tiram a atratividade da renda variável e prejudicam as ações. No Brasil, no entanto, as ações de commodities ignoram o clima negativo no exterior e ajudam a sustentar a alta do Ibovespa.
A Vale (VALE3), ação com a maior participação na carteira teórica do índice, dispara mais de 4%, após forte recuperação do minério de ferro na China.
Declarações de autoridades chinesas de que metade de Xangai estaria livre da Covid aumentaram o otimismo sobre a demanda do gigante asiático. A commodity saltou 5%, depois de ter desabado nos dois primeiros pregões da semana, marcados por temores de novos lockdowns no país asiático.
- Vale (VALE3): +4,39%
Já a Petrobras (PETR3/PETR4) sobe mais de 3%, a despeito da troca de comando do Ministério de Minas e Energia, após críticas do presidente Jair Bolsonaro ao reajuste do preço do diesel. Adolfo Sashcida assumirá o ministério no lugar de Bento Costa Lima Leite.
"A Petrobras desenvolveu ao longo dos últimos anos aspectos positivos em sua governança, que a blindam de interesses que possam pesar contra a sua situação financeira", avaliou Ilan Arbetman, analista de research da Ativa Investimentos.
Ainda assim, a forte valorização de hoje ocorre na esteira da recuperação do petróleo. A commodity volta a superar a marca de US$ 105 por barril, à medida que as esperanças sobre a demanda são renovadas com notícias positivas vindas da China.
No radar, ainda estão a queda do fornecimento de gás russo para a Europa e a possibilidade de embargo da União Europeia sobre o petróleo do país. Petrolíferas privadas chegam a saltar mais de 6% na B3.
- Petrobras (PETR3): + 3,85%
- Petrobras (PETR4): + 3,85%
- PetroRio (PRIO3): + 6,18%
- 3R (RRRP3): + 4,18%
Entre os destaques de alta ainda estão os papéis das companhias aéreas GOL (GOLL4) e Azul (AZUL4), que sobem mais de 2%. A valorização ocorre após a GOL anunciar que seu controlador, o fundo MOBI, estruturou as operações da companhia em uma holding que também terá o controle da Avianca. A operação ainda está sujeita à aprovação de órgãos reguladores, mas já é bem recebida por investidores.
- GOL (GOLL4): + 2,28%
- Azul (AZUL4): + 2,84%