Ibovespa até 140 mil pontos: as projeções de 11 bancos e corretoras em 2021
Recuperação econômica, estímulos e juros baixos devem motivar novas recordes, dizem analistas, mas fantasma fiscal seguirá presente
Guilherme Guilherme
Publicado em 18 de dezembro de 2020 às 06h00.
Última atualização em 18 de dezembro de 2020 às 08h00.
Com perspectivas cada vez maiores de que o mundo irá se recuperar da maior pandemia em um século, o Ibovespa chegou aos 118 mil pontos e as chances para uma nova quebra de recorde ainda em 2020 são reais.
Desde que tocou o menor patamar do ano, em 23 de março, o principal índice da bolsa já subiu 86,3% em meio a injeções de trilhões de dólares na economia e uma corrida inédita em busca da vacina. O Ibovespa encerrou a quinta-feira, 17, aos 118.400,57 pontos. O recorde nominal é de 119.527,63 pontos, de 23 de janeiro passado.
Somente desde novembro, o Ibovespa avançou 26%. A depender das projeções do mercado para 2021, o rali pode até perder força, mas ainda não tem data para acabar.
Em levantamento feito pela EXAME Invest com 11 bancos e corretoras, todos acreditam que o Ibovespa irá quebrar novos recordes em 2021, Nenhum deles vê o índice fechar abaixo de 128.000 no próximo ano. Para a Necton, a mais otimista entre as casas consultadas, o Ibovespa deve fechar 2021 em 140.000 pontos.
Forte recuperação da economia americana, desvalorização do dólar e um novo superciclo de commodities explicam a tese da Necton. Mais conservadora para o cenário do ano que vem, a Genial Investimentos ressalta as “muitas incertezas sobre como será o ‘novo normal’” do pós-pandemia, mas afirma haver uma única certeza: “teremos muito dinheiro na mesa”.
Não só a Genial mas praticamente todo o mercado tem na manutenção das políticas de estímulos a expectativa de que as bolsas devem atingir novos picos no próximo ano. Com taxas de juros baixas e dinheiro novo sendo injetado pelas principais economias do mundo, o terreno fica quase perfeito para a renda variável. Quase, porque o fantasma do temor fiscal também deve seguir presente.
“Esse excesso de dinheiro é positivo para as economias emergentes. Porém, nada ou muito pouco desse fluxo virá para o Brasil se não fizermos as reformas pelas quais nosso país tanto anseia”, comenta em relatório Filipe Villegas, estrategista da Genial Investimentos.
Mas, além do cenário macro, o desempenho das empresas listadas durante a pandemia também serviu de base para as perspectivas otimistas para 2021. Régis Chinchila, analista da Terra Investimentos, classificou os últimos balanços como “ponto de virada” e razão para a volta de investidores estrangeiro nos últimos meses. Desde novembro, 43 bilhões de reais de capital externo entraram na B3. Cautelosa quanto ao cenário local, a Terra Investimentos tem boas perspectivas para ações de exportadoras, empresas de logística, construção civil, commodities e bancos.
A Ativa Investimentos também deposita suas esperanças nos grandes bancos, que representam 19,28% do índice. Embora prevejam aumento da inadimplência, analistas da corretora acreditam que as provisões feitas durante a pandemia “mais do que compensam essa possível piora, abrindo espaço para uma melhora de lucro”.
Diferentemente da Terra, a Ativa vê um cenário mais favorável para empresas dependentes do consumo doméstico, que consideram ter ganhado espaço de mercado durante a pandemia em razão de musculatura financeira mais robusta em comparação a empresas não listadas.