Ibovespa fecha abaixo dos 70 mil com impactos do coronavírus na economia
Payroll dos Estados Unidos aponta fechamento de 700 mil postos de trabalho urbanos em março
Da Redação
Publicado em 3 de abril de 2020 às 17h20.
Última atualização em 3 de abril de 2020 às 17h58.
O Ibovespa fechou em queda de 3,76%, nesta sexta-feira, 3, com os efeitos econômicos do coronavírus se mostrando piores do que o esperado. Com isso, o principal índice da bolsa brasileira perdeu os 70 mil pontos, reconquistados na última semana, e encerrou em 69.537,56 pontos. A perda semanal foi de 5,3%.
Bastante aguardado pelo mercado financeiro, o relatório de empregos urbanos ( payroll ) dos Estados Unidos decepcionou os investidores. Divulgado nesta manhã, o payroll apontou para uma redução, em março, de 700 mil postos de trabalho urbanos no país, ficando muito além da perda projetada pelo mercado, de 100 mil postos. Esta foi a primeira vez em 10 anos que os Estados Unidos registraram aumento do desemprego.
"O número veio horroroso. [O impacto na bolsa] não podia ser diferente", afirmou Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset. Vieira espera que, em breve, o aumento acelerado do desemprego também aconteça no Brasil. "Não se sabe 'se', 'quando' e 'como' vai piorar", disse.
Para Vieira, é possível que a bolsa brasileira tenha perdas descorrelacionadas com o mercado internacional, dependendo do avanço do coronavírus no país. "Pode ser que a gente comece a entrar em um cenário [interno] de pânico, quando lá fora já estiver melhorando."
Antes mesmo de o relatório americano ser divulgado, o clima no mercado financeiro já era ruim, tendo no radar os dados sobre a atividade econômica europeia, que também ficarem abaixo do esperado. Na zona do Euro, o índice de gerente de compras (PMI) composto ficou em 29,7 pontos, bem abaixo dos 50 pontos que divide a expansão da contração. O destaque negativo ficou para o PMI de serviços da Itália, que registrou apenas 17,4 pontos.
"Agora a gente começa a ter os números reais [sobre os impactos do coronavírus]", disse Marcel Zambello, analista da Necton Investimentos.
Os dados negativos ajudara a endossar a maior aversão a risco no mundo. Nos Estados Unidos, o S&P recuou 1,51%, enquanto o índice pan-europeu Stoxx 600 caiu 0,97%.
Apesar dos indicados econômicos fracos, a possibilidade de ser atenuado o conflito comercial entre Arábia Saudita e Rússia, que envolve a produção de petróleo, tirou parte da pressão sobre as bolsas globais. Na segunda-feira, integrantes da OPEP+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo e Aliados), liderados pelos dois países, irão fazer uma reunião virtual para debater possíveis cortes de produção.
Nesta sexta, o petróleo WTI e brent registravam altas de 13% e 16% no mercado de futuros. A apreciação, no entanto, foi insuficiente para elevar o preço dos papéis da Petrobras, que fecharam em queda, com a preponderância do cenário desfavorável. Os papéis ordinários da estatal fecharam em baixa de 0,71% e os preferenciais, de 1,1%.