Bolsa: alta foi favorecida pelo clima favorável nos mercados no exterior (Germano Lüders/Exame)
Reuters
Publicado em 29 de janeiro de 2020 às 10h24.
Última atualização em 29 de janeiro de 2020 às 16h36.
São Paulo — A bolsa não tinha uma direção clara nesta quarta-feira, enquanto investidores aguardam decisão de política monetária nos Estados Unidos, com a volatilidade ainda elevada nos mercados em razão das dúvidas relacionadas ao surto de coronavírus.
Às 16:35, o Ibovespa caía 0,35%, a 116.011,28 pontos. Mais cedo, na máxima, chegou a superar os 117 mil pontos. O volume financeiro somava cerca de 13,5 bilhões de reais.
Nos mercados financeiros, as preocupações relacionadas ao novo vírus que emergiu na China estão principalmente atreladas ao potencial efeito no crescimento chinês, que pode se refletir na atividade global.
Mais cedo, o economista do governo chinês Chang Ming estimou que o surto, que já matou mais de 130 pessoas e infectou quase 6 mil na China, pode reduzir o crescimento do PIB no primeiro trimestre em cerca de 1 ponto percentual.
"Nós provavelmente vamos captar números fracos da economia global advindos desse fator", avaliou o gestor Rogerio Xavier, sócio na SPX, em evento em São Paulo.
Ele acrescentou que o mundo no momento está estruturalmente com tendência de crescimento baixo, mas conjunturalmente na margem melhor. No entanto, acrescentou, agora com esse efeito que ainda tem dimensões e duração imprevisíveis.
"É um mundo que cresce menos estruturalmente", acrescentou, no mesmo evento, o gestor Luis Stuhlberger, da Verde Asset Management.
Ele destacou que o coronavírus, assim como a escalada da tensão entre EUA e Irã no final do ano, são assuntos graves. Mas no caso do Irã, o ruído não durou uma semana. "Dá uns sustinhos, mas (o mercado) logo volta ao normal."
No exterior, as bolsas na Europa e nos Estados Unidos também buscavam se manter no território positivo, com a temporada de resultados também no radar. O S&P 500 tinha elevação de 0,5%.
Nos EUA, o Federal Reserve anuncia sua decisão de juros às 16h (horário de Brasília). A expectativa é de manutenção da meta de juros na atual faixa de 1,50% a 1,75%. Assim, o foco estará na fala do chairman Jerome Powell, às 16h30.
"Este será o primeiro discurso após a assinatura da chamada fase 1 do acordo comercial entre EUA e China e o presidente deve falar também dos possíveis impactos do coronavírus na economia", ressaltou a equipe da Ágora Investimentos.
Em nota a clientes, a equipe da corretora, que pertence ao Bradesco, também avaliou que, com a agenda vazia, os investidores devem monitorar o noticiário internacional.
- SANTANDER BRASIL UNIT valorizava-se 0,4%, após divulgar crescimento de 9,4% no lucro líquido recorrente do quarto trimestre na comparação ano a ano, bem como estimar crescimento entre um dígito alto e dois dígitos baixos para a carteira de crédito em 2020.
- ITAÚ UNIBANCO PN tinha variação positiva de 0,5% e BRADESCO PN mostrava declínio de 0,3%, tendo no radar os números do Santander Brasil, mas também dados de crédito do Banco Central.
- WEG ON subia 4,6%, entre as maiores altas da sessão, ampliando a valorização acumulada no ano para cerca de 27% e renovando cotação recorde. Mais cedo, a companhia divulgou novas mudanças no corpo executivo.
- VALE ON perdia 0,6%, após alta na véspera, conforme o mercado segue atento a potenciais efeitos no crescimento chinês pelo surto de coronavírus, com a China prorrogando feriado e fechando várias fábricas.
- PETROBRAS PN tinha elevação de 0,5%, favorecida pela alta dos preços do petróleo no mercado externo.
- CIELO ON recuava 2,6%, entre as maiores quedas, conforme permanecem receios sobre a capacidade de empresa blindar seu resultado do aumento da competição no setor de meios de pagamentos no país.