Ibovespa opera em queda na contramão de altas no exterior
Dados de inflação e desemprego saem abaixo do esperado nos Estados Unidos e reduzem temores sobre estagflação
Guilherme Guilherme
Publicado em 14 de outubro de 2021 às 10h31.
Última atualização em 14 de outubro de 2021 às 16h17.
O Ibovespa recua nesta nesta quinta-feira, 14, sem conseguir acompanhar as altas do mercado internacional, que segue otimista com a temporada de balanços dos Estados Unidos. Às 16h15, o principal índice da B3 recua 0,56%, aos 112.815 pontos. No câmbio, o dólar comercial sobe a 0,27%, a 5,52 reais.
O que segura o Ibovespa são as pressões fiscais internas. Segundo a Bloomberg, o governo estuda corrigir o Bolsa Família pela inflação e prorrogar o auxílio emergencial – ainda que em menor valor – por mais dois anos, o que totalizaria um custo de 27 bilhões de reais.
As incertezas fazem o Ibovespa descolar do desempenho positivo dos índices dos EUA. Por lá, S&P 500 , Dow Jones e Nasdaq sobem mais de 1,5%, após grandes bancos do país – como Bank of America, Citigroup, Morgan Stanley e Wells Fargo – terem apresentado balanços melhores do que os esperados nesta manhã. Os resultados chegaram a impulsionar as ações dos bancos brasileiros nos primeiros negócios do dia, mas logo entraram em terreno negativo, se tornando uma das principais âncoras para a queda do Ibovespa, com Itaú ( ITUB4 ) e Bradesco ( BBDC4 ) caindo cerca de 1%.
Além dos resultados corporativos, investidores seguem atentos aos dados da inflação americana, que saíram abaixo do esperado, reduzindo os temores sobre a alta de preços no país. Divulgado nesta manhã, o índice de preço ao produtor americano (PPI, na sigla em inglês) cresceu 0,5% na comparação mensal ante a expectativa de 0,6% de alta. Já o núcleo do PPI saiu de 6,7% para 6,8% na comparação anual, abaixo do consenso de 7,1% de alta.
Na frente de crescimento, os pedidos semanais de seguro desemprego caíram de 329.000 para 293.000. Esta foi a primeira vez desde o início da pandemia em que o número ficou abaixo dos 300.000 pedidos. A inflação e o desemprego mais fracos ajudam a reduzir as preocupações de que o país entrasse em um estado de estagflação, movimento que combina inflação alta e crescimento estagnado.
Destaques da bolsa
Apesar do alívio, investidores seguem atentos aos sinais de disrupção da cadeia de suprimentos, que se refletem nos preços de commodities energéticas. Nesta manhã, o petróleo Brent sobe mais de 1% no mercado internacional, superando a marca de 84 dólares por barril.
A valorização chegou a contribuir para a alta das ações da Petrobras ( PETR3 / PETR4 ), que subiam cerca de 1% durante a manhã. No caso da petroleira, a alta também repercutia uma declaração do presidente Jair Bolsonaro, dizendo ter “vontade” de privatizar a estatal. Ao longo da tarde, porém, os papéis perderam força. Às 16h15, PETR3 era negociada em queda de 0,53%, enquanto PETR4 subia 0,03%.
Já a petroleira PetroRio ( PRIO3 ), com menor peso, figura entre as maiores altas do índice, subindo 3,86%.
Outro setor que ajuda a segurar a queda do Ibovespa é o de mineração, com as ações da Vale ( VALE3 ) subindo 0,06%, antes do balanço de sua concorrente australiana Rio Tinto, previsto para esta noite. Siderúrgicas também são negociadas em alta, com destaque para a Gerdau ( GGBR4 ), que avança 1,85%.
As maiores altas, no entanto, estão com os papéis do Inter (BIDI4/BIDI11) e Banco Pan (BPAN4), que lideram os ganhos do dia avançando 6,16%, 5,04% e 3,82%, respectivamente, após registrarem fortes quedas na última semana.
Na ponta negativa estão os papéis da construção civil, após a divulgação das prévias operacionais de empresas do setor. Após apresentarem menor número de vendas no terceiro trimestre, os papéis Cyrela ( CYRE3 ) recuam 3,13%. Fora do Ibovespa, a Even ( EVEN3 ), que também reportou menos vendas do que no mesmo período do ano passado, cai 4,17%.