Hapvida (HAPV3) cai 4% na bolsa após saída de co-CEO ligado à NotreDame
Irlau Machado Filho, que era CEO da NotreDame, deixou todos os cargos que ocupava no grupo em menos de um ano após fusão
Guilherme Guilherme
Publicado em 22 de novembro de 2022 às 13h46.
Última atualização em 22 de novembro de 2022 às 18h57.
As ações da Hapvida ( HAPV3 ) caíram 3m57% na tarde desta terça-feira, 22. A desvalorização do papel ocorreu após o anúncio da renúnciaIrlau Machado Filhoa todos os cargos que exercia na empresa, inclusive o de co-CEO e membro do Conselho de Administração.
Com sua saída, o posto mais alto da diretoria da Hapvida será ocupado unicamente por Jorge Pinheiro. Pinheiro esteve no comando da Hapvida desde 2001 e passou a compartilhar o cargo com o então CEO da NotreDame Intermédica, Machado Filho, após a fusão entre as empresas ter sido concluída em fevereiro deste ano.
O anúncio pegou parte do mercado de surpresa. "O histórico de sucesso de Irlau [Machado Filho] na NotreDame provavelmente deixará alguns investidores lamentando as notícias de hoje", afirmou o BTG Pactual em relatório divulgado a clientes no início do dia. "Ele é um executivo de primeira linha e a comunidade de investidores esperava que ele fosse uma força motriz no processo de integração", disse o banco.
Machado Filho esteve por oito anos no comando da NotreDame, sendo um dos responsáveis por levá-la à bolsa em 2018. Mas ainda que notícia possa ter desagradado, pouca gente no mercado acreditava que a estrutura de co-CEO adotada após a combinação de negócios teria vida longa.
"Por um lado, o fim da estrutura do co-CEO deve trazer maior eficiência – com menos redundância de cargos e predominância de uma cultura – e eliminar o overhang que acreditamos estar pesando na ação causado pela antecipação da saída de um dos CEOs", disseram analistas do Itaú BBA
Saída do Conselho levanta suspeitas
O que ninguém esperava era que o ex-CEO da NotreDame também deixaria o Conselho de Administração. "Os termos anunciadosforam um pouco diferentes daqueles que prevíamos. Como o Machado era um executivo conceituado, preferíamos vê-lo ainda desempenhando um papel na empresa como membro do Conselho", afirmou o Itáu .
A Hapvida disse que a saída do executivo foi motivada por "própositos e objetivos pessoais". As alegações, porém, levantaram suspeitas no mercado. "A Hapvidadisse que a decisão de Irlau se deu por motivos pessoais, mas o fato de ele também estar desocupando o cargo no Conselho pode parecer um tanto abrupto", pontuou o BTG Pactual.
Às incertezas da saída de Machado Filho, os analistas do Itaú pontuaram a possibilidade de o executivo estar de partida para algum concorrente. "Esperamos entender melhor esse risco, pois o fato relevante não menciona cláusulas de não concorrência."