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Hapvida e Intermédica recuam 5% após Cade considerar acordo ‘complexo’

Órgão antitruste teme concentração regional e pede informações complementares para aprovar fusão

Hospital da Hapvida: acordo com Intermédica já foi aprovado pela ANS | Foto: Leandro Fonseca/Exame (Leandro Fonseca/Exame)
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Beatriz Quesada

Publicado em 28 de setembro de 2021 às 12h21.

Última atualização em 28 de setembro de 2021 às 18h23.

As ações das operadoras de saúde Hapvida (HAPV3) e NotreDame Intermédica (GNDI3) fecharam o pregão desta terça-feira, 28, em queda de 5% após o Conselho Administrativo de Defesa Econômica ( Cade ) classificar o acordo de fusão entre as empresas como ‘complexo’.

Investidores também reagem às investigações sobre a atuação da Hapvida na pandemia. A Agência Nacional de Saúde (ANS) informou nesta terça que investiga a empresa em relação a suspeitas em prescrições contra a covid-19 – à exemplo do que já é apurado em relação à Prevent Senior.

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Na véspera, as ações de Hapvida e Intermédica já acumulavam perdas em torno de 2% com investidores preocupados com o futuro da fusão entre as companhias. O acordo para combinação dos negócios das duas maiores empresas de saúde verticalizadas do Brasil foi assinado em fevereiro. O negócio de 115 bilhões de reais já foi aprovado pelas duas empresas e também pela ANS.

O Cade, no entanto, teme que o negócio gere concentração regional no mercado de saúde e solicitou informações complementares para aprofundar a análise do acordo, segundo consta despacho no Diário Oficial e na nota técnica no site do órgão regulador na última sexta-feira, 24.

O que dizem os analistas

Porém, a decisão não deve afetar os potenciais benefícios do acordo na visão dos bancos Bradesco BBI e BTG Pactual. “A sobreposição entre os portfólios é pequena: apenas 9% da base tem potenciais problemas de concentração”, afirmam os analistas do BBI em relatório. A recomendação do banco é neutra para Hapvida e de compra para Intermédica.

Já o BTG mantém recomendação de compra para os dois papéis mesmo com a nova nota do Cade. “Para fins práticos, declarar um negócio complexo significa apenas que a equipe técnica do Cade se aprofundará em sua análise de ‘concentração do mercado regional’. Nossa visão permanece a mesma: não acreditamos que potenciais 'remédios' propostos por sua equipe técnica serão, de forma alguma, um problema”, dizem os analistas em relatório.

Em operações de fusões e aquisições (M&A), ‘remédios’ podem incluir venda de parte dos ativos para evitar concentração de mercado. Segundo o BTG, o Cade identificou algumas sobreposições entre as empresas em operações regionais de Minas Gerais, São Paulo e Santa Catarina, que correspondem a cerca de 20% de suas operações de afinidades e 10% na divisão corporativa.

Porém, assim como o BBI, o BTG considera que a sobreposição é pequena diante das potenciais sinergias entre os negócios. “Hapvida não está presente no principal pólo de crescimento da Intermédica que é a cidade de São Paulo, onde a GNDI tem 25% do mercado compartilhado. Da mesma forma, a Intermédica tem exposição quase nula nas regiões Norte e Nordeste, que abrigam mais de 60% do portfólio da Hapvida”, argumentam.

O pedido de maiores informações também não deve afetar o cronograma da operação, de acordo com os analistas. Isso porque a equipe técnica do Cade pode demorar até 8 meses para publicar seu relatório (prazo iniciado em 16 de junho), com mais 3 meses para que seu conselho dê o veredicto final. No total, o processo geral pode levar 11 meses – o que ainda abre espaço para aprovação do negócio no início do próximo ano.

 

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