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GPA (PCAR3): inflação e despesas com reestruturação pressionam resultado; ação cai

Companhia até conseguiu melhorar sua receita, que cresceu 8,9%, para R$ 10,45 bilhões, mas segue com a rentabilidade do negócio bastante pressionad

GPA: Migração de hipermercados para outras lojas não está nivelada (Nacho Doce/Reuters)

GPA: Migração de hipermercados para outras lojas não está nivelada (Nacho Doce/Reuters)

O mercado está com dificuldades para digerir o resultado do terceiro trimestre do  GPA (PCAR3), dono das redes Pão de Açúcar e Extra. No começo da tarde desta sexta-feira, 04, as ações caíam mais de 5%, refletindo os números que analistas de mercado classificaram como fracos.

A companhia até conseguiu melhorar sua receita, que cresceu 8,9%, para R$ 10,45 bilhões, mas segue com a rentabilidade do negócio bastante pressionada enquanto tenta arrumar a casa após o fim do modelo de hipermercados do Extra.

O prejuízo líquido mais do que triplicou no terceiro trimestre. O resultado ficou negativo em R$ 288 milhões, 221% pior do que um ano antes. O prejuízo líquido atribuído a controladores foi de R$ 296 milhões.

Tudo pesou. A equipe de análise de ações do varejo da XP Investimentos destaca que o Ebitda ficaram menores do que o esperado enquanto resultados foram mais fracos na Cnova (operçaão de varejo on-line da qual o grupo é um dos acionistas), as despesas não operacionais da reestruturação de lojas aumentaram, bem como as contingências.

Para analistas do Goldman Sachs, os resultados abaixo do esperado tem como origem tanto o GPA Brasil quanto as operações da Éxito (na Colômbia, Uruguai e Argentina), com pressões inflacionárias causando um impacto maior nas margens brutas do que o previsto. "O terceiro trimestre ainda foi desafiador", escreveram.

Enquanto se reorganiza, convertendo lojas que eram dos hipermercados Extra para Mercado Extra ou Pão de Açúcar, a companhia tem tido dificuldade em repassar a inflação para os preços. "Muitas das nossas lojas conseguimos repassar, mas algumas em regiões com concorrência mais acirrada, tem sido mais difícil. Vai ser gradual. A gente entende ser importante, nesse primeiro momento, consolidar a proposta de valor para que o cliente veja no Pão o destino para fazer a compra completa e não só a premium", disse Marcelo Pimentel, CEO do GPA, em teleconferência com analistas.

A margem bruta da operação no Brasil caiu 1,1 ponto percentual devido à atividade promocional mais intensa e maiores custos de embalagem, logística e entrega de última milha. "Os investimentos em preço e os custos de estrutura pressionaram o resultado no Brasil", observam os analistas do Bank of America, que veem, no entanto, fatores encorajadores com a possibilidade de cisão das operações do grupo colombiano Éxito.  

Conversões dos hipermercados Extra

As conversões dos hipermercados Extra ainda não estão num patamar nivelado, segundo Pimentel. A velocidade é maior na migração para o Mercado Extra, mas o processo é mais complexo na mudança para a bandeira Pão de Açúcar, em que o perfil de consumidor é diferente.

Dentro da bandeira Extra, diz o executivo, a proposta de valor no segmento alimentar é a mesma, o que ajuda a explicar a diferença no ritmo. "Para Pão de Açúcar está em 90% do que esperávamos. Então é uma melhoria gradual. Duas lojas ainda abaixo e temos um grupo de trabalho para elas. Com relação a rentabilidade e aderência, estamos satisfeitos. O NPS (sigla em inglês para o indicador que mede a satisfação do cliente) está bem maior e participação de perecíveis acima de 50%, que era o que queríamos."

 

 

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