Exame Logo

Gestores de fundos terão mais dificuldade em novo Ibovespa

Boas apostas de alta ou baixa de papéis ficarão menos evidentes depois que participação dos setores e empresas passarem a ser medidas pelo valor de mercado

Bovespa:  mudança do Ibovespa tem como objetivo eliminar distorções, pois a liquidez não determinará sozinha o peso ativo no índice, de modo que os bons e maus negócios ficarão menos óbvios (Paulo Fridman/Bloomberg)
DR

Da Redação

Publicado em 7 de outubro de 2013 às 08h33.

São Paulo - As nova metodologia do Ibovespa , que passará a ponderar a relevância das empresas por valor de mercado, fará com que os gestores que usam o principal índice acionário brasileiro como referência de rentabilidade tenham mais dificuldades de superar o desempenho médio do mercado.

As boas apostas de alta ou baixa de papéis, segundo participantes do mercado, ficarão menos evidentes depois que a participação dos setores e empresas no índice passarem a ser medidas pelo valor de mercado, e não apenas pela liquidez.

O Ibovespa serve de referência para mais de 22 bilhões de reais em aplicações, de acordo com dados relativos ao fim de setembro da Associação Brasiliera das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

No momento, empresas como a petroleira OGX e as construtoras, que têm tido claro viés de baixa, têm sido alvos certos para os gestores garantirem desempenho de seus fundos acima do Ibovespa.

"Como a Bovespa tem hoje ativos muito líquidos e com pouca atratividade, acaba sendo uma operação natural alugar os ativos que têm visão negativa e liquidez", disse o gerente executivo de fundos de ações do Banco do Brasil DTVM, Jorge Ricca, que tem 8 bilhões de reais em ativos sob gestão.

Negócios com estes ativos aumentam sua liquidez e tornam seu peso no índice ainda maior, num processo de retroalimentação.

A mudança do Ibovespa, que começa a valer em 2014, tem como objetivo eliminar este tipo de distorção, pois a liquidez não determinará sozinha o peso ativo no índice, de modo que os bons e maus negócios ficarão menos óbvios.

"O objetivo de um fundo que visa ganhar do Ibovespa vai ser em cima de um ativo que é melhor. O gestor vai ter um dever a mais ao ter que gerar um retorno acima do índice para o seu cliente", afirmou Roberto Reis, superintendente de gestão de fundos da Santander Asset Management.


Um exemplo da distorção gerada pela metodologia atual do índice é a ação da construtora PDG Realty. A empresa, com valor de mercado de 3,3 bilhões de reais no fim de setembro, ocupa o 12º lugar na carteira teórica do Ibovespa para o último quadrimestre de 2013. Ambev, com valor de 266,31 bilhões de reais no fim do mês passado, ocupa o 15º posição.

Segundo simulações do Credit Suisse, a situação deve se inverter com as mudanças no índice. A PDG cairá para o 24º lugar após o primeiro rebalanceamento, em janeiro, e passará para o 55º lugar no segundo, em maio. Por sua vez, a Ambev subirá para a 7ª posição em janeiro e manterá a colocação em maio.

O setor que ganhará mais peso no índice será o de bancos, com fatia subindo de 15 para 25 por cento.

O fim das chamadas "penny stocks", ações com valor nominal inferior a 1 real, também tornará a vida dos gestores mais difícil. Hoje, o exemplo mais emblemático é do da OGX, que tem o quarto maior peso na carteira teórica vigente até dezembro. Na sessão de sexta-feira, por exemplo, a ação da OGX subiu apenas um centavo, para 0,23 real, mas exerceu a maior influencia positiva sobre o Ibovespa, acrescentando ao índice 71 pontos.

Sem as penny stocks, a possibilidade de um papel isoladamente mexer com a bolsa será muito menor, disse o gestor da Oliveira Trust José Alexandre de Freitas.

"A ideia é que se tenha uma volatilidade muito menor. Pelos testes, as mudanças poderiam impactar em torno de 5 a 10 por cento sobre a variação do índice (em relação ao modelo vigente)", afirmou Freitas.

Atratividade

As mudanças também devem tornar o Ibovespa mais atrativo para investidores que atualmente adotam outros índices como referência para suas carteiras.


Nos últimos anos, investidores institucionais --em especial fundos de pensão-- adotaram em maior escala o uso do IBrX como referência devido à sua estrutura ligada a valor de mercado.

Mais recentemente, alguns investidores passaram a usar índices criados no exterior para o mercado brasileiro, como o MSCI Brazil. A expectativa é de que este movimento seja interrompido com a entrada em vigor do novo Ibovespa.

"Com o tempo a tendência é os investidores passarem a olhar para o Ibovespa, pois buscaram o IBrX pela ponderação de valor de mercado, e isso o Ibovespa também vai ter agora", afirmou Marcelo de Jesus Perossi, superintendente nacional de gestão de ativos de terceiros da Caixa Econômica Federal.

A gestora Quantitas Asset Management era uma das instituições que pretendia criar novos fundos de investimento a atrelados ao IBrX, mas suspendeu os planos após as mudanças anunciadas no índice, contou o sócio Marcelo Fritzen.

Veja também

São Paulo - As nova metodologia do Ibovespa , que passará a ponderar a relevância das empresas por valor de mercado, fará com que os gestores que usam o principal índice acionário brasileiro como referência de rentabilidade tenham mais dificuldades de superar o desempenho médio do mercado.

As boas apostas de alta ou baixa de papéis, segundo participantes do mercado, ficarão menos evidentes depois que a participação dos setores e empresas no índice passarem a ser medidas pelo valor de mercado, e não apenas pela liquidez.

O Ibovespa serve de referência para mais de 22 bilhões de reais em aplicações, de acordo com dados relativos ao fim de setembro da Associação Brasiliera das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

No momento, empresas como a petroleira OGX e as construtoras, que têm tido claro viés de baixa, têm sido alvos certos para os gestores garantirem desempenho de seus fundos acima do Ibovespa.

"Como a Bovespa tem hoje ativos muito líquidos e com pouca atratividade, acaba sendo uma operação natural alugar os ativos que têm visão negativa e liquidez", disse o gerente executivo de fundos de ações do Banco do Brasil DTVM, Jorge Ricca, que tem 8 bilhões de reais em ativos sob gestão.

Negócios com estes ativos aumentam sua liquidez e tornam seu peso no índice ainda maior, num processo de retroalimentação.

A mudança do Ibovespa, que começa a valer em 2014, tem como objetivo eliminar este tipo de distorção, pois a liquidez não determinará sozinha o peso ativo no índice, de modo que os bons e maus negócios ficarão menos óbvios.

"O objetivo de um fundo que visa ganhar do Ibovespa vai ser em cima de um ativo que é melhor. O gestor vai ter um dever a mais ao ter que gerar um retorno acima do índice para o seu cliente", afirmou Roberto Reis, superintendente de gestão de fundos da Santander Asset Management.


Um exemplo da distorção gerada pela metodologia atual do índice é a ação da construtora PDG Realty. A empresa, com valor de mercado de 3,3 bilhões de reais no fim de setembro, ocupa o 12º lugar na carteira teórica do Ibovespa para o último quadrimestre de 2013. Ambev, com valor de 266,31 bilhões de reais no fim do mês passado, ocupa o 15º posição.

Segundo simulações do Credit Suisse, a situação deve se inverter com as mudanças no índice. A PDG cairá para o 24º lugar após o primeiro rebalanceamento, em janeiro, e passará para o 55º lugar no segundo, em maio. Por sua vez, a Ambev subirá para a 7ª posição em janeiro e manterá a colocação em maio.

O setor que ganhará mais peso no índice será o de bancos, com fatia subindo de 15 para 25 por cento.

O fim das chamadas "penny stocks", ações com valor nominal inferior a 1 real, também tornará a vida dos gestores mais difícil. Hoje, o exemplo mais emblemático é do da OGX, que tem o quarto maior peso na carteira teórica vigente até dezembro. Na sessão de sexta-feira, por exemplo, a ação da OGX subiu apenas um centavo, para 0,23 real, mas exerceu a maior influencia positiva sobre o Ibovespa, acrescentando ao índice 71 pontos.

Sem as penny stocks, a possibilidade de um papel isoladamente mexer com a bolsa será muito menor, disse o gestor da Oliveira Trust José Alexandre de Freitas.

"A ideia é que se tenha uma volatilidade muito menor. Pelos testes, as mudanças poderiam impactar em torno de 5 a 10 por cento sobre a variação do índice (em relação ao modelo vigente)", afirmou Freitas.

Atratividade

As mudanças também devem tornar o Ibovespa mais atrativo para investidores que atualmente adotam outros índices como referência para suas carteiras.


Nos últimos anos, investidores institucionais --em especial fundos de pensão-- adotaram em maior escala o uso do IBrX como referência devido à sua estrutura ligada a valor de mercado.

Mais recentemente, alguns investidores passaram a usar índices criados no exterior para o mercado brasileiro, como o MSCI Brazil. A expectativa é de que este movimento seja interrompido com a entrada em vigor do novo Ibovespa.

"Com o tempo a tendência é os investidores passarem a olhar para o Ibovespa, pois buscaram o IBrX pela ponderação de valor de mercado, e isso o Ibovespa também vai ter agora", afirmou Marcelo de Jesus Perossi, superintendente nacional de gestão de ativos de terceiros da Caixa Econômica Federal.

A gestora Quantitas Asset Management era uma das instituições que pretendia criar novos fundos de investimento a atrelados ao IBrX, mas suspendeu os planos após as mudanças anunciadas no índice, contou o sócio Marcelo Fritzen.

Acompanhe tudo sobre:AçõesB3bolsas-de-valoresIbovespaMercado financeiro

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Mercados

Mais na Exame