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Gestora de ações internacionais dribla bear market no exterior com estratégia anticrise

"Gosto dessa característica de mercado, em que gestão ativa realmente passa a fazer diferença", disse Felipe Mattar, da Atmosphere Capital, em entrevista à EXAME Invest

Urso: símbolo do mercado em queda (sesame/Getty Images)
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Guilherme Guilherme

Publicado em 11 de junho de 2022 às 07h46.

A piora da percepção sobre a economia global, ameaçada pela inflação, aperto monetário e menor atividade da China, tem penalizado bolsas do mundo todo.

O S&P, principal referência do mercado de ações americano, acumula mais de 18% de queda desde o início do ano, enquanto o Índice Nasdaq, das principais empresas de tecnologia, já caiu mais de 27%. Apesar do cenário adverso, a gestora Atmosphere Capital tem obtido resultados expressivos investindo em ações internacionais.

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O desempenho do principal fundo da casa está positivo em 8,5% no ano. O retorno, além de muito superior à queda de índices internacionais, representa quase o dobro do rendimento do CDI no mesmo período.

“Não temos correlação com nada”, disse Felipe Mattar, CIO da Atmosphere, em entrevista à EXAME Invest. Mattar cobriu mercados de diversas regiões em suas trajetórias por bancos estrangeiros, como Goldman Sachs, Barclays e Citi. Mas escolheu trabalhar apenas com os desenvolvidos, por considerar mais adequados à estratégia da Atmosphere.

“São mercados com grande pressão regulatória e muita liquidez. Monitoramos ativos com negociação diária mínima de US$ 25 milhões, para termos aderência aos ETFs e derivativos para proteção. Se investíssemos no Brasil, esse universo seria de 12 ou 13 ativos, mas monitoramos 400”, afirmou.

Felipe Mattar, CIO da Atmosphere Capital (Atmosphere Capital/Divulgação)

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A estratégia

A estratégia da Atmosphere se assemelha a de fundos long & short, só que com muito mais flexibilidade. “Podemos ficar comprados em 70% do portfólio ou ficar short bias, com a maior parte em posição vendida. Isso ajuda a controlar as perdas e a impulsionar os ganhos.”

O foco, assim como um fundo de ações fundamentalista, é no negócio das empresas – o que não necessariamente significa ficar exposto ao setor em que ela está inserida.

Uma das estratégias recentes da Atmosphere envolve apostar na alta de petrolíferas específicas e na queda do mercado de petróleo. “Se também estou otimista com o setor, mantenho as ações e desmonto a posição vendida”, explicou Mattar.

Para identificar os melhores negócios, a Atmosphere se concentra em setores específicos. Entre eles, a cadeia de industrial energética, de bens de produção, saneamento e commodities.

“Não cobrimos empresas de tecnologia da informação, como Facebook e Google, mas podemos ter a Tesla dentro do universo de equipamento de energia limpa”, disse.

O pior já passou?

Embora não tenha a empresa de Elon Musk no portfólio, Felipe Mattar começa a ver espaço para a recuperação de empresas de maior perspectiva de crescimento, como costumam ser as de tecnologia.

“Parece que já foi boa parte do ajuste de preço das empresas com maior expectativa de expansão para os próximos 3 ou 4 anos. Mas não estou comprando ações com históricas de crescimento de uma década.”

A seleção de empresas com maior potencial de retorno, segundo Mattar, se tornou ainda mais relevante diante do cenário de compressão de margens.

Segundo o CIO da Atmosphere, três tipos de empresas devem navegar melhor em meio às turbulências econômicas: as que repassam custos com facilidade, as com restrição de oferta e as consolidadoras de mercado.

“O mercado se tornou bastante seletivo, em temas e histórias individuais. Tem setores que vão se beneficiar bastante e outros que vão continuar sofrendo. Gosto dessa característica de mercado, em que gestão ativa realmente passa a fazer diferença.”

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