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Fim do ciclo de alta da Selic? Cresce expectativa de novo ajuste em agosto

Economistas veem espaço para Copom elevar taxa básica de juros para até 13,75% ao ano; "ativismo fiscal", aperto mais duro no exterior e melhor expectativa de crescimento motivaram novas projeções

Banco Central: cresce expectativa de que fim do ciclo de alta de juros fique para a decisão de agosto (Gil Ferreira/Agência CNJ/Reprodução)

Banco Central: cresce expectativa de que fim do ciclo de alta de juros fique para a decisão de agosto (Gil Ferreira/Agência CNJ/Reprodução)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 13 de junho de 2022 às 16h03.

Última atualização em 13 de junho de 2022 às 17h29.

Perspectivas de que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central dê continuidade ao ciclo de alta da taxa de juros Selic após a decisão desta quarta-feira, 15, vêm ganhando força entre os principais bancos de investimentos. O coro é endossado por Itaú BBA, BTG Pactual, Goldman Sachs e J. P. Morgan, que passaram a ver uma nova elevação de juros na reunião de agosto como o cenário mais provável.

"O recente ativismo fiscal, com o governo propondo políticas expansionistas para reduzir (principalmente) os preços de energia, foi particularmente decisivo para a revisão de nossas estimativas, levando-nos a adicionar uma alta final em agosto, apesar da recente redução do nosso IPCA para o fim deste ano", afirmou o relatório recente do J.P. Morgan assinado pela economista-chefe para o Brasil, Cassiana Fernandez, e pelo economista Vinicius Moreira.

O consenso do mercado para a Selic deste ano, segundo a parcial do boletim Focus divulgada na semana passada, ainda era de 13,25%, indicando mais uma elevação de 50 pontos base na reunião desta semana.  Mas dados melhores que o esperado para o PIB do primeiro trimestre reforçaram as expectativas de que a Selic suba acima do previsto anteriormente, segundo o J. P. Morgan, para 13,75%. Se confirmada, a taxa de juros será a mais alta desde 2016.

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Selic de 13,75%

Essa também é a projeção de economistas do BTG Pactual, que se apoiam em preços altos de commodities e em recentes declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sobre o forte desempenho da atividade econômica, "sobretudo do mercado de trabalho". "O Banco central tem uma boa oportunidade para uma postura mais hawkish [contracionista] em relação aos comunicados anteriores", disse em relatório a equipe de economistas liderada por Álvaro Frasson.

Para o Goldman Sachs, o mais provável é que o Copom confirme a alta da Selic para 13,25% na próxima reunião, deixando a porta aberta para um novo ajuste em agosto. Mas a equipe liderada por Alberto Ramos, diretor de América Latina do banco, não descarta a possibilidade de o Copom surpreender o mercado nesta quarta, elevando a Selic em 75 pontos base para 13,50% e encerrando o ciclo de ajustes.

À alta de juros adicional o Goldman Sachs atribui a deterioração das estimativas de inflação para 2023, pressões de custo e sinalizações de apertos monetários mais duros nos Estados Unidos e Europa. Já o fim do ciclo em junho, com uma elevação de 75 pontos base, segundo o banco, "pode ser justificado pelos efeitos defasados ​​de uma postura monetária já claramente restritiva e pelo aumento da incerteza geopolítica e econômica global em meio à alta volatilidade financeira". 

Já os economistas do Itaú BBA, que também esperam por uma nova elevação de juros em agosto, para 13,75% ao ano, agora esperam um ciclo mais lento de corte de juros para o próximo ano. A projeção, revisada na semana passada, passou de Selic de 8,75% para 9,75% para 2023. Eles ressaltaram, porém, que o movimento deverá depender da política econômica adotada pelo governo que vencer as eleições presidenciais deste ano -- "em particular no que diz respeito ao controle das contas públicas".

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