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Fed: Mercado aposta em nova alta de juros de 0,75 p.p. nos EUA em decisão desta quarta

Investidores aguardam por indícios de suavização do aperto monetário a partir da próxima reunião do Fomc, em dezembro

 (Ting Shen/Bloomberg via/Getty Images)

(Ting Shen/Bloomberg via/Getty Images)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 2 de novembro de 2022 às 06h00.

O Fomc, comitê de política monetária do Federal Reserve (Fed), chega para a decisão desta quarta-feira, 2, sob grande expectativa de que eleve sua taxa de juros em mais 0,75 ponto percentual para o intervalo entre 3,75% e e 4%. Se confirmada, será a quarta elevação de mesma magnitude, considerada agressiva para os parâmetros americanos.

Com as apostas praticamente unânimes para mais uma alta de 0,75 p.p., o espaço para surpresas deve ficar com o comunicado do presidente do Fed, Jerome Powell. A dúvida é se Powell irá moderar o tom do discurso contra a inflação, passando a dar mais atenção aos riscos de desacelaração da economia americana.

Qualquer sinalização nesse sentido pode aumentar esperança de investidores sobre uma alta mais branda na última decisão de juros do ano, em dezembro. No mercado de juros dos Estados Unidos, as apostas seguem dividas entre uma elevação de 0,50 p.p. e 0,75 p.p., que levaria a taxa do Fed a terminar o ano entre 4,50% e 4,75%.

"O foco do mercado será em entender se o ritmo de aumentos merece uma 'redução', considerando os recentes eventos nos mercados globais, o medo de instabilidade financeira e supostos progressos na frente da inflação", disse em relatório Jaime Valdívia, economista-chefe Global da Galapagos Capital.

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A expectativa de uma eventual redução do ritmo ocorre em a sinais de que a a inflação dos Estados Unidos já passou do pico. O Índice de Preço ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês), que chegou a 9,1% em junho, terminou setembro com alta acumulada de 8,2% em 12 meses.

Dados da atividade econômica, no entanto, jogam contra o relaxamento do aperto monetário. O PIB dos Estados Unidos, que vinha dois trimestres de queda, saltou 2,6% no terceiro trimestre, superando até mesmo as expectativas já otimistas do mercado para o dado.

Mas o que mais tem preocupado o Fed é a força do mercado de trabalho americano, que segue sem dar espaços para uma desaceleração da economia e, consequentemente, da inflação dos Estados Unidos. Na última divulgação da taxa de desemprego, o número saiu abaixo do esperado, ficando em 3,5%. O patamar, considerado como de pleno emprego, é o mesmo do pré-pandemia.

Segundo o próprio Jerome Powell, o controle da inflação americana, necessariamente, deverá passar pelo impacto da alta de juros no mercado de trabalho. Para alguns investidores, enquanto isso não for sentido, pode ser cedo demais para apostar no afrouxamento das políticas do Fed. Apostas mais duras do mercado indicam que ainda há espaço para a taxa de juro americana passar de 5% nos primeiros meses do ano que vem.

"Faz sentido para nós o Fed reduzir a alta para 0,5 ponto percentual em dezembro, mas acompanhado de uma revisão da taxa terminal para entre 5,25 e 5,5% e uma
explicação clara de que a campanha de aperto monetário vai durar mais", disse Valdívia.

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