Ex-secretário do Tesouro dos EUA alerta para risco de recessão no país
Summers fez o comentário ao ser questionado se concorda com a declaração da atual secretária do Tesouro norte-americano, Janet Yellen, de que "não há nada que sugira uma recessão econômica no curto prazo"
Estadão Conteúdo
Publicado em 12 de junho de 2022 às 19h41.
Os Estados Unidos precisam estar preparados para o risco de recessão com a inflação no país no maior nível desde dezembro de 1981, disse o ex-secretário do Tesouro e consultor econômico de governos democratas Larry Summers, em entrevista ao programa State of the Union, da emissora de TV CNN.
"Acho que, quando a inflação está tão alta e o desemprego tão baixo quanto agora, quase sempre isso é seguido dentro de dois anos por recessão. Eu olho para o que está acontecendo nos mercados de ações e títulos, para onde está o sentimento do consumidor e acho que certamente há um risco de recessão no próximo ano e acho que, dado onde chegamos, é mais provável do que não que tenhamos uma recessão dentro dos próximos dois anos", afirmou.
O programa vai ao ar na noite de domingo, mas a CNN divulgou trechos da entrevista antecipadamente.
Summers fez o comentário ao ser questionado se concorda com a declaração da atual secretária do Tesouro norte-americano, Janet Yellen, de que "não há nada que sugira uma recessão econômica no curto prazo" nos EUA e dizer que não está de acordo.
Ele afirmou que os EUA precisam "estar preparados para responder rapidamente se e quando isso (a recessão) acontecer". "Acho que os otimistas estavam errados há um ano ao dizer que não tínhamos inflação e acho que eles estão errados agora se alguém está altamente confiante de que vamos evitar a recessão."
Questionado se a inflação atingiu o pico ou os preços podem subir ainda mais, Summers disse que "dependerá do presidente (russo) Putin" e o que ocorrerá com as cotações do petróleo.
"Há um risco de que (a inflação) vá aumentar ainda mais e não acho que seja provável que vá retroceder muito rapidamente. Acho que as previsões do Fed tenderam a ser excessivamente otimistas sobre isso e espero que eles reconheçam totalmente a gravidade do problema nas suas projeções quando se reunirem nesta semana", disse.
O ex-secretário do Tesouro defendeu a retirada de "muitas" tarifas de importação sobre produtos chineses. "Devemos focar no que é importante, não aumentar custos de matérias-primas para fabricantes norte-americanos, o que faz com que sejam menos competitivos, que é o que muitas dessas tarifas fazem."
Summers afirmou ainda que os EUA deveriam aprovar legislação que reverta cortes de tributos feitos por Trump, se juntar ao mundo em taxar corporações "adequadamente" e reduzir preços de medicamentos sob receita. "Tudo isso contribuiria para reduzir a inflação."