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Ex-presidente da Nissan, brasileiro Carlos Ghosn diz que fusão com Honda “não faz sentido”

Juntas, empresas buscam enfrentar concorrência de empresas produtoras de veículos elétricos

Carlos Ghosn em depoimento ao documentário "Procurado - A Fuga de Carlos Ghosn". (Apple TV+/Divulgação)
EFE

Agência de Notícias

Publicado em 23 de dezembro de 2024 às 11h31.

O brasileiro Carlos Ghosn, que foi presidente e CEO da montadora Nissan Motor e está foragido da Justiça japonesa desde 2019, disse nesta segunda-feira, 23, que a possível fusão da empresa com a Honda Motor “não faz sentido”, por ambas não se complementarem.

“Não há complementaridade. São duas empresas fortes na mesma coisa e fracas na mesma. Há duplicação e, para mim, (a fusão) não faz sentido”, disse Ghosn, no Líbano, em uma entrevista coletiva por teleconferência organizada pelo Clube de Correspondentes Estrangeiros do Japão.

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O jornal de negócios "Nikkei" informou na semana passada que Nissan e Honda pretendiam unir forças para enfrentar a concorrência no setor de veículos elétricos de empresas chinesas e norte-americanas, como BYD e Tesla.

Nesta segunda-feira, as duas empresas, duas das principais do país asiático, realizaram uma entrevista coletiva na qual anunciaram o início das negociações para criar uma holding.

Essa união daria origem à terceira maior montadora do mundo em volume de vendas, atrás da também japonesa Toyota Motor e da alemã Volkswagen AG.

Ghosn enfatizou que a Honda “não tem experiência em alianças ou fusões, apesar de ser uma empresa bem-sucedida”, e expressou dúvidas sobre a capacidade da administração da empresa que ele dirigiu de enfrentar os desafios que tem pela frente, incluindo seus piores resultados na China.

A Nissan registrou uma queda anual de 93,5% no lucro líquido no período de abril a setembro, atribuída principalmente às vendas mais fracas na China.

“A Nissan foi marginalizada por suas próprias fraquezas e seus próprios erros”, disse Ghosn, em contraste com o desempenho de outras empresas do mesmo setor, notadamente a Tesla, de Elon Musk, a quem ele atribuiu pessoalmente grande parte do sucesso da empresa.

O brasileiro também elogiou a Foxconn, de Taiwan, aparentemente interessada em adquirir parte da Nissan, um movimento que Ghosn considera “interessante”, pois seria uma “extensão” dos negócios da gigante dos eletrônicos e haveria “complementaridade”.

Ghosn vive no Líbano desde 2019, após fugir da prisão no Japão, que o acusa de esconder das autoridades do país uma série de pagamentos de indenização acordados entre 2011 e 2018 com a Nissan no valor de 9,1 bilhões de ienes (US$ 57 milhões) a serem pagos após sua saída da empresa.

Por considerar que não receberia um julgamento justo no Japão, Ghosn fez uma fuga espetacular para o Líbano, liderada por um ex-membro das Forças Especiais do Exército dos Estados Unidos.

Embora ele também seja procurado pela França em um processo à parte, por supostas irregularidades financeiras, não é esperado que as autoridades libanesas extraditem Ghosn para nenhum dos dois países.

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