Estreia da brasileira Stone na Nasdaq pode movimentar até US$1,1 bilhão
Empresa segue os passos da rival PagSeguro, que em janeiro captou US$2,7 bi no maior IPO de uma empresa brasileira no mercado americano
Estadão Conteúdo
Publicado em 17 de outubro de 2018 às 08h48.
Última atualização em 26 de outubro de 2018 às 11h49.
São Paulo - A brasileira Stone , de meios de pagamento, definiu na terça-feira, 16, os termos de sua oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) em Nova York. A estreia da empresa de "maquininhas" na Nasdaq deve movimentar até US$ 1,1 bilhão, caso a ação saia no maior valor previsto, segundo prospecto da empresa arquivado na SEC, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) dos Estados Unidos.
A faixa indicativa de preço do papel ficou entre US$ 21 e US$ 23. A empresa segue os passos da rival PagSeguro, que em janeiro captou US$ 2,7 bilhões no maior IPO de uma empresa brasileira no mercado americano.
A operação já tem entre os interessados um peso pesado dos investimentos, o fundo Berkshire Hathaway, do megainvestidor Warren Buffett, que pode ficar com quase 14 milhões das ações ofertadas. Segundo o documento, a brasileira vai vender 40.909.091 ações ordinárias, que poderão ser acrescidas em 6.818.182 ações. Além de Buffett, outros nomes como T. Rowe Price Associates e Madrone Opportunity já tornaram pública a vontade ficar com parte dos papéis oferecidos.
Com o interesse desses grupos, que funcionam como investidores âncoras, a percepção é de que a empresa não terá dificuldade em concluir a oferta, que ocorre em meio às eleições presidenciais no Brasil. A ação deve ser precificada logo após o segundo turno das eleições. A Stone reportou um lucro líquido nos seis primeiros meses do ano de R$ 88 milhões, ante um prejuízo de R$ 76 milhões no mesmo período do ano anterior.
Trajetória
Fundada em 2012 e controlada pelos fundadores André Street e Eduardo Pontes, a empresa tem entre seus acionistas minoritários a britânica Actis LLP e a brasileira Gávea Investimentos. Estão ainda na lista de sócios o fundo Tiger Global Investors, a Madrone Partners, empresa de investimentos que gerencia parte da fortuna da família Walton - principal proprietária do gigante de varejo Walmart, e três dos fundadores do 3G Capital: Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira.
A participação da empresa no mercado alcançou fatia de 5,4% no primeiro trimestre de 2018, segundo levantamento da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (ABECS).
Segundo Edson Santos, especialista na área de meios de pagamentos, ao contrário da PagSeguro, que tem foco nos pequenos comerciantes, a Stone prioriza o empreendedor de porte médio, público que disputa com credenciadoras tradicionais, como Cielo e Rede.
Além de meios de pagamento, a Stone oferece pacotes de outros serviços, como softwares de gestão, para atrair o lojista que não teria recursos para contratar os serviços de forma individualizada. "Isso faz com que a Stone suba a cadeia de valor daquele lojista, ao atender outras necessidades dele, o que cria uma fidelização", completou o especialista.
Eleições
No prospecto enviado ao regulador americano, a Stone destaca, entre os riscos relacionados ao País, as eleições, diante da atual incerteza econômica do País, que pode, segundo a companhia, "machucar a empresa e o preço da ação".
"Em relação à eleição geral neste ano no Brasil, que inclui a presidencial, alguns candidatos propuseram a imposição de taxação nos dividendos em sua agenda", frisa a Stone, destacando, que, dessa forma, se essa medida for aprovada poderá haver um aumento da tributação. "Não podemos garantir que o novo governo federal não mudará as atuais políticas em relação à economia brasileira e que tais mudanças não afetarão nossos negócios", destaca.
A oferta da Stone está sendo estruturada pelo Goldman Sachs, JPMorgan, Citigroup, Itaú BBA, Credit Suisse, Morgan Stanley, BofA Merrill Lynch e BTG Pactual.
Além da PagSeguro, que passou a negociar suas ações na Bolsa de Nova York no início do ano, há poucas semanas, a Arco Educação, dona da plataforma SAS Sistema de Ensino e da International School, sistema de ensino bilíngue, também estreou Nasdaq. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.