Emergentes têm melhor mês desde janeiro e vários riscos à frente
Possíveis ventos contrários incluem o risco de o Fed voltar a uma postura mais restritiva e mudanças drásticas na Argentina e no Chile.
Agência de notícias
Publicado em 27 de novembro de 2023 às 11h12.
Última atualização em 27 de novembro de 2023 às 11h21.
As ações e moedas dos mercados emergentes caminham para o melhor mês desde janeiro, mas há riscos pela frente que podem reverter a alta.
Os possíveis ventos contrários nos próximos meses incluem o risco de o Federal Reserve (Fed, banco central americano) voltar a uma postura mais restritiva, mudanças econômicas drásticas na Argentina e outro referendo no Chile.
“A amplitude do movimento de novembro em todas as classes de risco foi extremamente forte, por isso espero alguma volatilidade”, disse Rajeev De Mello, gestor global da Gama Asset Management, em Genebra. Mesmo assim, ele espera que taxas reais positivas e posicionamento menos saturado darão suporte à tendência de alta dos ativos de mercados emergentes.
Mercados emergentes em alta
O índice MSCI de ações de mercados emergentessaltou 7,2% em novembro, e um indicador semelhante de moedas subiu 2,4%. Em ambos os casos, foram os maiores avanços desde janeiro.
Os catalisadores positivos incluíram o otimismo de que o Fed está próximo do fim de seu ciclo de aperto, e o recente encontro entre os presidentes Joe Biden e Xi Jinping foi interpretado como prenúncio de umalívio das tensões entre EUA e China.
A maioria dos analistas concorda que a principal ameaça aos emergentes seria uma mudança de humor do Fed. O mercado reduziu as apostas em aumentos de juros nos EUA após dados econômicos mais brandos do que o esperado, mas não seria necessário muito para que isso seja revertido.
Os juros futuros nos EUA sinalizam um ponto percentual de flexibilização até o final de 2024, o que pode se mostrar otimista se a inflação permanecer elevada.
“O principal risco para os mercados emergentes é, paradoxalmente, um fortalecimento persistente do crescimento econômico nos EUA, o que poderia levar o Fed a retomar a alta de juros, se combinado com uma inflação persistentemente elevada”, disse De Mello.
Chile e Argentina
Os desenvolvimentos políticos na América do Sul também podem criar turbulência.
O libertário Javier Milei obteve uma vitória esmagadora no segundo turno da eleição presidencial na Argentina em 19 de novembro, com promessas de campanha que incluíam a dolarização da economia e o fechamento do banco central.O PIB da Argentina teve contração de 2,8% no segundo trimestre, a queda mais profunda desde o pico da pandemia no início de 2020.
A plataforma de Milei, no geral, é a receita certa para tentar mudar a economia argentina, embora os riscos de execução sejam o maior desafio devido à representação limitada de seu partido no Congresso, disse Brendan McKenna, estrategista de mercados emergentes do Wells Fargo, em Nova York.
Mas Milei parece ter recuado de suas propostas mais radicais, pelo menos por enquanto, ao se afastar de assessores que defendiam suas ideias mais ousadas e escolher antigos veteranos de Wall Street para chefiar sua equipe econômica.
No Chile, haverá outroreferendo sobre mudanças na constituição em 17 de dezembro. Uma primeira tentativa foi rejeitada no ano passado.
“Acho que o referendo será rejeitado novamente, provavelmente por uma margem bastante ampla também”, e isso resultará em protestos e volatilidade nos mercados, disse McKenna.