Por que Elon Musk decidiu não entrar no conselho do Twitter (TWTR34)
O mercado está se questionando sobre as razões da renúncia do fundador da Tesla, e qual será o impacto nas ações do Twitter, que já perderam cerca de 12%.
Carlo Cauti
Publicado em 12 de abril de 2022 às 18h55.
Última atualização em 13 de abril de 2022 às 09h22.
Elon Musk disse "não, obrigado" à entrada no Conselho de Administração do Twitter (TWTR34) mesmo após ter adquirido um grande pacote de ações da rede social.
Musk se tornou o principal acionista da empresa, e com isso teria direito a entrar no conselho do Twitter a partir do dia 9 de abril. Mas isso não vai ocorrer mais.
A decisão é, portanto, unilateral e, aparentemente, sem muitas explicações.
O mercado está se questionando sobre quais as razões dessa renúncia, e qual será o impacto nas ações do Twitter.
Desde o dia da renúncia, os papéis da rede social já perderam cerca de 12%.
Os analistas não entendem também porque tanto o CEO do Twitter, Parag Agrawal, quanto o fundador, Jack Dorsey, já haviam parabenizado Musk por sua iminente entrada no conselho há alguns dias, salientando como essa operação seria importante para a empresa sob um perfil estratégico.
A reviravolta foi seguida pelo anúncio do CEO do Twitter, que demostra um certo constrangimento.
Twitter está morrendo?
Até o momento não foram divulgadas razões oficiais que explique a renúncia de Musk.
O CEO da Tesla (TSLA34) não explicou sua decisão. Apenas postou um tweet domingo à noite onde se limitou a postar um emoji com a mão em frente da boca.
Algumas horas depois ele publicou outro post listando as contas de Twitter mais seguidas no mundo (de Obama a Cristiano Ronaldo), escrevendo que "a maioria dessas contas top twittam raramente e publicam muito pouco conteúdo".
Em seguida perguntou "Twitter está morrendo?".
Relacionamento complicado de Musk com a rede social
Musk ingressou no Twitter em junho de 2009, acumulando 80,7 milhões de seguidores até o momento.
Apesar de sua popularidade, no entanto, provou ter uma relação de amor e ódio com a plataforma.
Em julho de 2016, Musk declarou seu amor pelo Twitter.
Mas em fevereiro de 2017 descreveu o aplicativo como "um lugar infernal cheio de haters".
Em dezembro de 2017, voltou a amá-la.
Em fevereiro de 2019, em resposta a Jack Dorsey, ele escreveu que "o Twitter arrasa" , mas já em julho de 2020 escreveu que o Twitter "é uma merda".
Isso, apenas alguns meses depois de escrever que Dorsey era uma pessoa de bom coração.
Sem explicações oficiais
Nem a nota de Agrawal aos funcionários explica sobre o motivo dessa renúncia.
"Acredito que esta decisão é a melhor", escreveu Agrawal no documento interno compartilhado no último domingo, "Haverá distrações à vista, mas nossos objetivos e prioridades permanecem inalterados."
A ideia mais comum, no momento, é que Musk tenha recusado uma vaga no conselho de administração para se manter livre para expandir sua participação no Twitter.
O CEO da Tesla comprou 9,2% das ações antes da abertura do mercado na segunda-feira, dia 4 de abril.
Um investimento de aproximadamente R$ 2,9 bilhões.
Ao ingressar no conselho, Musk estaria limitado a uma participação máxima de 14,9% na empresa por causa das regras do Twitter.
Isso significa que poderia ter comprado ações em, no máximo, outros 5,7%.
Ao se libertar de seu assento no conselho de administração, portanto, ele não tem mais limites para adquirir mais ações do Twitter.
Momento complicado para a rede social
Já hoje Musk é o maior acionista do Twitter em um momento muito delicado para a empresa.
A rede social está passando por uma grande fase de transição desde que Jack Dorsey deixou o cargo de CEO.
A entrada no conselho de Musk - o visionário mais bem avaliado em todo o Vale do Silício, e homem mais rico do mundo - foi recebida com algum entusiasmo pelos investidores.
A ação tinha subido mais de 25% com esta operação.
Também por isso há muita expectativa para entender como o mercado vai reagir.
Elon Musk e suas falas
As frases postadas por Musk poderiam não ser espontâneas. Mas quando se fala de empresas listadas, o impacto nas ações pode se tornar um problema para o fundador da Space X.
Não seria novidade: já aconteceu com a Tesla, com o título que muitas vezes reagiu a informações sensíveis divulgadas de forma pouco ortodoxa (se não abertamente contrária às regras) pelo próprio Musk.
A Security and Exchange Commission (SEC) já o sancionou no passado.
Só que nesse jogo, Musk nunca perde. Se a ação valoriza, seu patrimônio ganha valor. Se a ação se desvaloriza, cria boas condições para que ele possa comprar mais.
Em suma, o mundo pode dar voltas, as frases no Twitter podem gerar pânico, os mercados podem ficar irritados, a SEC pode até sancionar, mas Elon Musk vai acabar sempre lucrando.