Eletrobras dispara 7% e lidera os ganhos do Ibovespa com MP para privatização
Estatal confirmou ontem o recebimento de ofício do Ministério de Minas e Energia que informa sobre edição da medida provisória para tratar do seu processo de privatização
Paula Barra
Publicado em 24 de fevereiro de 2021 às 11h05.
Última atualização em 24 de fevereiro de 2021 às 11h29.
As ações ordinárias e preferenciais da Eletrobras (ELET3; ELET6) disparam 7,38% e 5,66%, respectivamente, nesta quarta-feira, 24, e lideram os ganhos do Ibovespa neste momento. Os papéis dão continuidade à forte alta registrada ontem de cerca de 13%. Os investidores reagem à medida provisória que busca acelerar a privatização da empresa e que foi entregue na véspera pelo governo federal ao Congresso Nacional.
Também na terça-feira, após o fechamento do pregão, a estatal confirmou o recebimento de ofício do Ministério de Minas e Energia (MME) que informa sobre a edição da medida provisória para tratar do seu processo de privatização.
O documento foi entregue pelo presidente Jair Bolsonaro e pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, além de outros membros do governo, aos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). Lira disse que pretende pautar o texto no plenário da Câmara já na próxima semana.
Apesar de apontarem que as últimas notícias são positivas para a companhia, os analistas do Credit Suisse ressaltaram que é importante neste momento ter uma leitura melhor do apoio político para o texto. "Temos um período de 120 dias para a votação da MP e ainda estamos aguardando ansiosamente o novo nome para CEO da empresa", comentaram.
O texto da MP se assemelha ao projeto de lei 5.877/2019, proposto pelo governo Bolsonaro ao parlamento em novembro de 2019.
Dentre as modificações, a Eletrobras informou, no fato relevante divulgado ontem, que a MP prevê a criação de golden shares -- que garante ao governo poder de veto em determinadas decisões da companhia mesmo se perder o controle majoritário. O texto traz também a inclusão de uma renovação antecipada da concessão da usina hidroelétrica de Tucuruí.
O governo estima conseguir levantar 50 bilhões de reais com a privatização da empresa. O cálculo foi feito com base em contrato de hedge de 10% do valor da garantia física (cobertura de risco hidrológico e perdas); custo médio ponderado do capital (WACC) de 7,2%; manutenção do preço estimado da energia de 155 reais entre 2022 e 2029 e de 167 reais entre 2030 e 2051; e um prazo de descotização de cinco anos.