Efeito manada explica alta das ações siderúrgicas, diz banco
Para HSBC, dias felizes da siderurgia na bolsa não voltaram
Da Redação
Publicado em 12 de setembro de 2012 às 09h37.
São Paulo – A euforia vista nas últimas semanas com as ações das siderúrgicas na bolsa tem fundamento, mas não deve se sustentar por muito tempo. Essa é a avaliação do HSBC em um relatório publicado nesta semana. Segundo os analistas do banco, o comportamento visto parece o de manada motivado pelo “aparente otimismo de que dias melhores virão”.
“Apesar de concordarmos com que a tempestade já tenha passado, em grande parte, dificilmente o céu estará azul à frente, principalmente no mercado de aços planos, o qual continua a apresentar excesso de oferta devido ao aumento da disponibilidade de produtos e redução do consumo”, ressalta o analista Jonathan Brandt.
A alta dos papéis do setor ganhou fôlego com a elevação do Imposto de Importação para 100 produtos, sendo que o setor siderúrgico foi um dos principais beneficiados. A medida tem validade por um ano, mas pode ser ampliada por mais um, de acordo com as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC). As alíquotas, que variavam entre 12% e 18%, passaram para 25% e vão valer para as compras fora do Mercosul. A medida se soma ao recente esforço do governo em manter a taxa de câmbio perto de 2 reais em relação ao dólar.
Manada
“Embora seja tentador seguir a manada e elevar a classificação da Usiminas ( USIM5 ), em nossa opinião, as estimativas do consenso são muito agressivas e o rebaixamento dos lucros representa sério risco”, destaca Brandt. Ele mantém a recomendação de alocação abaixo da média para a empresa, mas aumentou o preço-alvo para 10 reais. A ação terminou a terça-feira negociada a 9,95 reais.
Para o analista, a siderúrgica irá presenciar um aumento gradual na lucratividade, mas ela não será na rapidez que tem sido assumida nas projeções dos analistas do mercado e implícita no preço dos papéis. O HSBC avalia ter uma projeção de geração de caixa para 2013 aproximadamente 27% abaixo do mercado. Brandt projeta que se as medidas do governo tivessem em vigor há 12 meses a geração de caixa teria sido elevada em apenas 11%.
“A nosso ver, a Usiminas foi beneficiada recentemente por várias atualizações de recomendação sell-side e a percepção de que a queda dos preços das matérias primas representará aproximadamente o dobro da geração do Ebitda [Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização] em 2013”, diz o analista.
CSN
O banco também manteve a recomendação de alocação abaixo da média para a CSN ( CSNA3 ). O preço-alvo, contudo, caiu de 12 reais para 11 reais. Brandt lembra que 87% dos seus volumes já são vendidos no mercado doméstico. “Além disso, provavelmente a CSN será prejudicada no curto prazo pela queda dos preços do minério de ferro (a divisão de mineração responde por aproximadamente 50% do EBITDA), o que deve compensar qualquer benefício decorrente dessas medidas protecionistas”, diz o analista.
Gerdau
Mesmo sendo uma das menos afetadas pelas medidas protecionistas, a Gerdau é a principal recomendação do HSBC no setor. “Apesar da avaliação cara, continuamos a acreditar que a empresa está mais bem posicionada para capturar os gastos em infraestrutura no Brasil nos próximos anos. Também acreditamos que o mercado de aços longos apresenta melhor equilíbrio entre oferta/demanda”. Afirma Brandt.
As recomendações para a Gerdau ( GGBR4 ) e Gerdau Metalúrgica ( GOAU4 ) foram mantidas em neutra, com preços-alvo de 20,50 reais (de 17,50 reais) e 27 reais (de 22,50 reais), respectivamente.