‘Efeito Copa do Mundo’ impacta empresas do setor de saúde; veja quem sofre menos
Relatório do BTG Pactual afirma que há uma redução (ou um provável adiamento) nas frequências não emergenciais em hospitais e centros de diagnóstico durante o mundial
Karla Mamona
Publicado em 15 de setembro de 2022 às 13h31.
A tão esperada Copa do Mundo começa no dia 20 de novembro. Os jogos, que serão no Catar, terminarão no dia 18 de dezembro. O brasileiro, que tem paixão por futebol, vê sua rotina sendo alterada durante quase um mês. Muitas empresas liberam os empregados para assistirem as partidas com os familiares ou mesmo interrompem a sua atividade para assistir à seleção. É comum, nos dias de jogos do Brasil, que haja uma redução de movimentação em determinados lugares.
Um relatório divulgado pelo BTG Pactual analisou o impacto da Copa do Mundo no setor de saúde. Os analistas destacaram que ao contrário das edições anteriores, quando o evento ocorreu entre em junho e julho, disseminando assim os impactos econômicos no segundo e terceiro trimestre, este ano, a Copa do Mundo será no quatro trimestre, período que também coincide com férias, feriados e festas de final de ano.
Segundo os dados levantados pelo BTG, a última edição da Copa do Mundo realizada em apenas um único trimestre foi há 20 anos arás, em junho de 2002, na Copa do Japão e Coreia do Sul. Este ano, o evento tem 3 partidas da seleção brasileira marcadas em dias úteis: 24 de novembro (quinta-feira), 28 de novembro (segunda-feira), e 2 de dezembro (sexta-feira).
“Se o Brasil se classificar para a fase de mata-mata em 1º lugar em seu grupo, todas suas partidas restantes (até as finais) são em dias úteis. Neste cenário hipotético, isso significa o maior número de partidas disputadas pela seleção brasileira em dias de semana nas últimas quatro edições.”
Quem ganha e quem perde no setor de saúde?
Com o início da Copa do Mundo, o setor de saúde é um dos mais afetados. Ao analisar dados históricos de edições anteriores do evento esportivo, a equipe do BTG Pactual afirma que há uma redução (ou um provável adiamento) nas frequências não emergenciais em hospitais e centros de diagnóstico durante o mundial, beneficiando os índices de sinistralidade dos planos de saúde.
“Bradesco Saúde, Porto Seguro e OdontoPrev viram seus índices de sinistralidade caírem em meados de 2014 e de 2018. Muitos outros fatores certamente explicaram esses declínios, como a greve dos caminhoneiros em maio de 2018. Não estamos dizendo que foi apenas por causa da Copa do Mundo. Mas certamente teve impacto.”
Os analistas destacaram ainda que o quarto trimestre tem uma sazonalidade mais fraca para hospitais e laboratórios, já que as frequências tendem a desacelerar em dezembro. “Por isso, esperamos uma sazonalidade ainda pior para eles este ano.”
A equipe de analistas acredita que as operadoras de planos de saúde, como HapVida e OdontoPrev, devem ter performance superior à das prestadoras de serviços, como Rede D’Or (RDOR3), Fleury (FLRY3), Mater Dei (MATD3), Dasa (DASA3) e Kora Saúde (KRSA3).
“Oobjetivo deste relatório é lançar luz sobre quem devem ganhar força durante a Copa do Mundo.”Eles destacam ainda que apesar de alguns pequenos impactos na Qualicorp historicamente, não há grandes evidências de uma desaceleração substancial na venda de novos planos. Entretanto, ao analisar os dados históricos nota-se uma redução (ou provável adiamento) de frequências de centros de diagnóstico durante a Copa do Mundo, beneficiando as taxas de sinistralidade, ao menos temporariamente.
“O quarto trimestre geralmente é um trimestre sazonalmente fraco para hospitais e laboratórios, pois as frequências tendem adesacelerar durante as férias de verão em dezembro. Por isso, esperamos ainda pior sazonalidade para hospitais e laboratórios este ano. Tratamentos de emergência e de pacientes crônicos não podem ser adiados, mas os procedimentos eletivos costumam ser, como a maioria das cirurgias.”
O Fleury, por exemplo, reportou que segundo trimestre de 2014 e 2018 e terceiro trimestre de 2018 que o efeito “copa do Mundo” prejudicou as frequências durante esses trimestres.“Houve uma clara desaceleração no número de exames por unidade notrimestres citados. Mais uma vez, não estamos dizendo que os números refletem exclusivamente os efeitos da Copa do Mundo, mas obviamente teve um impacto.”