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Economista que previu a crise de 2008 alerta para bolha e risco de correção no mercado de ações

S&P 500 já subiu 23% neste ano, mas David Rosenberg afirma que o mercado está sobrevalorizado e próximo de uma correção significativa

Traders work on the floor of the New York Stock Exchange (NYSE) in New York, U.S., on Wednesday, April 25, 2018. Amazon.com Inc. and Google parent Alphabet Inc. won't trade for the rest of the day at the New York Stock Exchange, which is not a scary prospect because they're listed by Nasdaq Inc. and seem to be trading just fine there and on other markets. Photographer: Michael Nagle/Bloomberg via Getty Images (Michael Nagle/Bloomberg via/Getty Images)
André Lopes

Repórter

Publicado em 19 de outubro de 2024 às 08h30.

Última atualização em 19 de outubro de 2024 às 09h07.

O economista David Rosenberg, fundador da Rosenberg Research, emitiu um alerta para investidores, sugerindo cautela diante da alta do índice S&P 500, que jásubiu 23% neste ano. Rosenberg, que ganhou notoriedade por prever a recessão de 2008, afirmou em notas recentes que o mercado de ações atual é movido por momentum, ou seja, por uma tendência de alta impulsionada pela demanda, mas sem sustentação em fundamentos econômicos sólidos.

Em nota publicada no dia 9 de outubro, Rosenberg classificou o cenário como "a mãe de todos os mercados de ações movidos por momentum ", alertando que o estouro dessa bolha será "espetacular". Para ele,este não é o momento para seguir a mentalidade de manada— quando investidores agem em grupo, sem avaliar os riscos.

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O economista baseia suas preocupações em três indicadores que estão muito acima da média histórica: o posicionamento dos investidores em ações, as altas valorizações do mercado e o otimismo exagerado no sentimento dos investidores. Esses fatores, segundo Rosenberg, indicam um mercado sobreaquecido e próximo de uma correção.

S&P 500 está 25% acima de seu valor justo, diz Rosenberg

Um dos indicadores que sustenta a visão de Rosenberg é a participação de ações na composição dos ativos das famílias, que atualmente supera 40%, um nível visto apenas durante a bolha das dot-com, empresas de tecnologia, no início dos anos 2000. Para ele, o mercado estápelo menos 25% acima do valor sugerido pelos fundamentos. Ele explica que, se a alta fosse justificada por um crescimento real nos lucros das empresas, o índice estaria em torno de 4.600 pontos, e não nos atuais 5.751.

Outro fator citado por analistas são os índices de valoração, como o Shiller CAPE, que ajusta a relação entre preço e lucro das ações ao ciclo econômico, e o Wilshire 5000-to-GDP, que compara o valor de todas as ações negociadas com o Produto Interno Bruto. Esses indicadores mostram uma clara sobrevalorização do mercado.

Previsão de recessão ainda é uma possibilidade real

Mesmo com a alta do mercado, Rosenberg permanece pessimista em relação à economia. Ele apontou que, apesar de o relatório de empregos de setembro ter superado as expectativas, esse foi um caso isolado em uma tendência geral de enfraquecimento. O economista acredita que os sinais de desaceleração, como o aumento da taxa de desemprego e a queda no número de vagas e contratações, ainda são fortes indicadores de que uma recessão está à frente.

O Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, reagiu a essa desaceleração cortando as taxas de juros em 50 pontos-base em setembro, mas permanece a dúvida se a economia está iniciando um novo ciclo de crescimento ou se entrará em recessão devido às taxas elevadas de juros.

"Não é hora de ser ganancioso", diz Rosenberg, citando J.P. Morgan

Rosenberg reforçou a importância de preservar o capital diante de um mercado tão volátil. Citando uma frase atribuída a J.P. Morgan, magnata bancário do início do século 20, ele afirmou que o segredo do sucesso está em capturar ganhos durante a fase intermediária de um ciclo de alta, e não tentar comprar na baixa e vender na alta. "Já passamos desse ponto", concluiu ele.

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