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Donas da Ozempic e Mounjaro dobram de tamanho em um ano e superam valor de todo o mercado brasileiro

Forte alta das ações coloca farmacêuticas entre as empresas mais valiosas do mundo; Novo Nordisk já é a maior da Europa e a Eli Lilly, a segunda maior dos EUA fora do setor de tecnologia

Ozempic: Novordisk projeta crescimento de receita para este ano (Carsten Snejbjerg/Bloomberg via/Getty Images)

Ozempic: Novordisk projeta crescimento de receita para este ano (Carsten Snejbjerg/Bloomberg via/Getty Images)

Guilherme Guilherme
Guilherme Guilherme

Repórter de Invest

Publicado em 26 de fevereiro de 2024 às 16h15.

Última atualização em 26 de fevereiro de 2024 às 16h16.

Resistir às tentações do paladar e emagrecer nunca foi tão fácil. Essa é uma realidade ao menos se você tiver alguns milhares de reais para investir em tratamentos a base de remédios como Ozempic, da dinamarquesa Novo Nordisk, e Mounjaro, da americana Eli Lilly. Criados para o tratamento de diabetes, esses medicamentos têm mostrado eficácia no combate à obesidade, o que tem feito as vendas explodirem. 

O Ozempic foi lançado em 2017, mas sua popularização como alternativa a outros remédios de emagrecimento é recente. Em um ano, as vendas do Ozempic dispararam 60% no mundo para cerca de US$ 14 bilhões. O Mounjaro, lançado em 2022 como uma versão mais eficaz (e mais cara do Ozempic), se tornou em pouco tempo o medicamento mais vendido da Ei Lilly. Somente com o remédio, a companhia faturou US$ 2,2 bilhões no quarto trimestre, equivalente a quase 10 vezes o valor registrado no mesmo período de 2022.

Mas a febre pelos medicamentos que fazem emagrecer não ficou restrita às farmácias. No mercado financeiro, poucas ações se tornaram tão desejadas quanto as da Eli Lilly e Novo Nordisk. Em um ano, elas tiveram respectivas altas de 150% e 75%.

Com a alta das ações, a Eli Lilly se tornou a segunda empresa americana mais valiosa fora do setor de tecnologia, atrás apenas da Berkshire Hathaway, com US$ 737 bilhões de valor de mercado. A Eli Lilly, inclusive, superou a Tesla, avaliada em US$ 630 bilhões. Já a Novo Nordisk se tornou a maior empresa da Europa, com US$ 551,85 bilhões de valor de mercado. Juntas, ambas companhias já são maiores do que todo o mercado de ações brasileiro, avaliado em US$ 932,3 bilhões e composto por 377 companhias. 

Projeções de crescimento

Ainda que seja incerto definir qual tamanho essas empresas terão no futuro, ao que tudo indica, o pico ainda não foi atingido, ao menos do lado da venda. Para este ano, a Novo Nordisk espera aumentar suas vendas entre 18% e 27%, com o faturamento sendo puxado por produtos contra a obesidade, como o Ozempic. O crescimento poderia ser ainda maior, segundo a companhia, se não fossem restrições de abastecimento e escassez de medicamentos. “A Novo Nordisk está investindo em capacidade interna e externa para aumentar a oferta tanto no curto como no longo prazo”, informou. 

Na Eli Lilly, a perspectiva é de um aumento de receita perto de 20%, com faturamento encerrando 2024 perto de US$ 41 bilhões. O crescimento, de acordo com a empresa, deverá ser puxado por produtos como o Mounjaro. Assim como a Novo Nordisk, a oferta não tem conseguido atender à demanda e a empresa está correndo para aumentar a capacidade de produção. Mas, segundo a Eli Lilly, a demanda deverá continuar acima da oferta neste ano, o que deve manter os preços elevados. 

Ação ficou cara?

De acordo com analistas, no entanto, as ações de ambas as já estariam próximas do valor justo. Pelo preço-alvo médio de 24 analistas compilados pela Nasdaq, a Eli Lilly ainda teria um potencial de valorização de apenas 2%, e de 22% pela perspectiva mais otimista. Já a Novo Nordisk já estaria 6,5% acima do preço-alvo médio de 13 analistas e apenas 12% abaixo da projeção mais otimista do mercado. 

Com o potencial de valorização mais baixo que de outrora, investidores estão ávidos à procura de uma nova empresa que pode surgir como alternativa mais barata. O potencial desse mercado já chamou a atenção das gigantes Roche e AstraZeneca. Mas, nesse contexto, a também farmacêutica dinamarquesa Zealand Pharma tem ganhado destaque. 

Nesta segunda-feira, 26, os papéis da Zealand saltaram 30%, após ter demonstrado sucesso no tratamento de doenças hepáticas, também usada para testar a eficácia no tratamento contra a obesidade. A empresa, bem menor que suas concorrentes, vale cerca de US$ 4,3 bilhões. O tamanho, bem menor que o de seus concorrentes, pode significar um grande potencial de crescimento, mas também o risco de ser engolido nesse mercado cada vez mais dominado por gigantes.

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