Dólar vai às mínimas em quase 7 meses e fecha a R$ 5,107
Moeda brasileira ainda está descontada frente à americana, mas analistas alertam que valorização do real pode estar perto do limite
Reuters
Publicado em 21 de fevereiro de 2022 às 18h32.
Última atualização em 21 de fevereiro de 2022 às 18h35.
O dólar comercial começou a semana em queda e no menor patamar em quase sete meses frente ao real. A moeda brasileira ostentou o melhor desempenho global contra o dólar nesta segunda-feira, 21, beneficiada pela contínua rotação de fluxos em prol de mercados de juros mais altos -- caso do Brasil --, num movimento aparentemente inabalado pela crise geopolítica que envolve a Rússia.
O dólar à vista fechou em queda de0,64%, a 5,107 reaisreais. É o menor valor desde a cotação de 5,0795 reais em 29 de julho do ano passado.
Ao longo desta sessão, o dólar variou de 5,156 reais (+0,28%) a 5,0753 reais (-1,29%).
No acumulado do mês de fevereiro, a divisa cai 3,77%, aprofundando o recuo no acumulado de 2022 para 8,39%. Com isso, além da melhor performance nesta sessão, o real é a moeda que mais ganha contra o dólar na parcial do mês e do ano.
O dia foi de nova valorização das commodities, incluindo o minério de ferro, um dos principais produtos da pauta de exportação do Brasil, o que ajuda a elevar os termos de troca (razão entre preços de exportação e importação), melhorando os fundamentos da taxa de câmbio.
A sessão foi mista entre as moedas emergentes pares do real, e a brasileira mais uma vez se destacou, com fluxos de caça a pechinchas a ativos vistos com potencial de valorização, em dia de feriado nos EUA.
Pelos cálculos do Goldman Sachs, apesar da valorização recente, o real segue como uma das divisas com maior desconto, de quase 30% com base em um modelo de taxa de câmbio de equilíbrio do banco, sobretudo considerando a taxa real de juros embutida para um ano, não distante de 10%.
Essa combinação deixa a moeda brasileira em posição de ainda maior blindagem em meio à crise geopolítica que tem nocauteado o rublo russo e "divisas satélites europeias". De acordo com o Goldman Sachs, pelos modelos o real seria a quarta moeda mais vulnerável à desvalorização do rublo, mas o que se vê neste ano é a taxa de câmbio se apartando do histórico e servindo de "hedge" para a turbulência nos mercados do país euroasiático.
Não por acaso, o real segue atraindo apostas de alta. Especuladores que operam na Bolsa Mercantil de Chicago (CME) fizeram na semana encerrada na terça-feira passada nova compra líquida de contratos de real, levando as apostas favoráveis à moeda brasileira ao maior patamar em cinco anos.
Contudo, esse movimento pode estar próximo do limite, alertaram estrategistas do Citi. "A sazonalidade é menos favorável para a adição de posições 'compradas' em reais na segunda quinzena de fevereiro", disseram os profissionais em nota, mantendo, porém, as apostas já em curso.
* Com a redação