Dólar tem maior alta em 2 semanas; Ibovespa cai mais de 1%
Moeda norte-americana terminou em alta de 0,86%, a R$ 3,8570, devido a ruídos sobre reforma da Previdência. Queda da bolsa foi puxada por ações da Petrobras
Reuters
Publicado em 11 de abril de 2019 às 17h16.
Última atualização em 11 de abril de 2019 às 17h59.
São Paulo — O dólar mais do que recuperou a queda da véspera ao fechar em firme alta ante o real nesta quinta-feira, 11, impulsionado pelo ambiente menos amigável a moedas de risco no exterior e por sinais de que a articulação política do governo em prol da reforma da Previdência segue frágil e alvo de críticas.
O dólar à vista terminou em alta de 0,86%, a R$ 3,8570 na venda. Na véspera, a cotação havia recuado 0,78 %, para R$ 3,8240.
A valorização desta quinta-feira é a mais intensa em cerca de duas semanas. E o patamar do dólar é o mais elevado desde sexta-feira da semana passada. Na B3, a referência do dólar futuro subia 0,80 por cento, a 3,8610 reais.
"A percepção do mercado é que a ampulheta virou", disse Arnaldo Curvello, sócio-diretor na Ativa Wealth Management. "Você tinha todo o tempo a seu favor, com confiança no governo, boa vontade de todos. Mas agora está claro que estamos mesmo correndo contra o tempo", acrescentou.
Declarações do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), do ministro da Economia, Paulo Guedes, e do líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), geraram incômodo ao mercado.
Por ora, agentes financeiros dizem que os debates no mercado ainda se restringem ao campo da desidratação da reforma, mas que à medida que o tempo passa e a comunicação do governo não melhora o risco é os preços começarem a se ajustar a um cenário de "não reforma".
O investidor estrangeiro, porém, segue mais cético. "Continuamos de lado em relação aos ativos brasileiros", disseram estrategistas do Citi em nota a clientes. Os profissionais preferem evitar "potencial volatilidade do mercado" quando o texto da reforma previdenciária for debatido na comissão especial no Senado.
Nesta quinta-feira, o movimento do câmbio local foi influenciado ainda pelo ambiente externo, onde várias divisas de risco perdiam terreno para o dólar. Com reação intensificada por questões idiossincráticas, o real teve o terceiro pior desempenho entre 33 pares do dólar, melhor apenas que lira turca e peso colombiano.
Bolsa
O Ibovespa encerrou em queda, pressionado pela queda das ações da Petrobras e do setor bancário, em dia de maior aversão ao risco no exterior e cena política doméstica relativamente tranquila.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovesparecuou 1,19 por cento, a 94.814,27 pontos, de acordo com dados preliminares. O giro financeiro somava 10,67 bilhões de reais.
Para o analista da corretora Genial Filipe Villegas, a queda do índice foi orientada pela falta de notícias quanto à Previdência e pelo declínio dos preços do petróleo no exterior.
"A cautela sobre a Previdência sempre vem acompanhada de uma realização de lucros em algum ponto e isso define bastante o dia, principalmente em relação aos papeis bancários", acrescentou.
Destaques
- PETROBRAS PN perdeu 2,71 por cento e PETROBRAS ON teve queda de 1,3 por cento, acompanhando a queda dos preços do petróleo no exterior.
- BRADESCO PN desvalorizou-se 1,6 por cento, enquanto ITAÚ UNIBANCO PN recuou 2,3 por cento, em reação ao cenário de maior cautela no exterior e contribuindo para o viés negativo do Ibovespa.
- BR MALLS recuou 3,6 por cento, MULTIPLAN caiu 2,6 por cento e IGUATEMI desvalorizou-se 1,8 por cento, tendo de pano de fundo relatório do Morgan Stanley sobre o setor de shopping centers na América Latina, citando potenciais efeitos negativos de aplicativos de entrega e de transporte compartilhado.
- B2W subiu 5,32 por cento, figurando entre as maiores altas do Ibovespa, em meio de notícias de que a varejista, assim como a Magazine Luiza, está considerando uma potencial aquisição da rival online Netshoes.
- BRASKEM ganhou 3,44 por cento, interrompendo a sequência de quatro sessões consecutivas de perdas. Os papeis da companhia vinham caindo depois que a Justiça de Alagoas determinou na semana passada bloqueio cautelar de até 100 milhões de reais da empresa, em ação para garantir eventuais indenizações à população afetada por fenômeno geológico ocorrido em bairros próximos à área de extração de salgema na capital alagoana.