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Dólar comercial fecha em R$ 4,72 após OMS declarar pandemia

Aumento de aversão a risco faz moeda americana disparar frente a divisas de países emergentes

Dólar: Moeda registrou maior depreciação frente ao real no pregão de terça-feira (Oleg Golovnev / EyeEm/Getty Images)
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Guilherme Guilherme

Publicado em 11 de março de 2020 às 09h15.

Última atualização em 18 de março de 2020 às 13h39.

São Paulo - O dólar comercial encerrou em alta de 1,614% para 4,7207 reais nesta quarta-feira (11), segunda cotação mais elevada da história, perdendo apenas para a de segunda-feira 9, quando fechou a 4,7256 reais. A moeda americana chegou a bater 4,75 reais na máxima do dia, logo após a Organização Mundial de Saúde decretar pandemia de coronavírus. Pela manhã, no entanto, havia sido negociada na casa dos 4,63 reais com a intervenção do Banco Central que fez leilão de swap de 1 bilhão de dólares.

Não fosse o bastante,a base militar iraquiana Taji, que abriga soldados americanos, foi atacada por 10 foguetes.Segundo Pablo Spyer, diretor de operações da Mirae Asset, a notícia aumentou ainda mais a aversão à risco. "Infelizmente, é uma mudança de cenário radical. Somado à briga da Rússia com a Arábia Saudita [relacionada a petróleo], isso forma uma tempestade perfeita", afirmou.

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O executivo se refere ao fato de que o ministério de energia da Arábia Saudita mandou a Saudi Aramco aumentar a capacidade de produção em 1 milhão de barris por dia, o que já mostra que o país já deu início ao programa de derrubar preço e aumentar a produção.

Além disso, o mercado esperava que o governo Trump fosse anunciar medidas mais específicas, "mas acabou divulgando algo mais macro, o que decepcionou os investidores", explica Rodrigo Franchini, sócio da Monte Bravo.

A corrida eleitoral americana adiciona um fator de incerteza a esse cenário já tumultuado. Isso porque o candidato democrata Joe Biden tem ganhado força. "É claro que Biden é melhor do que [Bernie] Sanders em relação à postura pró-mercado. Mas, segundo os investidores, o Trump é pautado pelo viés econômico", o que explicaria a torcida pelo atual presidente dos Estados Unidos e candidato pelo partido Republicano.

"Você joga um gato no telhado, ele quica e cai de novo. Foi assim que o dólar caiu ontem dólar. Estava tendo um ajuste, mas a trajetória segue a mesma, o cenário segue o mesmo. Todo mundo em compasso de espera com relação como os bancos centrais vão ajudar. Aqui no Brasil pode aprovar reforma que quiser que com esse cenário externo do jeito que está não tem a mínima chance do fluxo vir pra cá". afirma Fernando Bergallo, diretor de câmbio da FB Capital.

Ele acrescenta que o mercado está totalmente voltado para o cenário externo (Copom/Selic), os rumores começaram quando o FED, o banco central americano, cortou a taxa de juros em 0,5 pp.  "Se cortar 0,5 aqui também, o céu é o limite paro dólar. Agora, se não cortar, vai trazer algum alento. O corte de 0,25 já está sendo precificado", afirma Fernando Bergallo, diretor de câmbio da FB Capital.

Mercado doméstico

Recentemente, as atuações do BC no mercado de câmbio têm se tornado rotineiras. Desde o início da semana, os leilões da autarquia já totalizam cerca 6,6 bilhões de dólares. No mercado, a percepção é a de que esse tipo de medida tem sido usado para dar maior liquidez.

Segundo Vanei Nagem, dúvidas quanto ao possível corte de juros no encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) na próxima semana adicionam volatilidade ao mercado de câmbio. "Está muito confuso. Cada um faz uma leitura do que vai acontecer e coloca em prática", comentou.

No mercado, as opiniões sobre o que acontecerá com a taxa Selic estão longe de ser um consenso e variam entre a permanência em 4,25% ao ano até um corte de 0,5 ponto percentual.

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